Enel tem 3 dias para resolver problemas de maior volume em SP, diz Silveira
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Enel tem mais três dias, a partir desta segunda-feira (14), para resolver todos os problemas de maior volume após o apagão que atinge São Paulo desde sexta (11). Até as 14h de hoje, 400 mil imóveis ainda seguiam sem luz.
O que aconteceu
Para Silveira, Enel cometeu um 'grave erro de comunicação'. O ministro de Minas e Energia disse que a concessionária falhou ao não dar uma previsão objetiva de quando a energia voltaria e que, agora, tem até quinta-feira (17) de manhã para resolver os problemas de maior volume. Ao final do prazo, a Enel só poderá apresentar, se necessário, "questões pontuais de locais onde ela não consegue ter acesso".
Ministro crê que medidas tomadas pela Enel 'beiraram à burrice'. "Por mais que você, da sua central, tenha de religar a rede, você não vai conseguir, porque é um problema físico. Você tem que ter gente para podar árvores. Eu disse que a Enel faltava, no mínimo, e usei um termo, inclusive, bastante contundente, de que faltou planejamento e beirou a burrice", disse.
Ele também fez críticas ao que chamou de 'boicote' da Aneel. Para Silveira, a Agência Nacional de Energia Elétrica não está cumprindo com suas responsabilidades — e a prova disso é a "omissão" do diretor-geral Sandoval de Araujo Feitosa Neto, "que está ausente". "Os diretores da Aneel foram indicados pelo governo anterior, e todos têm padrinho. Se os senhores procurarem saber, vocês vão descobrir quem é o padrinho de cada um", declarou, sem citar nomes.
Eu sou a favor da abertura [de um processo de rompimento com a Enel] que passa, naturalmente, por uma intervenção. Isso é um processo. Não é uma decisão, uma prerrogativa de alguém que acordou de manhã e tomou uma decisão irresponsável. Irresponsável é quem faz fake news.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
Silveira ainda pediu ajuda de outras concessionárias de energia. Além da Enel, Neonergia, Energisa, CPFL e Light enviarão outros 400 eletricistas a São Paulo. No total, a força-tarefa contará com 2.900 profissionais, cerca de 200 caminhões e mais de 50 equipamentos.
Quedas de árvores contribuíram para o apagão, segundo ministro. Ele ainda cobrou que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), cuide do projeto urbanístico da cidade. "Mais de 50% dos eventos foram causados por árvore que caiu em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo", informou.
O prefeito de São Paulo aprendeu rápido com o seu concorrente aqui, o Pablo Marçal, que era o campeão das fake news e da falsificação de documentos públicos. (...) A Enel vence seu contrato em 2028, e ela tem até 2026 para se manifestar sobre a sua renovação. (...) Nós não trabalhamos com narrativa, nós trabalhamos com fatos.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
O que diz a Enel
Empresa afirma que cumprirá o prazo de 3 dias para retomar energia. Segundo a Enel, o acordo foi feito junto à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Os danos na rede de alta tensão foram solucionados ainda no sábado [12]. Na baixa e na média tensão, os impactos foram severos e dispersos pela área de concessão. Os reparos nas redes de baixa tensão envolvem a substituição de quilômetros de cabos, postes, entre outros equipamentos.
Enel, em boletim à imprensa
400 mil casas seguem sem energia
Maioria das 400 mil casas sem luz está na capital. Em São Paulo, segundo boletim divulgado pela Enel na tarde desta segunda-feira (14), há 283 mil clientes sem energia elétrica.
Apagão também atinge Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo. Até o momento, 1,7 milhão de casas tiveram energia restabelecida até o momento, segundo a empresa.
Companhia não dá previsão de retorno. Nas notas enviadas pela Enel, o órgão informa que "segue trabalhando para restabelecer o fornecimento". Ao UOL, clientes lesados informaram que recebiam previsões de retorno de luz em horários que já passaram ao contatar canais oficiais da empresa.
Ao todo, 17 linhas de transmissão foram afetadas, diz Enel. Em entrevista à TV Globo, Darcio Dias, diretor de operações da concessionária, informou que a situação em curso é pior do que a de novembro de 2023, quando a capital e a Grande São Paulo passaram quatro dias sem energia.
29 escolas estaduais estão sem energia e funcionarão com luz natural. Segundo a Seduc-SP, os alimentos perecíveis dessas unidades estão preservados. O órgão também informou que cinco unidades escolares tiveram aulas canceladas por causa de danos causados pelas chuvas. Desde sexta-feira, mais de 130 escolas municipais e estaduais da capital relataram problemas.
Hoje eu vim para resolver o problema. Mas, mais do que isso, para ouvir as distribuidoras. É o setor que tem o dever de ir na casa das pessoas pra restabelecer a energia. (...) Quem de nós aqui nunca morreu de raiva ou ficou perto de morrer ao ficar no telefone ouvindo uma musiquinha, até ser atendido? Com a carne estragando, o ovo estragando, o leite azedando. Isso não é admissível em pleno século 21.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia