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13º do Bolsa Família: projeto que previa pagamento é retirado por autor

Bolsa Família - Luis Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo
Bolsa Família Imagem: Luis Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

18/10/2024 18h17

O projeto de lei que instituía o pagamento de uma 13ª parcela do programa Bolsa Família foi retirado pelo autor, o senador Jader Barbalho (MDB-PA), na última terça-feira (15).

O que aconteceu

O projeto de lei havia sido apresentado em 2020. A proposta apresentada ao Senado visava continuar o pagamento do "abono natalino" do Bolsa Família, instituído temporariamente em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ideia enfrentava resistência antes mesmo de ser enviada ao Congresso. No próprio texto do projeto, o senador Jader Barbalho cita afirmações à imprensa do então ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo não teria orçamento disponível para pagar a parcela extra do programa naquele ano. O ministro chegou a dizer que a inclusão dessa despesa no Orçamento geraria crime de responsabilidade fiscal e poderia levar ao impeachment de Bolsonaro, caso fosse aprovada.

Uma medida provisória do mesmo tema foi alvo de rusgas entre o Executivo e o Congresso. Em dezembro de 2020, Bolsonaro culpou Rodrigo Maia (PSDB), presidente da Câmara à época, por não ser concedido o 13º pagamento aos beneficiários do Bolsa Família naquele ano. Maia reagiu e disse que Bolsonaro mentiu. O presidente da Câmara chegou a pautar a votação do 13º do Bolsa Família na Casa, mas depois retirou o tema da ordem do dia.

A proposta de Jader Barbalho, no Senado, contava com um estudo "indicando alternativas para se conseguir recursos". De acordo com o texto, a análise, realizada pela Consultoria de Orçamento do Senado Federal, foi enviada a Paulo Guedes e previa mais de R$ 38 bilhões, "sem prejudicar as classes mais pobres". O senador afirma que o valor seria "mais do que suficiente" para viabilizar a 13ª parcela.

O projeto ficou parado até 2023, quando foi enviado à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos). A proposta ficou em tramitação na comissão até a última terça-feira (15), quando foi incluída na pauta de uma reunião. A discussão sobre o projeto, no entanto, foi adiada.

Após a retirada da pauta da CAE, Barbalho pediu o arquivamento do projeto. A solicitação foi feita no mesmo dia, apesar do parecer favorável à aprovação da relatora do projeto, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Na justificativa para a retirada, Barbalho afirmou que o projeto causaria "enorme prejuízo".

O Governo Federal também tem ressalvas com o texto por seu impacto fiscal. Neste ano, os repasses do Bolsa Família somam R$ 170 bilhões no Orçamento da União, o que indica que uma 13ª parcela do benefício custaria R$ 14 bilhões anuais a mais para o governo federal — aproximadamente o valor calculado por Damares em seu relatório.

Quando o projeto foi protocolado o impacto financeiro para a inclusão do abono natalino era de aproximadamente R$2 bilhões. Com a ampliação do programa, que hoje atende mais de R$20,8 milhões de famílias, o referido pagamento ultrapassaria os R$14 bilhões, causando enorme prejuízo aos cofres públicos.
Justificativa de Jader Barbalho (MDB-PA) para retirada do PL 5061/2020

Após a reunião do CAE, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que um 13º do Bolsa Família "não dá". "Vamos consultar os universitários de crime de lei de responsabilidade fiscal. Não dá. Onde encaixa R$ 14 bilhões? Não dá para fazer uma escalada desse tipo. A menos que alguém apresente uma compensação", afirmou, em conversa com jornalistas.

Segundo o petista, o projeto vai contra o esforço do governo de equilíbrio fiscal. Ele também cobrou os colegas senadores para que o Palácio do Planalto e a equipe econômica consigam zerar o déficit público e cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

* Com informações de Estadão Conteúdo.

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