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OPINIÃO

Josias: 'Direita geração Z' tem cara jovial, mas propaga discurso arcaico

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/10/2024 11h53

Os jovens representantes da direita na política nacional chamam a atenção por exibirem um ar de modernidade e um caráter jovial que contrastam com suas ideias retrógradas, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça (16).

Entre os expoentes desse fenômeno estão o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o vereador mais votado de São Paulo, Lucas Pavanato (PL), e os líderes do primeiro turno para prefeito de Belo Horizonte, Bruno Engler (PL), e Fortaleza, André Fernandes (PL). Além da idade (todos têm menos de 30 anos), eles se notabilizaram por votações expressivas a partir de agendas pautadas pelo conservadorismo.

É preciso realçar que na democracia há espaço para qualquer tendência política: direita, esquerda, centro... Assim funciona uma democracia. Esse fenômeno da geração Z que está se inserindo na política, e não é de agora, é um fenômeno mundial. Vimos isso na disputa por cadeiras no Parlamento europeu, nas eleições na França e na Espanha. Em toda parte, a geração Z está buscando uma influência política.

No Brasil, não poderia ser diferente. O problema dessa geração é que ela tem uma cara jovial, utiliza uma ferramenta moderna, que são as redes sociais, e propaga um discurso arcaico, neandertal, que injeta religião na política brasileira, onde todos sabemos que vigora um Estado laico.

A religião avançou e os religiosos têm até bancada. Eles capturam esse discurso da bancada BBB, que inclui Bíblia, bala e boi, transformam isso em mensagens moderninhas e ganham projeção nas redes sociais. Nikolas Ferreira encarna muito bem isso. Já assistimos a várias cenas lamentáveis dele no Congresso Nacional. Tivemos uma variante desse mesmo fenômeno na disputa pela Prefeitura de São Paulo com Pablo Marçal, que injetou o grotesco, o inaceitável e a abjeção no processo eleitoral.

A presença dessa geração Z, de aparência moderna com discurso retrógrado é um fenômeno que tende a aumentar no Brasil, que se tornou um país em que pelo menos metade do eleitorado tem um viés mais conservador e está aberto a receber o discurso dessa geração. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, enquanto os jovens políticos de direita nadam de braçada nas redes sociais e seduzem uma parcela significativa do eleitorado, a esquerda ainda bate cabeça para se comunicar com eficiência e insiste em repetir um discurso desatualizado e fora de sintonia com a realidade.

Em contrapartida, na outra ponta, a esquerda brasileira não aprendeu a lidar com o fenômeno. Não sabe trafegar pelas ruas e vielas das redes sociais e não desenvolveu um discurso moderno, que possa ser apresentado e que não tenha aquela naftalina da década de 80, da era sindical. Tudo mudou no país, inclusive o mercado de trabalho. A esquerda não se atualizou.

O PT está convocando, depois das eleições municipais, reuniões para dezembro para começar a discutir o que fazer em relação à sua comunicação, que é precaríssima, como a do governo. Então, de um lado há uma geração nova, arcaica, muito bem equipada para difundir a sua mensagem neandertal; do outro, uma esquerda que não aprendeu a lidar com a modernidade e cujo discurso está absolutamente desatualizado. Josias de Souza, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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