Hezbollah ameaça atacar Israel em "todos os lugares" e Netanyahu nega cessar-fogo
O Hezbollah informou nesta terça-feira (15) ter lançado uma "salva de foguetes" contra a cidade de Safed e uma base militar próxima no norte de Israel e ameaçou atacar em "todos os lugares". O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu negou a possibilidade de um cessar-fogo na região em conversa telefônica com presidente francês Emmanuel Macron.
O Hezbollah desafiou Israel na terça-feira, apesar dos duros golpes que recebeu, ameaçando atacá-lo "em todos os lugares" do seu território. Num discurso, o número dois do Hezbollah, Naïm Qassem, afirmou que "a solução" para acabar com a guerra no Líbano era "um cessar-fogo", garantindo que o seu movimento "não seria derrotado".
"Como o inimigo israelense está bombardeando todo o Líbano, temos o direito, numa posição defensiva, de atacar em qualquer parte da entidade inimiga israelense, no centro, no norte e no sul", disse Naïm Qassem.
O grupo islâmico afirmou ter alvejado vários tanques e escavadoras israelenses na cidade fronteiriça de Ramia, no sul do Líbano, e estar envolvido num "combate corpo a corpo" com as tropas israelenses nesta região.
O Hezbollah também alegou ter disparado foguetes contra o território de Israel
Israel intensificou os seus bombardeios aéreos sobre o Líbano há mais de três semanas, particularmente nos subúrbios sul e leste de Beirute, redutos históricos do grupo xiita, e depois iniciou uma ofensiva terrestre em 30 de setembro.
Israel e o Hezbollah trocam tiros transfronteiriços há um ano, mas desde a recente escalada que começou em 23 de setembro, pelo menos 1.315 pessoas morreram no Líbano, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Cessar-fogo e tensões entre Israel e França
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse à AFP na terça-feira que Israel estava realizando "breves incursões" no sul e acrescentou que seu país estava pronto para aumentar o número de tropas do exército nesta região, "em caso de cessar-fogo".
Benjamin Netanyahu, disse que se opunha a um "cessar-fogo unilateral, que não mudaria a situação de segurança no Líbano", durante uma conversa telefônica com Emmanuel Macron, de acordo com um comunicado publicado por seu gabinete.
A declaração de Netanyahu ocorreu pouco depois de Macron aumentar a pressão sobre Israel na terça-feira para respeitar as decisões da ONU.
"O senhor Netanyahu não deve esquecer que o país dele foi criado por uma decisão da ONU", disse ele, referindo-se à votação em novembro de 1947 pela Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o plano de partilha de terras entre a Palestina e um Estado hebreu.
Benjamin Netanyahu respondeu a Emmanuel Macron na noite de terça-feira. "Um lembrete ao presidente da França: não foi a resolução da ONU que estabeleceu o Estado de Israel, mas sim a vitória alcançada na Guerra da Independência com o sangue de combatentes heróicos, muitos dos quais eram sobreviventes do Holocausto - incluindo o Regime de Vichy na França", disse Netanyahu em comunicado.
As tensões aumentaram entre os dois líderes desde que Macron insistiu na semana passada que parar as exportações de armas usadas por Israel na Faixa de Gaza e no Líbano era a única forma de acabar com estas guerras.
A França também considerou "completamente inaceitável" que as forças de manutenção da paz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que inclui um contingente francês, tenham sido "deliberadamente alvejadas pelas forças armadas israelenses", depois de vários deles terem sido feridos por tiros israelenses no sul do Líbano.
"Este não é o momento de nos afastarmos das decisões da ONU", sublinhou Macron, segundo os participantes no Conselho de Ministros.
A Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que marcou o fim da guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006, afirma que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz da UNIFIL deveriam ser destacados para o sul do Líbano.
(Com AFP)