Governo Lula pede retestagem de material de laboratório após casos de HIV
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, nesta sexta-feira (11), a retestagem de todo o material do laboratório PCS LAB, no Rio de Janeiro, após seis pacientes terem recebido transplante de órgãos infectados com o vírus HIV. Todas as unidades da empresa também foram interditadas.
O que aconteceu
O laboratório tem duas unidades no estado, em Nova Iguaçu e em Belford Roxo, segundo o site oficial da empresa. Os exames que apresentaram erroneamente "falso negativo" teriam sido feitos na unidade em Nova Iguaçu. Segundo o Ministério da Saúde, a unidade operacional do laboratório fica no IECAC (Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro).
Todos os testes feitos pelo laboratório serão encaminhados para nova análise no Hemorio, hemocentro fluminense. Além da retestagem e da interdição do laboratório, o que já havia sido divulgado pela Secretaria de Saúde do Rio, a ministra também anunciou auditoria "urgente" pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) e assistência especializada aos pacientes e familiares.
Nísia Trindade classificou o episódio como "grave situação adversa". "Prestaremos toda a assistência a essas pessoas e a seus familiares, e quero, além da solidariedade, reforçar esse compromisso do Ministério da Saúde. Ao mesmo tempo, temos o compromisso de garantir a segurança, efetividade e qualidade que são marcas indiscutíveis do Sistema Nacional de Transplantes do Brasil."
Secretaria de Saúde do Rio informou que 288 amostras de sangue dos doadores serão reavaliadas. A pasta está realizando um rastreio das amostras, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório. Uma sindicância também foi instaurada para identificar e punir os responsáveis.
A inspeção e interdição do laboratório foi feita pela Vigilância Sanitária estadual e comunicada à Anvisa, que também acompanha o caso.
A PCS LAB receberia quase R$ 11,5 milhões em um ano pelos serviços de "análise clínica e anatomia patológica" em unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro. Segundo o contrato firmado em dezembro de 2023 com o governo estadual, seriam pagos R$ 9.799.836,03 ao laboratório pelos serviços, que durariam 12 meses. Em fevereiro de 2024, porém, foram incluídas outras duas unidades de saúde no contrato, e o valor foi reajustado em R$ 1.679.459,04. O total acordado ficou em R$ 11.479.295,07.
Governador do Rio de Janeiro diz que situação é "inadmissível e sem precedentes". "Determinei total rigor e celeridade nas investigações", escreveu Cláudio Castro em publicação no X.
Entenda o caso
Seis pacientes que receberam transplante de órgãos foram infectados com o vírus HIV no Rio de Janeiro. Os casos foram revelados nesta sexta pela rádio BandNews FM e confirmados pelo UOL junto à SES-RJ (Secretaria Estadual de Saúde do Rio).
Exames feitos nos doadores apresentaram 'falso negativo'. Todos os testes foram realizados pela PCS LAB, de Nova Iguaçu (RJ), que havia sido contratada em caráter emergencial pela SES-RJ em dezembro do ano passado. Novos exames feitos pelo Hemorio comprovaram, porém, que as amostras estavam contaminadas com HIV.
Casos foram descobertos após paciente passar mal. Ele havia recebido um coração nove meses antes e chegou ao hospital com sintomas neurológicos, segundo a BandNews FM. Exames foram feitos, e o paciente teve diagnóstico positivo para HIV.