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Blinken chega a Israel para negociar cessar-fogo em troca de reféns no meio de escalada contra o Hezbollah

22/10/2024 05h59

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, aterrissou em Tel Aviv na manhã desta terça-feira (22) para um novo giro pelo Oriente Médio com o objetivo de tentar obter um cessar-fogo na Faixa de Gaza em troca da libertação dos reféns. Blinken chega à região em um contexto tenso após declarações do Hezbollah que diz ter disparado foguetes contra várias posições em Israel, incluindo uma base naval e uma base de inteligência militar perto de Tel Aviv.

Os ataques ocorreram no dia seguinte a uma noite tensa no Líbano, onde os subúrbios do sul de Beirute foram novamente alvo de bombardeios israelenses, que deixaram quatro pessoas mortas, incluindo uma criança, em ataques perto de um hospital público, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. A mídia pública libanesa contabilizou 13 ataques israelenses no sul da capital na noite de segunda-feira, incluindo um muito próximo ao aeroporto.

Antony Blinken chegou a Israel nesta terça-feira (22) como parte de sua décima-primeira viagem ao Oriente Médio, programada para durar até 25 de outubro. Ele deve se encontrar com o presidente israelense Isaac Herzog e com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ainda nesta terça. Em seguida, Blinken deve visitar vários países árabes da região.

A nova missão diplomática do secretário de Estado norte-americano ocorre quase um mês depois que o conflito se espalhou para o Líbano, com ataques israelenses em massa contra o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã

Blinken deve se encontrar com Netanyahu, mas, faltando duas semanas para a eleição presidencial norte-americana, a Casa Branca enfatizou que não estava em posição de dizer se "as negociações serão retomadas" com vistas a uma trégua em Gaza.

O secretário de Estado também pretende desencorajar os israelenses, que preparam uma resposta ao Irã pelo ataque de mísseis de 1º de outubro, contra qualquer ação que possa inflamar ainda mais a região, de acordo com uma autoridade norte-americana que acompanha a missão.

300 alvos atingidos e bunker com "milhões de dólares"

Antes de sua chegada, o enviado dos EUA, Amos Hochstein, garantiu a Beirute na segunda-feira que Washington estava trabalhando para resolver o conflito no Líbano "o mais rápido possível". O Exército israelense anunciou, então, que havia atingido cerca de 300 alvos do Hezbollah em 24 horas, depois de estender sua ofensiva contra o grupo islâmico, atacando seu sistema financeiro.

As Forças Armadas de Israel anunciaram a morte, na Síria, de um oficial sênior encarregado das "transferências de fundos do Hezbollah" e alegaram ter atacado um bunker do grupo xiita que continha "dezenas de milhões de dólares". Anteriormente, o Exército de Netanyahu havia declarado ter atingido cerca de 30 alvos ligados à organização financeira Al-Qard al-Hassan, próxima ao Hezbollah, contra a qual iniciou ataques em todo o Líbano no domingo (20).

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou os "danos consideráveis às instalações civis" causados pelos ataques à Al-Qard al-Hassan. Sujeita a sanções dos EUA, a instituição financeira faz parte da rede de associações, escolas e hospitais criada pelo Hezbollah para consolidar sua influência na comunidade xiita.

Pelo menos 1.489 pessoas foram mortas no Líbano desde 23 de setembro, quando os ataques israelenses se intensificaram, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Em meados de outubro, a ONU contabilizou cerca de 700.000 pessoas deslocadas no país, enquanto o Exército israelense lançou operações terrestres em 30 de setembro no sul do Líbano, afirmando querer neutralizar o Hezbollah no local para permitir o retorno de cerca de 60.000 habitantes do norte de Israel, deslocados por seus incessantes disparos de foguetes no ano passado.

Ajuda humanitária a Gaza 

De acordo com Hochstein, os Estados Unidos querem resolver esse conflito com base na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que pôs fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006 e estipula que as forças armadas não estatais devem se retirar do sul do Líbano, onde o movimento islâmico mantém sua presença.

Por sua vez, Teerã advertiu os Estados Unidos na segunda-feira que seria "totalmente responsável" e "cúmplice" em caso de "agressão" por parte de Israel. O novo sistema norte-americano de defesa antimísseis, anunciado por Washington para proteger seu aliado, já está "em funcionamento" em Israel, de acordo com o Pentágono.

Depois de Israel, Antony Blinken deve viajar para a Jordânia na quarta-feira (23) para discutir a ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Desde 6 de outubro, o exército israelense vem realizando uma ofensiva devastadora contra o Hamas no norte do território palestino, onde pelo menos quatro pessoas morreram em bombardeios na segunda-feira, de acordo com a Defesa Civil.

Dezenas de milhares de habitantes de Gaza fugiram da área, que foi cercada pelas tropas israelenses. "Havia bombas de fumaça e granadas sonoras, fugimos com nossos filhos sem levar nada conosco", disse Shaima Naseer, uma mulher de 30 anos que se refugiou na Cidade de Gaza, com sua filha de nove meses nos braços.

O Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, declarou que continuará a lutar apesar da morte de seu líder, Yahya Sinouar, o mentor do ataque de 7 de outubro de 2023, que foi abatido em 16 de setembro pelo Exército israelense.

(Com AFP)

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