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Enel em SP: tempo de reparo de falta de luz aumenta 125% em cinco anos

Moradores de São Paulo sofrem com mais um apagão generalizado menos de um ano depois da última ocorrência.  - BRUNO ESCOLASTICO/AE
Moradores de São Paulo sofrem com mais um apagão generalizado menos de um ano depois da última ocorrência. Imagem: BRUNO ESCOLASTICO/AE
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do UOL, em São Paulo

19/10/2024 05h30

O tempo total de reparo de quedas de energia em São Paulo aumentou 125,6% desde que a Enel assumiu a distribuição de eletricidade na capital, em 2018 até 2023.

Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), compilados pela Equus Capital, a principal causa do aumento é a demora no preparo das equipes técnicas, que estão levando 170,6% mais tempo para se organizar antes de sair para realizar o conserto.

O que aconteceu

Tempo total de reparo aumentou 125,6% em cinco anos. Segundo a Aneel, esse tempo é calculado desde o momento em que a empresa, no caso a Enel, recebe a notificação de um problema até a conclusão do reparo. A agência divide esse período em três etapas: tempo de preparo, que corresponde ao intervalo entre a notificação e a preparação da equipe para atuar; tempo de deslocamento, que inclui o trajeto até o local do problema; e tempo de reparo, que começa a ser contado a partir da chegada da equipe ao local e inclui o tempo necessário para a execução do conserto.

Tempo Enel - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Tempo de reparo de falhas de energia aumentou 41,6% entre 2018 e 2023 em São Paulo. Em comparação ao primeiro ano de operações, o tempo necessário para a equipe concluir o reparo no local aumentou consideravelmente, evidenciando uma piora na eficiência do serviço.

Apagão em São Paulo: vista do terminal de ônibus de Santo Amaro, na zona sul de SP - LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO - LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Apagão em São Paulo: vista do terminal de ônibus de Santo Amaro, na zona sul de SP
Imagem: LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Tempo de preparo das equipes subiu 170%, o que é visto como o maior obstáculo no atendimento. Esse período refere-se ao tempo que a Enel leva para organizar a equipe e colocá-la em condições de atuar, excluindo o tempo de deslocamento e de execução do reparo. "O aumento desse tempo sugere que a mesma equipe é responsável por atender um volume elevado de ocorrências, o que aponta para uma sobrecarga de trabalho que pode comprometer a eficiência e segurança no atendimento às demandas", diz Pedro Coletta, especialista em energia da Equus Capital.

O aumento no número de interrupções de energia também contribuiu para a piora do serviço. Entre 2018 e 2023, houve um crescimento de 22,18% na quantidade de ocorrências de falta de luz, agravando o cenário. Esse volume crescente de interrupções pressiona ainda mais o sistema de reparo, que já enfrenta dificuldades para atender à demanda de forma eficiente.

O impacto é um serviço de qualidade inferior para a população de São Paulo, uma vez que o tempo de resolução das interrupções tem aumentado. Embora os indicadores de duração das interrupções estejam dentro dos limites estabelecidos pela Aneel, é importante ressaltar que dias críticos, com um número elevado de ocorrências, são excluídos desses cálculos.
Pedro Coletta, especialista em energia da Equus Capital

Em 2024, houve uma redução no tempo médio de preparo para reparos de emergências. O tempo de preparo para que as equipes de reparo estivessem prontas para atuar diminuiu 20,4% este ano, tendo em vista que os dados recolhidos pela Equus Capital são até agosto.

Sazonalidade continua sendo um fator de incerteza. A análise para 2024 é limitada pela ausência de informações sobre o período chuvoso, que tradicionalmente aumenta a demanda por reparos e estende os tempos de resposta. A tendência de queda observada no primeiro semestre pode ser revertida nos meses seguintes, quando o volume de emergências tende a crescer.

Mesmo assim, o número de ocorrências aumentou em 52% entre 2018 e 2024. Comparando ano a ano, e considerando apenas o período de janeiro a agosto, o total de ocorrências registrou uma única queda significativa entre 2019 e 2020, com uma redução de 14,4%. Nos demais anos, houve crescimento constante, destacando-se o aumento de 23% entre 2023 e 2024.

Tempo total de reparo aumentou 113,15% no mesmo período. Também comparando ano a ano e considerando o mesmo intervalo de janeiro a agosto, observou-se redução no tempo de reparo em dois momentos: entre 2020 e 2021, com uma queda de 8,9%, e entre 2023 e 2024, com uma redução de 9,4%. Mesmo com essas quedas, o tempo total de reparo quase dobrou.

Uma das soluções seria aprimorar os processos de manutenção preventiva. Outra alternativa mais ousada seria incentivar a implementação de microrredes, que são pequenas redes locais de energia capazes de operar de forma independente ou conectadas à rede principal. Com a implementação de microrredes, mesmo em caso de interrupção na conexão principal, uma região poderia manter o fornecimento de serviços essenciais, garantindo maior resiliência e confiabilidade no atendimento.
Pedro Coletta, especialista em energia da Equus Capital

Tarifa mais cara

Trabalho de funcionários da Enel durante apagão no centro de São Paulo - Allison Sales/Fotoarena/Estadão Conteúdo - Allison Sales/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Trabalho de funcionários da Enel durante apagão no centro de São Paulo
Imagem: Allison Sales/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Tarifa de energia elétrica registrou um aumento acumulado de 32% entre 2018 e agosto de 2024. Embora esse percentual represente o total acumulado ao longo de seis anos, a pressão sobre os custos se intensificou especialmente em razão do aumento de componentes tarifários específicos.

O principal responsável pelo aumento da tarifa foi o reajuste da TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição). A TUSD, que cobre os custos de distribuição de energia, teve uma alta de 75% no período e foi o fator determinante para o encarecimento da conta de luz.

Aumento da TE entre 2018 e 2023. Enquanto a TUSD subiu 75% no período, a Tarifa de Energia (TE) registrou um aumento de apenas 4%.

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