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Dias sem luz e blecaute em vários estados: a história de apagões no Brasil

Em março de 1999, um blecaute atingiu mais de 60% do território nacional - Ormuzd Alves/Folhapress
Em março de 1999, um blecaute atingiu mais de 60% do território nacional Imagem: Ormuzd Alves/Folhapress
do UOL

Colaboração para o UOL

16/10/2024 05h30

O apagão em São Paulo deixou milhares de pessoas sem luz desde sexta-feira. A forte chuva e os ventos que atingiram a capital e a região metropolitana afetaram 17 linhas de transmissão.

O cenário vivido pelos paulistas nos últimos dias se soma a outros episódios de apagão, como o de novembro de 2023, quando parte da população da capital também ficou sem luz por quatro dias. Abaixo, relembre outros apagões no Brasil.

2024, em São Paulo

Pelo menos 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pela falta de energia elétrica devido à tempestade de sexta-feira. Além da capital, em especial a zona sul, cidades vizinhas como Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo também tinham clientes no escuro por mais de 72 horas.

Para auxiliar nos trabalhos, a Enel pediu o auxílio de técnicos de distribuidoras do Chile, da Argentina, da Espanha e da Itália. Trabalhadores da Enel no Rio de Janeiro e no Ceará também foram convocados para atuar em São Paulo.

Rua na zona sul permanecia interditada no último domingo (13) por conta da tempestade - Marco Ambrosio/Ato Press/Folhapress - Marco Ambrosio/Ato Press/Folhapress
Rua na zona sul permanecia interditada no último domingo (13) por conta da tempestade
Imagem: Marco Ambrosio/Ato Press/Folhapress

2023, em São Paulo

Há menos de um ano, moradores de São Paulo passavam por outro apagão: em novembro de 2023, um temporal fez com que milhares de moradores ficassem da tarde de uma sexta até a terça-feira seguinte no escuro, totalizando quatro dias. Na ocasião, depois de 55 horas no escuro, mais de 700 mil pessoas ainda permaneciam sem energia elétrica, principalmente nas zonas sul e oeste, enquanto o Aeroporto de Congonhas ficou quase quatro horas sem luz.

Pelo menos sete pessoas morreram em decorrência das chuvas naquele mês, a maioria devido à queda de árvores ou muros. Além da luz, parte dos paulistanos passou o período sem telefonia, internet e abastecimento de água. À época, a Enel declarou que a prioridade no restabelecimento da energia elétrica estava nas escolas, já que o apagão aconteceu dias antes da aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Relembre abaixo o episódio:

2023, em 25 estados e o DF

Em uma manhã de agosto de 2023, 25 estados mais o Distrito Federal foram atingidos por um apagão que durou pouco mais de seis horas —na ocasião, apenas o estado de Roraima não foi afetado. Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), houve queda abrupta na carga e geração de energia durante um intervalo de 14 minutos, que interrompeu 25% da demanda de energia do Brasil para o horário.

A normalização no fornecimento de energia aconteceu em fases: Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram a luz religada ainda pela manhã, enquanto o Norte e o Nordeste foram atendidos no início da tarde.

2020: Amapá no escuro

No início de novembro de 2020, um incêndio em dois transformadores em uma subestação da LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) fez com que 13 dos 16 municípios do Amapá ficassem sem energia elétrica. A luz começou a ser restabelecida de forma gradativa quatro dias depois do episódio, em um regime de rodízio que suspendia o fornecimento de energia em determinadas regiões. Cerca de duas semanas depois do primeiro blecaute, um novo apagão atingiu o estado.

Para restabelecer 100% da energia no estado, um transformador foi enviado do município de Laranjal do Jari a Macapá em um trajeto de quase 30 horas via balsa —a montagem foi iniciada somente 15 dias depois do início do apagão. A população local passou a sofrer, também, com a falta de água e internet, enquanto a oferta de alimentos se tornou escassa.

2018, em todo o Nordeste e parte do Norte

Em março de 2018, um apagão afetou todos os estados do Nordeste, além do Amazonas, Pará e Tocantins. Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), uma "perturbação" na estrutura nacional de produção e transmissão de energia elétrica provocou o desligamento de cerca de 18 mil megawatts —22,5% da carga total do sistema.

Conforme informações do ONS à época, o blecaute aconteceu devido a uma falha em um disjuntor na subestação de Xingu, responsável pelo escoamento da energia gerada pela usina de Belo Monte, no Pará. Na ocasião, os moradores dos locais afetados ficaram, em média, quatro horas sem luz.

Usina de Belo Monte, no Pará. Em 2018, falha em disjuntor na subestação de Xingu causou apagão em diversos estados do nordeste e norte - João Paulo Guimarães/Mongabay - João Paulo Guimarães/Mongabay
Usina de Belo Monte, no Pará. Em 2018, falha em disjuntor na subestação de Xingu causou apagão em diversos estados do nordeste e norte
Imagem: João Paulo Guimarães/Mongabay

2015, no Distrito Federal

Em janeiro de 2015, uma série de quedas de energia atingiu o Distrito Federal. Em apenas uma semana, foram registrados pelo menos quatro episódios do tipo na região. Uma pane em duas subestações causou a falta de energia em cinco regiões da área e provocou o desligamento de quatro subestações da CEB, concessionária responsável pelo abastecimento local.

2013, no Nordeste

Em agosto de 2013, um apagão deixou nove estados da região Nordeste sem luz. O problema afetou as principais cidades de Piauí, Paraíba, Alagoas, Ceará, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Queimadas e desligamento de linhas. Na época, por meio de nota, o Ministério de Minas e Energia informou que o apagão foi provocado pelo desligamento automático de duas linhas de transmissão que interligam os sistemas Sudeste/Centro-Oeste com o Nordeste, localizadas entre as subestações Ribeiro Gonçalves e São João do Piauí, no interior do estado do Piauí. No local, foram identificados focos de queimadas, entre as estruturas das torres 412 a 416.

2011, no Nordeste

Em fevereiro de 2011, outro apagão também deixou estados do Nordeste sem energia elétrica. A falha ocorreu em razão de um defeito considerado raro: um defeito no componente eletrônico denominado "cartela" acionou indevidamente o sistema de proteção da linha de transmissão que interliga as usinas de Luiz Gonzaga, localizada no município de Jatobá (PE), e de Sobradinho (BA). Na sequência, ocorreu o desligamento da subestação Luiz Gonzaga.

O blecaute atingiu pelo menos sete estados: Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

2009, em 18 estados

Entre a noite de 10 e a madrugada de 11 de novembro de 2009, um blecaute atingiu 18 estados e afetou 70 milhões de brasileiros. Os estados atingidos foram: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo (estes com o fornecimento afetado em praticamente 100% de suas áreas), além de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte (estes parcialmente afetados). Apesar de não ter entrado na lista oficial, o Distrito Federal também relatou falta de energia.

Na época, o governo afirmou que fatores climáticos teriam afetado linhas de transmissão, atribuindo o apagão ao desligamento de três linhas de transmissão: duas que ligam Ivaiporã (PR) a Itaberá (SP) e uma que liga Itaberá à subestação de Tijuco Preto (SP).

2001: racionamento e blecautes

Vista noturna de Brasília, com as luzes do Congresso Nacional apagadas devido a crise energética do país em 2001 - REUTERS/Gregg Newton - REUTERS/Gregg Newton
Vista noturna de Brasília, com as luzes do Congresso Nacional apagadas devido a crise energética do país em 2001
Imagem: REUTERS/Gregg Newton

Em 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o país enfrentou um severo racionamento de energia. O problema foi causado por falta de chuvas e investimentos no setor — que trouxeram risco de novos apagões.

O governo federal recorreu a blecautes programados para evitar o colapso do sistema elétrico brasileiro.

Previsto para começar em 1º de junho de 2001, o apagão foi antecipado para 17 de maio e durou nove meses. A partir desta data, cerca de um terço da iluminação pública das ruas foi apagada. Como medida, o governo também determinou o racionamento por parte de consumidores residenciais e industriais no Distrito Federal e em mais 16 estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

A conta de luz sofreu uma série de alterações, com previsão de bônus, multa e até corte de energia para quem não cumprisse as determinações de reduzir em 20% o consumo de energia elétrica. Os serviços indispensáveis à população, como hospitais e delegacias, ficaram de fora do racionamento.

Essa crise ocorreu no último ano do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Politicamente, esse apagão também foi visto como um dos fatores que elevaram a impopularidade de FHC.

1999, em 10 estados

Vista da região da marginal Pinheiros durante o apagão que atingiu São Paulo e outros estados em 1999 - João Wainer/Folhapress - João Wainer/Folhapress
Vista da região da marginal Pinheiros durante o apagão que atingiu São Paulo e outros estados em 1999
Imagem: João Wainer/Folhapress

Em março de 1999, um blecaute atingiu mais de 60% do território nacional —dez estados foram afetados. A causa teria sido a queda de um raio na subestação de energia elétrica da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) em Bauru (SP). As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de parte do Norte e também do país vizinho Paraguai (que recebe energia gerada em Itaipu) foram afetados na época.

1985: apagão durou 3 horas

Oito estados e o Distrito Federal foram afetados por um dos primeiros apagões brasileiros de que se tem notícia, em 17 de setembro de 1985. O fornecimento de energia foi comprometido devido a uma sobrecarga em São Roque, no interior do estado de São Paulo — a capital paulista, inclusive, foi uma das mais afetadas. O blecaute durou cerca de três horas.

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