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Lula diz que não vai bater boca e que era obrigação de Nunes podar árvores

19.out.2024 - Guilherme Boulos (PSOL) e Lula (PT) em live após o cancelamento do ato de campanha em São Paulo - Reprodução/YouTube/Lula
19.out.2024 - Guilherme Boulos (PSOL) e Lula (PT) em live após o cancelamento do ato de campanha em São Paulo Imagem: Reprodução/YouTube/Lula
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Do UOL e em colaboração para o UOL, em São Paulo

19/10/2024 13h57Atualizada em 19/10/2024 15h09

Em uma live marcada às pressas com o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), o presidente Lula (PT) disse que não quer "ficar batendo boca" com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ricardo Nunes (MDB) sobre a responsabilidade do apagão enfrentado pelos paulistanos na última semana.

O que aconteceu

Lula afirmou que "brigas políticas" serão feitas depois, mas não deixou de alfinetar Nunes. "Todo prefeito e todo vereador sabem que toda vez que chove tem problema de árvore. Era obrigação do prefeito ter podado. Não podou porque não olha para cima", disse.

As críticas do presidente seguiram o mesmo tom adotado por Boulos nos últimos dias em relação ao apagão. O psolista tem dito que a queda de energia na cidade tem "um pai e uma mãe", se referindo a Nunes e a Enel, concessionária responsável pela distribuição da luz. "Nós temos 1.492 árvores que poderiam ter sido podadas e que não foram. E é o mínimo que um prefeito pode fazer", afirmou Lula.

A live ocorreu após a campanha de Boulos cancelar duas caminhadas que estavam previstas para este sábado. O presidente e o candidato do PSOL estavam a caminho de ato na zona sul, quando a chuva aumentou no Jardim Myrna, no extremo sul da cidade. A caminhada em São Mateus, na zona leste, foi cancelada pouco tempo depois.

O petista também fez apontamentos ao trabalho da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da agência paulista "que não regula e fiscaliza". Nunes é do MDB, partido aliado do presidente, mas tem o apoio de Tarcísio e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A segunda agência citada por Lula é a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do estado de São Paulo).

Na campanha do candidato à reeleição, a estratégia tem sido reforçar que a responsabilidade pelo fim do contrato com a Enel é do governo federal. Nunes subiu o tom na última semana e chamou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de "mentiroso" e "vagabundo". O emedebista desistiu de participar do debate UOL, Folha e RedeTV! com a justificativa de que o governador havia marcado uma reunião para tratar da crise.

Há expectativa de que Boulos e Nunes tenham um segundo confronto hoje no debate da Record com o Estadão. O atual prefeito disse, entretanto, que pode deixar de participar mais uma vez, caso a situação de energia da cidade piore. Seu adversário tem explorado as ausências nos debates e afirmado que Nunes é "covarde" e "fujão".

A campanha de Boulos tenta colar a imagem do psolista ao presidente para atrair mais votos de quem votou em Lula em 2022. Segundo Datafolha, 26% desses eleitores votam em Nunes. O deputado federal tem 33% das intenções gerais de voto contra 51% do adversário, de acordo com o levantamento divulgado na quinta-feira (17).

O presidente também fez discurso direcionado para eleitores que decidiram anular o voto no primeiro turno. "Nós respeitamos, porque sua decisão é sagrada, mas agora está na hora de escolher definitivamente o que você quer para a sua família, para a sua rua, sua vila e seu bairro", disse Lula.

O que mais Lula disse

Nós vamos ajudar o povo de São Paulo a levantar a cabeça. Não adianta ficar dizendo quem é o culpado. Antes da gente ficar procurando o culpado, temos que encontrar a solução. Nós temos uma agência de regulação que não regula e não fiscaliza, foi feito convênio com a agência de fiscalização de São Paulo que também não regula e fiscaliza, e temos a Prefeitura que assumiu o compromisso e não fiscaliza.

Não quero ficar batendo boca, nem com o governador, nem com o prefeito. Quero cuidar do povo primeiro e depois vou fazer as minhas brigas políticas com quem quer que seja.

Aqui em São Paulo não foi um problema da natureza. A natureza choveu, choveu, choveu, mas se as árvores tivessem cortadas, se a empresa, a Enel, tivesse sido responsável e feito do jeito que deveria fazer, se a empresa fiscalizadora de São Paulo tivesse fiscalizado, se a agência nacional tivesse fiscalizado, porque toda essa gente foi indicada pelo governo passado. Eles têm mandato, é importante saber.

Cancelamentos e reforço na reta final

O presidente justificou o cancelamento das caminhadas dizendo que não podia pegar chuva, já que embarca para Rússia neste domingo (20). Lula vai para participar da reunião dos Brics e deve retornar ao Brasil na próxima quinta (24).

Lula prometeu a Boulos que retornando da Rússia vai fazer mais uma atividade de campanha na capital, "nem que seja uma live juntos" na sexta (25). Aliados do psolista têm a expectativa do presidente marcar presença no último ato no sábado, a tradicional caminhada na região central.

Essa não é a primeira vez que Lula cancela uma agenda de campanha com Boulos. No primeiro turno, o presidente deixou de participar de duas caminhadas que estavam previstas — a justificativa dada à época era de que ele iria ao México participar da posse presidencial. O ato com o psolista aconteceria em um sábado e o evento na terça.

O candidato do PSOL minimiza as ausências previstas e afirma que sua campanha foi a que mais teve a presença do presidente. Lula esteve em dois comícios, além de uma caminhada na avenida Paulista nas vésperas do primeiro turno. O petista também fez gravações para o horário eleitoral.

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