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'Se for solto, volta a matar', diz pesquisadora do Maníaco do Parque

do UOL

do UOL, em São Paulo

21/10/2024 05h30

"Ele não é um preso comum. É mau, é perverso e não vai parar." Foi assim que Thais Nunes, jornalista responsável pela pesquisa investigativa do documentário "Maniaco do Parque: a história não contada", que estreia dia 1º de novembro no Prime Vídeo, definiu o assassino em série Francisco de Assis Pereira.

Preso em agosto de 1998, Francisco fez 11 vítimas, todas mulheres. Condenado, ele pegou 268 anos de cadeia, mas, como não há prisão perpétua no Brasil, ele pode ser solto em 2028, quando completar 60 anos e 30 de cadeia.

Nunes e seu time passaram três anos investigando a história do criminoso, mergulhadas nos processos no Tribunal de Justiça. "Esse crime gerou uma paranoia coletiva. Francisco ficou quase 30 dias foragido e acredito que foi a única vez que o Brasil se deparou com um assassino em série. Ele era midiático e seus crimes são os mais lembrados pelos brasileiros, de acordo com uma pesquisa que fizemos", diz.

A ideia da produção é restabelecer a memória das mulheres que foram vítimas, que sempre foram tratadas como se tivessem uma parcela de culpa.

"Quando entrei na casa do pai de umas das vítimas, ele disse que tinha me esperado por 25 anos. Trouxe uma fita VHS que guardou todo esse tempo com uma reprodução simulada da morte de sua filha, baseada na versão de Francisco", diz Thais. No conteúdo, essa mulher foi descrita como alguém que o seduziu, que houve troca de flertes.

Nas palavras do pai, doía muito ver a filha retratada como uma idiota, uma mulher fácil. Foi muito emocionante ouvi-lo. É uma responsabilidade imensa trazer para tela suas palavras, Thais Nunes, jornalista responsável pela pesquisa investigativa do documentário "Maníaco do Parque: a história não contada"

Áudios inéditos

Muito se sabe sobre a história do Maníaco do Parque, mas Thais teve acesso a áudios inéditos, de depoimentos de Francisco, para construir o documentário. "Espero que as revelações nos façam refletir sobre essa soltura iminente dele", diz.

A pesquisadora revela que Francisco admite que não tem condições de sair da cadeia. "Ele não é o Don Juan do Brás, como a imprensa disse algumas vezes. É perverso, tem um transtorno gravíssimo. É mentiroso, um grande manipulador", diz.

Em alguns áudios, segundo Thais, Francisco admite que não pode sair da cadeia. "Ele diz que não pode. Ele tem noção que não consegue controlar seus instintos, não tem empatia ou qualquer emoção. Vai atrás de seu prazer a qualquer custo", diz Thais. A pesquisadora afirma também que ele estava a um passo do canibalismo quando foi preso.

"Ele próprio disse para os psiquiatras que estava com indícios de canibalismo e que provavelmente iria evoluir para antropofagia, algo que já tinha começado. Se ele sair, não tenho a menor dúvida de que volta a matar", diz Thais.

Em todos esses anos em que ficou preso, ele não teve acompanhamento psiquiátrico. "Ele passou 30 anos preso sem acompanhamento mental. Não é aceitável e não podemos conceber isso. Ele não toma nenhum remédio controlado, não faz acompanhamento contínuo. Ninguém sabe como está sua mente", reforça Thais. Sua esperança é que o documentário traga essa reflexão.

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