Filha substitui mãe que morreu de câncer e vence em Osasco: 'Seguir legado'
Apoiada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a estudante de moda Stephane Rossi (PL), 22, venceu sua primeira eleição no dia 6 de outubro, depois de assumir a candidatura da mãe a vereadora. A vereadora de Osasco Ana Paula Rossi morreu em 8 de setembro, aos 55 anos, após um mês internada com câncer.
O que aconteceu
Stephane foi uma das mais votadas mesmo tendo substituído a mãe a apenas 22 dias da eleição. No dia 14 de setembro, seis dias depois da morte de Ana Paula, a estudante decidiu se candidatar usando o mesmo número da mãe. Ela saiu das urnas com 5.291 votos, a terceira candidata mulher mais votada da cidade e a sétima com mais votos no ranking geral.
Stephane foi adotada ainda na infância. "Minha mãe foi o meu primeiro amor. Nos apaixonamos quando eu tinha três anos, no abrigo de Osasco onde fui deixada", afirmou ao UOL a vereadora eleita. "Ela era o meu chão."
A jovem é herdeira política da família Rossi na cidade. Sua mãe, além de ser vereadora, presidia o PL de Osasco. O avô é o ex-prefeito Francisco Rossi (PL), e a avó é a atual vice-prefeita, Ana Maria Rossi (PL). Foram os dois que assumiram a campanha da filha Ana Paula, que foi mantida apesar da internação.
Segundo a vereadora eleita, foi sua a decisão de substituir a mãe. "Senti no meu coração. No começo, meus avós ficaram preocupados pela dor que estávamos sentindo", afirmou. "Eles não queriam que eu fosse candidata, mas depois entenderam o meu sentimento e apoiaram a minha decisão."
Apesar do luto, ela seguiu em campanha. "Foi um dia de cada vez, mas não tem um só dia em que não doa", diz. "Nas ruas, senti como a minha mãe era amada pelo povo, e a votação que obtive reflete como Osasco tinha ela no coração."
Com aval de Michelle Bolsonaro
Assim como a mãe, Stephane Rossi representou o bolsonarismo na cidade. O material de campanha colocava a mãe ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle e tinha o slogan "a vereadora da Michelle Bolsonaro", que chegou a visitar Ana Paula no hospital. "Ela foi escolhida por Michelle para fazer parte da executiva estadual do PL Mulher e, desde então, construíram uma parceria política importante", diz Stephane. "[Michelle] esteve no hospital com ela, oraram juntas e só tenho gratidão por esse apoio no momento mais sensível."
Família Bolsonaro queria que Ana Paula Rossi fosse candidata à Prefeitura de Osasco. A vereadora do PL era a favorita do clã para disputar a prefeitura da cidade, mas perdeu a queda de braço porque o Podemos, do atual prefeito, Rogério Lins, não abriu mão de lançar o correligionário Gerson Pessoa, que se elegeu no dia 6 e manteve o partido no comando da cidade com o segundo maior PIB do estado.
Mesmo internada, a campanha de Ana Paula foi mantida nas ruas pela família. Após o falecimento, a executiva do PL aprovou o pedido de Stephane de assumir o lugar da mãe na campanha.
Ao comunicar Michelle sobre sua intenção de substituir Ana Paula, Stephane diz que foi apoiada pela ex-primeira-dama. "Fui muito acolhida pela Michelle, que inclusive gravou um vídeo de apoio à minha candidatura", diz a eleita.
Ela promete "continuar todos os projetos desenvolvidos pela mãe". "Quero usar a minha experiência de conviver com política desde criança para incentivar os jovens a participar de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida da nossa cidade", disse Stephane, cujas bandeiras serão "o combate à pedofilia, a proteção da mulher, a luta por uma educação de qualidade".