Topo
Notícias

Conteúdo publicado há
2 meses

Freira brasileira que ajudou refugiados ganha prêmio de agência da ONU

Rosita Milesi, 79, é advogada e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em Brasília - Marina Calderon/ACNUR via Reuters
Rosita Milesi, 79, é advogada e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em Brasília Imagem: Marina Calderon/ACNUR via Reuters

09/10/2024 06h58Atualizada em 09/10/2024 09h00

Rosita Milesi, uma religiosa católica brasileira, ganhou na quarta-feira (9) o prestigioso prêmio Nansen concedido pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) por seu trabalho em prol dos deslocados e refugiados. Milese é advogada e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em Brasília.

A freira brasileira Rosita Milesi ganhou na quarta-feira (9) o prestigioso prêmio Nansen concedido pelo ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) por seu trabalho em prol dos deslocados e refugiados. Milesi é advogada e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em Brasília.

A irmã Rosita, de 79 anos, ajudou milhares de pessoas a obter documentos administrativos, abrigo ou acesso ao mercado de trabalho no Brasil durante mais de 40 anos, destacou o ACNUR ao anunciar o nome da laureada.

"Decidi me dedicar aos imigrantes e refugiados. Sou inspirada pela necessidade crescente de ajudar, acolher e integrar os refugiados", declarou a religiosa em comunicado.

Não tenho medo de agir, mesmo que não consigamos tudo o que queremos.
Rosita Milesi, vencedora do prêmio Nansen

A religiosa dirige o Instituto para as Migrações e os Direitos Humanos, agência humanitária que criou em Brasília em 1999. A instituição se dedica ao atendimento jurídico e social, ao acolhimento humanitário e à integração social e ao mercado de trabalho de migrantes, requerentes de asilo, refugiados e apátridas. O foco principal são as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

O ano em que fundou o IMDH correspondeu à chegada ao Brasil de um grande fluxo de refugiados vindos de Angola, fugindo da guerra civil que durou até 2002. De 1990 até 2002 calcula-se que 2.300 angolanos tenham pedido refúgio no Estado brasileiro, de acordo com a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro.

Mulheres recompensadas

Quatro representantes regionais também foram premiadas ao lado da brasileira. "Com muita frequência, as mulheres enfrentam riscos elevados de discriminação e violência, especialmente quando são forçadas a fugir", declarou Filippo Grandi, alto-comissário da ONU para os Refugiados. "Mas essas cinco laureadas mostram que as mulheres também desempenham um papel essencial na resposta humanitária e na busca por soluções", destacou Grandi.

As quatro laureadas regionais são:

  • Maimouna Ba, uma ativista do Burkina Faso que ajudou mais de 100 crianças deslocadas a retornarem à escola;
  • Jin Davod, uma refugiada síria que criou uma plataforma online para conectar milhares de sobreviventes com terapeutas;
  • Nada Fadol, uma refugiada sudanesa que mobilizou ajuda para centenas de famílias de refugiados fugindo para o Egito;
  • Deepti Gurung, que fez campanha para reformar as leis sobre cidadania no Nepal depois de descobrir que suas filhas se tornaram apátridas.

O povo moldavo recebeu uma menção honrosa por seus esforços coletivos para acolher mais de um milhão de pessoas fugindo da guerra na vizinha Ucrânia. Os prêmios serão entregues em uma cerimônia em Genebra no dia 14 de outubro.

Criado em 1954, o prêmio de US$ 100 mil (cerca de R$ 550 mil, na cotação atual) leva o nome do explorador polar norueguês Fridtjof Nansen, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1922. Ele foi o primeiro alto comissário para os refugiados da Sociedade das Nações, precursora da ONU.

Notícias