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Senado aprova Galípolo como presidente do Banco Central

do UOL

Do UOL, em Brasília

08/10/2024 10h31Atualizada em 08/10/2024 17h48

O Senado aprovou, nesta terça-feira (8), a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. Mais cedo o nome dele foi aprovado por unanimidade na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) após sabatina.

O que aconteceu

Nome do economista foi aprovado por 66 votos favoráveis e 5 votos contrários. A votação foi nominal, mas secreta. Na CAE, a recomendação foi aprovada por unanimidade, com 26 votos favoráveis. A indicação de Galípolo foi relatada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Sabatina durou cerca de 4 horas. Durante esse período, Galípolo foi chamado de "presidente" por senadores do governo e oposição que destacavam a aprovação certa. O economista foi questionado diversas vezes sobre a taxa de juros, possíveis pressões políticas nas decisões do Banco Central, autonomia da instituição e as bets.

Eu jamais sofri. Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim, sobre qualquer tipo de decisão.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central

O governo Lula indicou Galípolo para assumir o cargo no lugar de Roberto Campos Neto em agosto. O atual presidente do BC foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um mandato de quatro anos, que terminará em 31 de dezembro de 2024.

"Beija-mão" com os senadores garantiu a aprovação de Galípolo. Desde que foi indicado, o diretor de Política Monetária do BC iniciou um corpo a corpo com senadores do governo e oposição para angariar apoios a seu nome.

Peregrinação terminou com Pacheco. A última visita de Galípolo foi na segunda para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de Wagner.

Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei, de forma enfática e clara, a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, no discurso de abertura da sabatina

BC não tem função de regulamentar bets. Questionado sobre a regulação de jogos e apostas online, Galípolo afirmou que a instituição "não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets, não é o papel do Banco Central".

Eu confesso aqui que, nas primeiras reuniões, quando os números me foram apresentados, eu tive uma grande desconfiança sobre os números, e a cada reunião aqueles números vinham se confirmando até chegar ao montante que ficou público no estudo que o Banco Central fez, mas sempre reforçando aqui que o Banco Central não tem qualquer atribuição sobre a regulação de jogos e apostas. A nossa função é muito mais tentar entender, como o senador André Amaral colocou bem, qual é o impacto disso em consumo, em endividamento das famílias, como é que a gente consegue explicar a relação entre atividade econômica, despesas e o impacto para a inflação, o que se relaciona também com o tema da reforma tributária.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central

Economista já foi sabatinado em 2023. Não é a primeira que Galípolo passa pelo escrutínio dos senadores. Em julho do ano passado, ele precisou da aprovação dos parlamentares para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Na época, conseguiu 23 votos favoráveis e dois contrários na CAE. No plenário, foi aprovado por 39 a 12.

Lula em 'pé de guerra' com Campos Neto. O presidente da autarquia já foi criticado pelo chefe do Executivo em diversas oportunidades por conta da elevada taxa de juros. O petista afirmou que Campos Neto tem "lado político e prejudica o país". Em outra ocasião, Lula disse que as coisas "vão voltar à normalidade quando ele deixar o cargo".

Braço direito de Haddad

Galípolo é ligado ao ministro da Fazenda. Conselheiro desde a campanha eleitoral de 2021, ele fez parte da equipe de transição do governo. Após a posse, virou homem de confiança e "número dois" de Fernando Haddad ao assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Chegou ao Banco Central em 2023. Primeira das indicações de Lula para a diretoria da autoridade neste mandato, Galípolo assumiu o cargo de diretor de Política Monetária. No posto, caminha com poucas divergências em relação a Campos Neto, principal alvo das críticas recentes de Lula.

Salário de Galípolo permanecerá igual. O rendimento bruto mensal atual de R$ 18.887,14 recebido pelo diretor de política monetária do BC é o mesmo pago ao presidente da autoridade monetária. Com as deduções do Imposto de Renda (R$ 4.048,03) e da Previdência (R$ 908,86), o salário líquido fica em R$ 13.930,25. Os dados são do Portal da Transparência, referentes ao mês de maio de 2024.

Gabriel Galípolo é elogiado por Lula. Em entrevista à rádio mineira Itatiaia, o presidente rasgou elogios e disse que o indicado é "competentíssimo" e possuí "uma honestidade ímpar". Na ocasião, afirmou que Galípolo tem "todas as condições" de presidir o Banco Central.

Votou com Campos Neto para interromper ciclo de cortes da Selic. Apesar das recentres críticas de Lula à condução da política monetária, Galípolo seguiu o presidente do BC na decisão que manteve a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. "Quem está perdendo com isso é o Brasil", lamentou Lula.

Na reunião anterior, caminhou alinhado com os indicados por Lula. A divisão entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) resultou na queda de 0,5 ponto percentual da Selic, para 10,5% ao ano. Os nomes mais próximos do governo defenderam um recuou de 0,75 ponto percentual.

Manifestações mostram Galípolo alinhado com Roberto Campos Neto. Após a última reunião que decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano, ele passou a defender os termos da ata do Copom e afirmar que eventuais elevações não estão descartadas para manter o controle da inflação. Para Galipolo, a autoridade monetária está "dependente de dados" para as futuras definições sobre a Selic.

A indicação ainda será avaliada pelo Senado Federal. Cabe aos parlamentares definir as escolhas do Executivo para a presidência do Banco Central e o substituto de Galipolo no cargo de diretor de polícia monetária da instituição. Por isso, Lula defendeu que conversaria antecipadamente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para agilizar a tramitação.

Trajetória

Indicado para o BC Iniciou a carreira como professor. Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia pela PUC-SP (Política pela Pontifícia Universidade Católica), Galípolo deu aulas na instituição entre 2006 e 2012.

Atuação pública começou no governo de São Paulo. Em 2007, ele conciliou as salas de aula com o comando da assessoria econômica da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, sob a gestão do ex-governador José Serra.

Em 2008, chegou à Secretaria de Economia do Estado. Já no governo, trocou de posto para assumir a unidade de estruturação de projetos de concessão e PPP (Parceria Público-Privada).

Abriu a própria consultoria em 2009. O diretor do BC manteve a atuação com a criação de um escritório para desenvolver estudos de viabilidade para projetos de concessões. Foi também conselheiro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Presidiu o Banco Fator entre 2017 e 2021. À frente da instituição financeira, comandou estudos para privatizações de desestatizações. Um dos processos resultou na venda da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).

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