MP denuncia 7 pessoas por tortura e morte de candidata e irmã em MT
O Ministério Público de Mato Grosso denunciou sete pessoas envolvidas no sequestro e na morte das irmãs Rayane Alves Porto, 25, candidata a vereadora, e Rithiele Alves Porto, 28. O caso aconteceu em Porto Esperidião (MT) em 14 de setembro.
O que aconteceu
Cinco homens e duas mulheres foram denunciados. O MP ofereceu denúncia contra Rosilvado Silva do Nascimento (vulgo Badá), Maikon Douglas Gonçalves Roda (vulgo MD), Ana Claudia Costa Silva (vulgo Kaka), Lucas dos Santos Justiniano (vulgo Gordim), Adrian Ray Rico Lemes da Silva (vulgo TR), Rosicléia da Silva e Matheus da Silva Campos (vulgo Pogba). O Minstério Público acrescentou que também houve envolvimento de, pelo menos, oito adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos.
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Grupo foi denunciado por seis crimes. O Ministério Público denunciou o grupo por associação criminosa qualificada, tortura, extorsão mediante sequestro com resultado morte, extorsão mediante sequestro com resultado lesão corporal grave, extorsão mediante sequestro qualificado e roubo.
Grupo se uniu para levar vítimas ao "tribunal do crime" e lhes aplicarem um "salve" - uma espécie de julgamento interno das facções criminosas. Os denunciados, que são ligados a uma facção, souberam que Rithele e Rayane apareceram em uma foto fazendo gestos com as mãos que seriam uma alusão a uma facção rival. Os suspeitos então sequestraram as mulheres, o irmão delas e outros dois homens para obter mais informações da possível associação das vítimas ao grupo rival.
Vítimas foram sequestradas em festival e levadas para uma casa alugada. Durante a ação, os suspeitos pegaram os celulares das vítimas em busca de sinais de envolvimento com a facção rival. Ao chegarem no imóvel, as cinco vítimas foram amarradas e as mulheres tiveram seus cabelos cortados. Os denunciados começaram a agredir o grupo e ameaçá-lo, exigindo explicações. Em certo momento, as vítimas foram separadas, e os irmãos foram levados para outro cômodo, onde a tortura se intensificou.
Ação foi transmitida por chamada de vídeo para o líder do grupo. Durante as agressões, os irmãos tiveram que conversar com o mandante dos crimes, explicando o motivo da postagem em rede social. O líder do grupo seria um homem que já estava preso, segundo o delegado do caso.
Após constatarem que não havia envolvimento das vítimas com a facção rival, os denunciados decidir extorquir as famílias. O grupo fez com que as vítimas ligassem para pessoas próximas, pedindo o pagamento de resgate. No total, os suspeitos arrecadaram R$ 11 mil. Mesmo após a transferência da quantia, as vítimas não foram liberadas.
Irmãos foram esfaqueados. Rithiele e Rayane não resistiram às facadas, mas o irmão sobreviveu aos ferimentos. Os outros dois homens sequestrados conseguiram escapar do cativeiro sem sofrer lesões. Ao perceberem a fuga, os suspeitos também deixaram o local do crime, segundo a denúncia.
O UOL não conseguiu localizar a defesa dos acusados. O espaço segue aberto para manifestação.
Prisões
Todos os denunciados estão presos. Eles estão em penitenciárias em Araputanga, Cáceres e Cuiabá, todas em Mato Grosso.
Três homens e uma mulher foram presos no dia 14 de setembro e tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva (por tempo indeterminado). A decisão pela conversão da prisão dos maiores de 18 anos foi assinada por Ricardo Garcia Maziero, juiz plantonista de Porto Esperidião.
O magistrado também analisou os autos de apreensão dos cinco adolescentes detidos por suspeita de envolvimento no caso. Ele aplicou a medida socioeducativa de internação dos adolescentes pelo prazo de 45 dias para posterior análise do juiz Marcos André da Silva, competente pela Vara da Infância da Comarca. Outros detalhes não foram passados porque o processo tramita em sigilo por envolver adolescentes.
Dez suspeitos de envolvimentos no crime foram presos no dia do crime. Uma adolescente foi liberada porque "não tinha elementos suficientes que comprovassem que ela estava no local" do crime, esclareceu ao UOL o delegado Higo Rafael Ferreira, que está à frente do caso.
Delegado concluiu que o crime não teve motivação política. Também não há indícios de que as vítimas tenham envolvimento com algo ilícito, de acordo com a polícia.