Com 30 anos cada um, o casal de namorados Tabata Amaral e João Campos, do PSB, saiu da eleição municipal de 2024 como maior esperança da nova esquerda para enfrentar a onda conservadora que varreu o país como nunca antes.
Os dois se conheceram na Câmara, em 2018, quando foram eleitos deputados federais por São Paulo e Pernambuco, respectivamente.
Filho de Eduardo Campos, ex-governador pernambucano, morto há 10 anos em acidente aéreo durante a sua campanha presidencial, e bisneto de Miguel Arraes, João foi um dos campeões nacionais de votos, reeleito prefeito do Recife em primeiro turno.
Filha de um cobrador de ônibus e de uma faxineira, nascida na periferia paulistana, formada em ciências políticas na Universidade de Harvard, nos EUA, Tabata ficou em quarto lugar na eleição para a Prefeitura de São Paulo, ao final de uma campanha em que se destacou por apresentar propostas para a cidade em meio à baixaria dos concorrentes.
Envolvidos até o talo com a política que os uniu, João e Tabata ainda não marcaram casamento. Nesta semana, em entrevista ao UOL News, o prefeito do Recife tocou pela primeira vez no assunto: "O casamento está mais perto do que longe", anunciou, sorrindo, depois de cobrir a namorada de elogios.
Salvos do naufrágio da esquerda, despontam agora como representantes de uma nova geração disposta a romper com a velha política polarizada. Não confundem cara feia com seriedade nem dispensam o bom humor nas entrevistas e nos embates com adversários.
Na forma simples de se comunicar com os eleitores, eles estão atualizados com as novas mídias digitais. Em lugar dos discursos ideológicos, tratam de forma pragmática os problemas da vida real das pessoas e apresentam soluções simples e viáveis.
Na forma e no conteúdo, João lembra em tudo o pai dele, que também foi um campeão de votos na sua reeleição para governador, quando o conheci.
"Não podemos desistir do Brasil", resumiu o sempre otimista Eduardo Campos, em sua última entrevista, no Jornal Nacional, na véspera do acidente aéreo que o vitimou em Santos, no litoral paulista, no melhor momento da sua carreira.
João, com 20 anos, já gostava de política, seguia o pai em suas andanças eleitorais, mas não pensava em ser um político na vida. Formou-se em engenharia civil. A fatalidade o fez mudar de ideia e se lançar candidato a deputado já na eleição seguinte.
Tabata eu conheci nesta mesma época, ao entrevistá-la para fazer uma série de reportagens na Folha sobre "as novas caras da política". Foi a primeira vez que ela falou para um grande jornal, mas já parecia uma veterana. Fiquei impressionado com a maturidade dela e sua vitoriosa trajetória de vida, que a levou com bolsas de estudos para se formar numa das maiores universidades do mundo.
Prova viva de que um país só se desenvolve com uma boa educação pública e oportunidades iguais para todos. Como deputada, é esta a prioridade absoluta de Tabata no trabalho parlamentar.
Ainda ouviremos muito falar nesta dupla. Por que não, no futuro, termos uma possível chapa João/Tabata ou vice-versa? Seria inédito... Pelo menos, daria um belo roteiro para o cinema.
Vida que segue.