Anoitece, e SP ainda tem bairros às escuras, sem previsão de retorno da luz
Passadas 24 horas desde o temporal que deixou 2,1 milhões de pessoas no escuro na cidade de São Paulo, diversos bairros da capital paulista continuam sem luz. O restabelecimento da energia segue sem previsão. Moradores reclamam de prejuízo e criticam a concessionária Enel quanto à falta de previsão sobre o fim do apagão.
O que aconteceu
Áreas da cidade de São Paulo completam mais de 24 horas sem energia. Os bairros mais afetados são Santo Amaro, Jardim São Luís, Socorro, Pinheiros, Americanópolis, Vila Andrade, Jardim Vaz de Lima, Alto de Pinheiros, Jardim Martini e Jardim Mariane. As cidades de Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema, na região metropolitana, também foram atingidas.
Enel diz que 1,35 milhão de clientes continuam sem luz na capital e Grande SP. Segundo o último balanço da empresa, divulgado às 19h deste sábado (12), o total representa 17% dos clientes da distribuidora. A concessionária afirma que os técnicos "seguem trabalhando para reconstruir trechos da rede elétrica danificados e restabelecer o serviço", mas sem dar um prazo para restabelecimento total da energia.
A região central de São Paulo tem áreas totalmente apagadas. Enquanto, por exemplo, as ruas Bento Freitas (próxima ao Largo do Arouche), Treze de Maio (no Bixiga) e a avenida Brigadeiro Luis Antônio têm comércios movimentados e iluminados, ruas próximas continuavam sem energia no início da noite de hoje. Nas ruas Santa Madalena e Pedroso, há comércios sem energia desde ontem.
"Já viu chapa à luz de vela?", questiona Antonio Araujo, 45. Morador da região, o caixa de restaurantes chegou no bar para ser atendido e diz que está sem energia desde ontem. Araujo diz achar "uma vergonha" não ter chegado a energia logo, ainda mais pela região ter vários comércios.
A região de Pinheiros (zona oeste) também tem pontos sem luz. A rua dos Pinheiros, conhecida por seus bares e restaurantes, teve a energia restabelecida na tarde de hoje. Em comparação, a poucos metros do fim da rua, o McDonald's, no cruzamento da avenida Rebouças com rua Henrique Schaumann se encontrava completamente apagado por volta das 20h.
Às 21h, semáforos do bairro de Pinheiros seguiam inoperantes. A reportagem flagrou falta de sinalização de trânsito nas ruas João Moura e Alves Guimarães com a avenida Rebouças em decorrência do apagão na capital.
UBS sem luz na Barra Funda. Na rua Vitorino Camilo, na Barra Funda (zona oeste), a UBS Santa Cecília estava sem energia às 22h, conforme constatou o UOL. O posto de saúde, que também armazena vacinas, não funcionou neste sábado.
Moradores de um prédio em frente ao posto de saúde dizem que a Enel não dá previsão de retorno da luz. "Ontem vieram alguns funcionários da Enel, viram o que tinha estourado e foram embora", disse Damião Silva, 55, zelador do edifício.
"Minhas pernas estão até fracas de tanto subir escada", afirmou o representante comercial João Alfredo, 62, morador do prédio à frente e que mora no 11º andar. "No tempo da Eletropaulo, isso não acontecia", comentou.
Falha até mesmo na previsão de restabelecimento
Previsões indicam momentos distintos para a volta da energia. Mais cedo, o presidente da Enel, Guilherme Lencastre, descartou confirmar um prazo: "Não quero passar uma previsão para vocês sobre a qual eu não tenho evidência real que vamos conseguir atender".
Moradores da Pompeia (zona oeste) relataram indicação de restabelecimento apenas na próxima quinta-feira (17). A previsão causou apreensão na vizinhança da empresária Cely Giraldes. Após a previsão, o sistema da Enel passou a não destacar novos prazos, segundo ela.
Quando você confirma todos os dados, aparece uma mensagem de que estão congestionados. Não abrem um chamado e entra no link para a agência virtual ou o aplicativo deles.
Cely Giraldes, moradora da Pompeia
Enel alega que um erro ocasionou falha nas previsões. Em nota, a concessionária relata que houve uma "falha na programação da resposta automática do canal de atendimento pelo WhatsApp". Segundo a Enel, a questão já foi corrigida.
Prejuízos. Cely afirma que vai precisar descartar um mês de marmitas que estavam congeladas. "Eu não tenho mais confiança, porque já são 24 horas sem a refrigeração adequada", lamenta. Ela também avalia que a persistência do apagão até a próxima semana seria prejudicial para sua atividade profissional, que exige uso de computador.
Estabelecimentos relatam incertezas. Na Mano Pizzaria, na rua Santa Madalena, uma atendente diz que a Enel não deu previsão para volta da energia e que não sabem o que farão se ficarem mais um dia sem energia. A sorte é que o forno é à lenha e o local funciona com entregas, disse a funcionária ao UOL.
Situação é observada por toda a região central. O bar Igarati, na rua Pedroso, também estava sem energia desde ontem e aproveitava a luz do fim da tarde para manter as portas abertas, em funcionamento. A geladeira ainda mantinha cerveja e água frias, mas os funcionários não sabiam até quando. Eles dizem estar dependentes de uma previsão de retomada.
"Não temos certeza". Gabriel Ferreira, 18, que é atendente do Macuxis Hotel (que fica na mesma rua Pedroso), diz que a última previsão da Enel era de a energia voltaria hoje, entre 8h e 9h. Mas até o começo da noite continuava sem luz. "Estamos aqui à base de papel [sem sistema]. A gente tem lido na internet que pode voltar só na segunda [14], umas 5h, mas não temos certeza."
oi