Peru: pescadores locais acusam navios chineses de serem responsáveis pela escassez de lulas
No Peru, o Ministério da Produção anunciou no sábado (12), uma intensificação dos controles dos barcos presentes ao longo da costa do país, no Oceano Pacífico. A decisão ocorre em um contexto de crise: associações de pescadores peruanos reclamam de pescar menos lulas, cujo preço quintuplicou devido à escassez nas últimas semanas.
Com Juliette Chaignon, correspondente da RFI em Lima
Para os pescadores peruanos, os culpados seriam dezenas de navios chineses identificados ao largo do Peru, em busca de lulas. O ministério da Produção promete, portanto, um reforço nos controles.
A situação não é nova. Há quatro anos, o Peru exige que todos os barcos estrangeiros possuam um sistema de satélite para serem rastreados. Uma medida que, segundo várias ONGs ambientais, não é suficientemente respeitada, apontando as dificuldades da marinha peruana em controlar suas próprias águas.
Laços estreitos com a China
Além de afetar os rendimentos dos pescadores peruanos, muitas vezes informais e artesanais, o desaparecimento das lulas coloca em risco os ecossistemas, já que o molusco é consumido por várias espécies marinhas.
Para o ministro peruano da produção, a escassez se deve a causas naturais, sem qualquer relação com as embarcações chinesas, assegura ele.
O Peru mantém laços estreitos com a China, onde a presidente Dina Boluarte esteve em visita oficial há quatro meses, e o país andino se prepara para inaugurar, até o final do ano, um megaporto construído e financiado por uma empresa estatal chinesa, a 80 km da capital, Lima.