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Câmera corporal filma PM matando homem em surto psicótico em SP

do UOL

Do UOL, em São Paulo

17/10/2024 13h24Atualizada em 17/10/2024 13h47

Um vídeo da câmera corporal de um policial militar mostra o momento em que outro agente atira contra um homem que corre na direção dele segurando uma marreta. O caso ocorreu no último domingo (13), na região da Cidade Ademar, zona sul da cidade de São Paulo.

O que aconteceu

O PM atira duas vezes no peito do homem, mostra o vídeo. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, o suspeito, identificado apenas como Maciel, estava em surto psicótico.

Policial alegou legítima defesa. Nas imagens, é possível ver que o policial militar pede que o homem, que carrega uma marreta, se afaste dele. "Afasta", diz o PM. Em seguida, o suspeito continua caminhando em direção ao policial, que reage e atira duas vezes. Ele chegou ser socorrido, mas morreu no hospital, segundo a SSP.

PM justifica reação aos moradores que viram a cena. Ele diz que precisou atirar para se defender. "A gente não sai de casa para sofrer agressão. Dá uma martelada na nossa cabeça aí, a gente pode morrer. A gente não queria fazer isso, vocês viram, a gente não quer fazer. É a última escolha", afirma. Uma mulher que estava na calçada responde: "Tá certo". "Não tinha escolha", complementa o agente.

O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e resistência. Morte será investigada no DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa). A conduta do PM também será investigada por meio de um inquérito policial militar.

Em nota, a SSP esclareceu que o homem resistiu a abordagem policial. "Partiu para cima de um dos agentes na posse de uma marreta. Houve intervenção e o homem foi atingido. Ele foi socorrido ao hospital, mas não resistiu".

A marreta foi apreendida e a perícia acionada. "As investigações prosseguem, incluindo a análise de imagens, para esclarecer os fatos", segundo nota enviada pela secretaria.

O ouvidor da polícia de São Paulo, Cláudio Aparecido Silva, criticou a abordagem. "A imagem é uma triste, mas enfática confirmação de uma doutrina de segurança pública que trabalha com a orientação da letalidade. Se fosse adotado um procedimento não-letal neste caso, como, por exemplo, o uso de tonfa [cassetete] ou mesmo taser, o resultado seria claramente outro. É preciso garantir a segurança dos agentes, mas nunca ao preço de vidas que poderiam ser poupadas".

O nome do homem morto não foi divulgado. Por isso, o UOL não conseguiu contato com os seus familiares.

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