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Por que moda dos SUVs cupês é novo golpe contra os sedãs no Brasil

Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL
do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

11/10/2024 05h30Atualizada em 11/10/2024 21h03

O mercado automotivo vive nova onda com a crescente popularidade dos SUVs cupê, tendência que está remodelando as preferências dos consumidores e ameaçando a existência dos sedãs tradicionais. Este fenômeno, segundo especialistas, não é apenas uma questão de estilo ou moda passageira, mas reflete uma mudança nas prioridades e expectativas dos motoristas em relação ao desempenho, conforto e versatilidade dos veículos.

O que aconteceu

Os SUVs cupê, caracterizados por suas linhas de teto inclinadas e aparência robusta, estão se tornando a escolha preferida para muitos, oferecendo o espaço e a praticidade de um SUV com o design elegante de um cupê.

Esta combinação aparentemente contraditória está atraindo uma nova geração de compradores que buscam um veículo que se destaque tanto na funcionalidade quanto na estética.

O impacto dessa tendência é evidente no declínio das vendas de sedãs, especialmente nos segmentos médio e compacto. Outrora pilares do mercado automotivo, eles estão perdendo terreno para os SUVs cupê, que oferecem maior altura do solo, espaço de carga e uma postura mais dominante na estrada.

Além disso, a preferência por SUVs cupê reflete o desejo dos consumidores por veículos que se alinhem mais estreitamente com um estilo de vida ativo e aventureiro.

Os novos SUVs cupês

Citroën Basalt: o recém-chegado ao mercado brasileiro oferece um motor turbo flex de 1.0 litro, capaz de entregar até 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque. Tem preço inicial de R$ 89.990, similar ao de diversos hatches compactos.

Volkswagen Nivus: vem equipado com um motor 1.0 turbo flex de 128 cv e 20,4 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão automática de 6 velocidades. Seu design jovial e tecnologia embarcada agradaram ao público mais independente e tecnológico. Os preços vão a partir de R$ 119.990 para a versão de entrada.

Fiat Fastback: traz um motor 1.0 turbo de 130 cv e 20,4 kgfm de torque, com uma transmissão CVT que simula sete velocidades. Ele se destaca por seu amplo espaço interno e porta-malas, com preços começando em R$ 109.843.

Especialistas veem nova tendência

Segundo Cassio Pagliarini, consultor automotivo e sócio da Bright Consulting, a tendência dos SUVs cupê não mostra sinais de desaceleração, pelo contrário, com previsões indicando que mais lançamentos estão a caminho.

Os SUVs cupês estão dando mais uma mordidinha no segmento e abocanhando mais uma fatia dos sedãs, que tem como referência principal o Corolla. O brasileiro, ávido por novidades, depois de trocar umas cinco ou seis de SUV, agora tem acesso a carros cupês, que antes só tinha nos veículos premium na linha X dos BMW ou alguns Mercedes-Benz Cassio Pagliarini

Segundo a Fenabrave, em 2024, os SUVs representavam 48% do mercado, em comparação com apenas 15% dos sedãs. Isso é uma mudança drástica em relação a uma década atrás, quando os sedãs detinham uma fatia maior de 30% do mercado.

O Chevrolet Onix Plus, por exemplo, é atualmente o sedã mais vendido no Brasil, mas mesmo assim suas vendas são uma fração do que eram anos atrás. A preferência dos consumidores pelos SUVs é evidenciada pelo fato de que mesmo o quinto colocado no segmento, o Volkswagen Nivus, está vendendo volumes comparáveis aos líderes de vendas de sedãs de anos anteriores.

O mercado de sedãs também foi afetado pela descontinuação de modelos populares e a introdução de alternativas mais caras. Por exemplo, o Honda Civic, que era um competidor direto do Toyota Corolla, agora é importado e tem um preço inicial significativamente mais alto.

Os sedãs médios, que tradicionalmente ofereciam um equilíbrio entre conforto e eficiência, estão entre os mais prejudicados. Modelos como o Ford Fusion e o Chevrolet Cruze, que já foram líderes de vendas, viram suas participações de mercado diminuírem drasticamente e saíram de linha. O Nissan Sentra, por sua vez, tem enfrentado desafios semelhantes.

O segmento de sedãs compactos também não está imune a essa tendência, com veículos como o Volkswagen Virtus e o Hyundai HB20S enfrentando uma concorrência acirrada dos SUVs cupê.

Segundo Milad Kalume, consultor especialista automotivo, "é interessante pontuar que as SUVs inicialmente mataram as peruas, hoje presentes apenas em nichos de mercado. O mercado de sedãs tem vida própria, vem oscilando entre 10 e 15% de participação, e podemos observar uma evidente briga entre as SUVs e as picapes".

"Fica evidente que o SUV cupê possui um apelo mais jovem, enquanto o 'tradicional' um apelo mais familiar. A questão de ter um maior porta-malas é ofuscada quando observamos que os bancos traseiros tem altura limitada. Sob a ótica de uma família, não tem nexo você colocar mais bagagem se não consegue colocar 3 pessoas confortavelmente sentadas no banco traseiro", opinou Kalume.

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