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'Não percamos tempo': começa na Colômbia a COP16 para proteção da biodiversidade

21/10/2024 08h51

A 16ª edição da maior conferência mundial sobre proteção da natureza começou oficialmente nesta segunda-feira (21) em Cali, na Colômbia, onde 196 países se reúnem até 1º de novembro para chegar a um consenso sobre um calendário para a preservação da natureza até 2030.

A reunião de duas semanas dos delegados dos Estados-membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) ocorre sob estritas medidas de segurança nesta cidade do sudoeste colombiano, em alerta máximo após ameaças de um grupo guerrilheiro. 

"Não vamos nos distrair, o planeta não pode se dar ao luxo de perdermos tempo (...) Teremos que entrar em um acordo para que essa COP seja bem-sucedida", expressou a ministra de Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, durante a cerimônia de abertura da conferência. 

Muhamad assumiu a presidência da cúpula e apresentou uma réplica da famosa escultura de Fernando Botero, "A Pomba da Paz", ao seu antecessor, o ministro chinês de Ecologia e Meio Ambiente, Huang Runqiu.

"Temos que cumprir com as promessas formuladas (...) Não apenas na questão do financiamento", antecipou a ministra colombiana.

Cerca de 23 mil pessoas, incluindo uma dúzia de chefes de Estado e uma centena de ministros se credenciaram para comparecer à edição mais concorrida da COP, segundo os organizadores.

- Tarefas pendentes -

Na COP15, realizada em 2022 em Montreal, os países participantes se comprometeram a declarar 30% de seus solos e mares como áreas de preservação até 2030. Mas a maioria está atrasada.

Apenas 8,4% dos oceanos do mundo foram designados como Área Marinha Protegida, segundo um relatório divulgado pelo Greenpeace nesta segunda-feira.

"Estamos a seis anos do final de 2030 e o progresso em direção à meta de proteger 30% dos oceanos do mundo é quase nulo. Nesse ritmo, não alcançaremos esse objetivo até o próximo século", alertou Megan Randles, assessora de política pública do Greenpeace.

No domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou às partes para que façam um "investimento significativo" no Fundo Marco Global para a Biodiversidade (GBFF).

O GBFF foi criado em 2023 para ajudar os países a alcançar os objetivos do chamado Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, que consiste em 23 metas para "deter e reverter" a perda de biodiversidade até 2030.

Mas até agora, apenas 35 dos 196 países apresentaram diretrizes para cumprir esses objetivos, segundo a CDB. Espera-se que outros tantos apresentem esse documento durante a cúpula.

Há progresso, "mas não na velocidade que precisamos", disse a secretária-executiva da CDB, Astrid Schomaker.

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que mantém uma lista vermelha de animais e plantas ameaçadas, mais de um quarto das espécies avaliadas pela organização correm risco de extinção.

Os países também se comprometeram a aportar cerca de 250 milhões de dólares (R$ 1,4 bilhão, na cotação atual) ao GBFF, segundo as agências que supervisionam o processo.

Essas contribuições fazem parte de um acordo mais amplo para que os países mobilizem pelo menos 200 bilhões de dólares (R$ 1,1 trilhão) ao ano até 2030 para a biodiversidade, incluindo 20 bilhões de dólares anuais (R$ 114,1 bilhões) até 2025 das nações ricas para ajudar os países em desenvolvimento.

- Guerrilha faz ameaça -

Sob o lema "Paz com a natureza", a cúpula tem a tarefa urgente de conceber mecanismos de monitoramento e financiamento que garantam o cumprimento dos objetivos definidos pela ONU. 

No entanto, a maior facção dissidente da extinta guerrilha das Farc, o Estado-Maior Central (EMC), está em guerra contra o governo e pretende obstruir o evento, em meio a um conflito armado interno de seis décadas que deixou mais de 9 milhões de vítimas. 

Quase 11 mil policiais e soldados colombianos, apoiados por pessoal de segurança da ONU e dos Estados Unidos, foram mobilizados em Cali.

Os delegados buscarão fechar mecanismos de acordo para compartilhar os lucros obtidos a partir de informações genéticas de plantas e animais.

Este material genético frequentemente vem de países de baixa renda e, a partir dele, laboratórios farmacêuticos elaboram medicamentos que podem significar dezenas de milhões de dólares em ganhos, segundo estimativas científicas.

A Colômbia é um dos países com maior biodiversidade do mundo e Petro fez da proteção ambiental uma bandeira de seu governo. 

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© Agence France-Presse

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