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Incorporadora Emccamp espera IPO para 2025, após 2024 frustrar expectativas

11/10/2024 16h17

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - A incorporadora Emccamp está preparada para abrir capital na B3, e espera que uma janela se abra em 2025, disse nesta sexta-feira o presidente-executivo da companhia, Régis Guimarães Campos, após 2024 frustrar expectativas da companhia e de outras que esperavam fazer IPOs neste ano.

"O mercado fechou, acho que muito devido ao juro alto do Brasil", disse Campos à Reuters, mencionando também o patamar ainda elevado da taxa básica nos Estados Unidos. "Essas conjunturas precisam dar uma estabilizada", afirmou.

O executivo citou analistas ao indicar que há previsões de que, a partir do segundo trimestre de 2025, se inicie um movimento de abertura de mercado no país.

"E estamos prontos, assim que o mercado abrir, só estamos aguardando a janela. A gente espera que seja no ano que vem, no segundo semestre. A gente vai estar com os números muito bons, bem preparados para irmos ao mercado."

Para este ano, as possibilidade de um IPO da empresa focada na baixa renda da região Sudeste está praticamente descartada, disse o executivo. "Estamos quase em meados de outubro... A gente não vê uma tendência de abertura do mercado."

A Emccamp teve aprovado em novembro do ano passado pedido de conversão de registro de companhia aberta categoria B para A, que permite oferta de ações.

Depois de um 2023 aquecido para construtoras, com follow-ons de MRV, Tenda e Direcional, que juntas levantaram cerca de 1,66 bilhão de reais, as expectativas por uma oferta pública inicial de ações no setor neste ano eram elevadas.

Mas a deterioração da percepção fiscal doméstica e a retomada da alta nos juros, que até então vinham de um ciclo de queda, começaram a minar esperanças, com analistas indicando que o ciclo de aperto monetário pode durar pelo menos até março.

Nesta semana a Moove, subsidiária do setor de lubrificantes da Cosan, suspendeu IPO nos Estados Unidos citando "condições adversas de mercado". A empresa seria a primeira companhia brasileira a listar ações em bolsa desde 2021. Fontes disseram à Reuters que investidores expressaram receios sobre o fato da Moove estar baseada no Brasil.

O presidente da Emccamp afirmou ter confiança de que o início da flexibilização monetária nos EUA e melhores perspectivas para o Brasil a partir de 2025 abrirão espaço para uma listagem.

"A gente está preparado, tem um caixa robusto, o nosso plano de negócio vai ser cumprido com ou sem IPO... O IPO vai vir para facilitar... Nosso plano de negócio é factível com ou sem" o IPO, afirmou.

A Emccamp tentou abrir capital na B3 em 2020, mas não levou a operação para frente, dada à piora da economia.

De lá para cá, houve mudanças na alta administração da companhia, incluindo uma reorganização na semana passada que incluiu a nomeação de Campos à presidência da incorporadora e a eleição de Régis Pinheiro de Campos e Eduardo Pinheiro Campos para a presidência e a vice-presidência do conselho de administração, respectivamente.

As alterações fazem parte de um planejamento estratégico para preparar a empresa familiar sediada em Belo Horizonte para um IPO, disse a incorporadora.

A Emccamp, fundada em 1977, atua nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A incorporadora encerrou o primeiro semestre com receita líquida de 472 milhões de reais, 5,5% abaixo do apurado do mesmo período de 2023 numa performance que Campos afirmou ter sido parcialmente impactada pelo período de eleições. O lucro líquido foi de 49,7 milhões de reais, contra 2,5 milhões na primeira metade de 2023.

Ao fim de junho, a Emccamp tinha 8 mil unidades habitacionais sendo produzidas, que juntas somam um valor geral de vendas (VGV) de 2,6 bilhões de reais, segundo balanço financeiro mais recente da companhia.

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