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Salão do Automóvel de Paris: apesar da concorrência chinesa, europeus apostam nos carros elétricos

14/10/2024 11h32

A imprensa francesa destaca a abertura nesta segunda-feira (14) do Salão Internacional do Automóvel de Paris 2024. A guinada das montadoras e da indústria de autopeças para a produção de veículos elétricos foi iniciada e entrou em um caminho sem retorno, na perspectiva do fim das vendas de carros a gasolina e diesel em 2035, como se comprometeu a União Europeia. No entanto, o mercado europeu é ameaçado pelos carros elétricos chineses, mais baratos do que os produzidos no bloco.

As montadoras europeias atravessam um momento de queda de vendas e retração do mercado, mas nem todas reagem com pessimismo em relação ao futuro dos carros elétricos. 

O jornal Le Figaro prevê um salão "festivo", com o retorno de fabricantes americanos, como Tesla, Ford e Cadillac, a lendária marca da GM que apresentará seus modelos elétricos na capital francesa. O grupo Volkswagen vem a Paris com as marcas Audi e Skoda. A alemã BMW e a coreana Kia também expõem seus novos modelos. Os chineses, sempre presentes nos salões ocidentais, vieram em peso com as montadoras BYD, Xpeng e MG (Saic). A Renault está em casa com os modelos mais recentes da Dacia, Alpine e um carro-conceito Losange. O grupo Stellantis participa com algumas das suas quinze marcas (Peugeot, Citroën, Alfa Romeo), incluindo a chinesa Leapmotor, fabricante na qual detém uma participação de 21%.

Nos últimos quatro anos, a produção de veículos despencou 30% na Europa, destaca o jornal Les Echos. O diário econômico, prevê o inevitável fechamento de fábricas nos próximos anos, principalmente na Alemanha, França e Itália. Nesse período, para se adaptar a um contexto de diminuição do volume de vendas, as montadoras aumentaram suas margens de lucro, o que permitiu financiar fábricas menos solicitadas, observa o jornal francês. Mas esta solução chegou a um limite e o fechamento de plantas industrais ociosas já começou a ser anunciado na Alemanha.

Ameaça chinesa

A chegada dos fabricantes chineses agravará ainda mais o problema. Por enquanto, apenas um em cada dez carros elétricos vendidos na Europa é de uma marca chinesa. Mas elas poderão abocanhar 10% do mercado europeu em 2030, ou 1,5 milhões de veículos vendidos. Aos carros, deve se acrescentar a abertura de fábricas das marcas chinesas no bloco. Para escapar das barreiras comerciais impostas pela União Europeia, as montadoras chinesas têm aberto fábricas no bloco. A BYD já produz na Hungria e, em breve, irá inaugurar linhas de produção na Turquia.

Para reduzir essa diferença de competitividade, a Plateforme Automobile (organização da indústria automotiva francesa) pede um "choque elétrico para o setor automotivo" e reivindica um fundo europeu de apoio à indústria, medidas de formação para as profissões do futuro, mas, sobretudo, uma harmonização dos subsídios em todo o continente. Esses famosos incentivos à compra de veículos elétricos não são os mesmos em toda a Europa. E, mais importante, eles não são estáveis: de acordo com a Plateforme Automobile, só na França, a regulamentação mudou 15 vezes em 5 anos.

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