Netanyahu promete continuar atacando Hezbollah após bombardeio contra base israelense
O primeiro-ministro israelense,Benjamin Netanyahu, prometeu, nesta segunda-feira (14), que seu país continuará "atacando sem piedade o Hezbollah" em todas as partes do Líbano, um dia após o bombardeio mais letal lançado pelo movimento islamista em território israelense desde o início da escalada.
Após quase um ano de troca de disparos na fronteira entre Israel e Hezbollah, aliado do movimento palestino Hamas, o Exército israelense intensificou seus bombardeios contra o Líbano em 23 de setembro e, uma semana depois, lançou uma ofensiva terrestre.
O movimento islamista pró-iraniano lançou no domingo um bombardeio contra uma base de treinamento da brigada Golani em Binyamina, no norte de Israel. O ataque deixou quatro soldados mortos e foi o mais letal em território israelense desde 23 de setembro.
Segundo a United Hatzalah, organização de socorristas voluntários, o bombardeio com drones também feriu mais de 60 pessoas.
Netanyahu garante que seu país continuará "atacando sem piedade o Hezbollah" em todas as partes do Líbano, incluindo Beirute, durante uma visita à base.
O movimento xiita informou que seus milicianos enfrentam as forças israelenses em "combates violentos" na localidade libanesa de Aita al Shaab, perto da fronteira.
O Hezbollah também reivindicou um bombardeio com foguetes contra uma base naval perto de Haifa, no norte de Israel, um ataque contra um quartel próximo a Netanya, cidade costeira ao norte de Tel Aviv, e o lançamento de uma bateria de projéteis contra Safed.
O Exército israelense, por sua vez, disse ter interceptado projéteis provenientes do Líbano no centro do país e também dois drones que se aproximavam vindos da Síria.
- Os bombardeios "apontam para nós" -
Em Aito, no norte do Líbano, o ministério da Saúde reportou que 21 pessoas morreram em um bombardeio israelense que atingiu um vilarejo em uma região montanhosa de maioria cristã que nunca havia sido atacada, já que as operações costumam ser dirigidas contra os redutos do Hezbollah.
Um fotógrafo da AFP viu restos de pessoas em frente ao edifício localizado na entrada da vilarejo, que ficou completamente destruído.
O Ministério da Saúde libanês denunciou, nesta segunda-feira, que Israel "continua tornando em alvo equipes médicas, de resgate e paramédicos".
Anis Abla, de 48 anos, dirige a Defesa Civil de Marjayoun, perto da fronteira, e relatou que as missões "estão se tornando cada vez mais difíceis".
"Os bombardeios que se sucedem apontam para nós (...) Estamos cada vez mais cansados", afirmou.
Após ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte de suas operações para o Líbano e afirma que o objetivo é permitir o retorno de cerca de 60.000 israelenses deslocados do norte do país devido aos disparos de projéteis do movimento islamista.
Ao menos 1.315 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo um levantamento da AFP, e cerca de 700.000 foram deslocados, segundo a ONU.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu nesta segunda-feira que o sistema de saúde libanês seja protegido, após reportar bombardeios israelenses que atingiram pessoal médico.
- "Não vai haver retirada da Unifil" -
Os combates no Líbano também atingiram a força de paz da ONU mobilizada no sul do Líbano, a Unifil.
O organismo acusou o Exército israelense de fazer disparos "repetidos" e "deliberados" contra suas instalações e denunciou "violações escandalosas" ao direito internacional, depois de cinco soldados da missão serem feridos por disparos do Exército israelense.
Netanyahu pediu, no domingo, ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que colocasse os capacetes azuis fora de perigo "imediatamente".
O premiê reiterou nesta segunda-feira que o Hezbollah estava utilizando "instalações e posições da Unifil como cobertura para realizar seus ataques" contra Israel.
O chefe das forças de manutenção de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, garantiu que a Unifil continuará onde está, "apesar dos apelos das Forças de Defesa de Israel para que abandonem as posições próximas à Linha Azul". Ele assegurou que a decisão foi aprovada por Guterres.
O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, cujo país tem capacetes azuis mobilizados no Líbano, assegurou, nesta segunda, que "não vai haver retirada da Unifil".
Guterres advertiu que "os ataques contra as forças de paz violam o direito internacional... (e) podem constituir um crime de guerra".
O Conselho de Segurança da ONU expressou, nesta segunda, sua "forte preocupação" e lembrou que "várias posições da Unifil foram atacadas nos últimos dias. Vários capacetes azuis ficaram feridos".
- Bombardeio em Gaza -
Na Faixa de Gaza, onde Israel lançou uma intensa ofensiva em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 dos combatentes do Hamas contra o sul do seu território, o Exército anunciou, nesta segunda-feira, que bombardeou um "centro de comando e controle que fica em um complexo que abriga o hospital Mártires de Al Aqsa", na cidade de Deir el Balah, no centro do território.
A Defesa Civil de Gaza afirmou que o ataque deixou quatro mortos e vários feridos. Também indicou que esta foi a sétima vez que um bombardeio atingiu "tendas de deslocados".
No ataque de 7 de outubro de 2023 em solo israelense, milicianos do Hamas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses e que inclui reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Ao menos 42.289 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
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