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Relator faz parecer por aprovação de Galípolo como presidente do BC

Gabriel Galípolo durante sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.  - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Gabriel Galípolo durante sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado
do UOL

Do UOL, em Brasília

08/10/2024 10h31

O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), relator da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, recomendou a condução do economista para o comando da instituição. O atual diretor de Política Monetária do BC está participando de sabatina na manhã desta terça-feira (8) na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.

O que aconteceu

O governo Lula indicou Galípolo para assumir o cargo no lugar de Roberto Campos Neto em agosto. O atual presidente do BC foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um mandato de 4 anos, que terminará em 31 de dezembro de 2024. O nome do economista precisa ser aprovado pela CAE e depois pelo plenário do Senado.

"Beija-mão" com os senadores garantiu a aprovação de Galípolo. Desde que foi indicado, o diretor de Política Monetária do BC iniciou um corpo a corpo com senadores do governo e oposição para angariar apoios a seu nome.

Peregrinação terminou com Pacheco. A última visita de Galípolo foi na segunda para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de Wagner.

Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara, a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem estar de cada brasileiro.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, no discurso de abertura da sabatina.

BC não tem função de regulamentar bets. Questionado sobre a regulação de jogos e apostas online, Galípolo afirmou que a instituição "não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets, não é o papel do Banco Central".

Eu confesso aqui que, nas primeiras reuniões, quando os números me foram apresentados, eu tive uma grande desconfiança sobre os números, e a cada reunião aqueles números vinham se confirmando até chegar ao montante que ficou público no estudo que o Banco Central fez, mas sempre reforçando aqui que o Banco Central não tem qualquer atribuição sobre a regulação de jogos e apostas. A nossa função é muito mais tentar entender, como o Senador André Amaral colocou bem, qual é o impacto disso em consumo, em endividamento das famílias, como é que a gente consegue explicar a relação entre atividade econômica, despesas e o impacto para a inflação, o que se relaciona também com o tema da reforma tributária.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central.

Economista já foi sabatinado em 2023. Não é a primeira que Galípolo passa pelo escrutínio dos senadores. Em julho do ano passado, ele precisou da aprovação dos parlamentares para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Na época, conseguiu 23 votos favoráveis e dois contrários na CAE. No plenário, foi aprovado por 39 a 12.

Lula em 'pé de guerra' com Campos Neto. O presidente da autarquia já foi criticado pelo chefe do Executivo em diversas oportunidades por conta da elevada taxa de juros. O petista afirmou que Campos Neto tem "lado político e prejudica o país". Em outra ocasião, Lula disse que as coisas "vão voltar à normalidade quando ele deixar o cargo".

Braço direito de Haddad

Galípolo é ligado ao ministro da Fazenda. Conselheiro desde a campanha eleitoral de 2021, ele fez parte da equipe de transição do governo. Após a posse, virou homem de confiança e "número dois" de Fernando Haddad ao assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Chegou ao Banco Central em 2023. Primeira das indicações de Lula para a diretoria da autoridade neste mandato, Galípolo assumiu o cargo de diretor de Política Monetária. No posto, caminha com poucas divergências em relação a Campos Neto, principal alvo das críticas recentes de Lula.

Salário de Galípolo permanecerá igual. O rendimento bruto mensal atual de R$ 18.887,14 recebido pelo diretor de política monetária do BC é o mesmo pago ao presidente da autoridade monetária. Com as deduções do Imposto de Renda (R$ 4.048,03) e da Previdência (R$ 908,86), o salário líquido fica em R$ 13.930,25. Os dados são do Portal da Transparência, referentes ao mês de maio de 2024.

Gabriel Galípolo é elogiado por Lula. Em entrevista à rádio mineira Itatiaia, o presidente rasgou elogios e disse que o indicado é "competentíssimo" e possuí "uma honestidade ímpar". Na ocasião, afirmou que Galípolo tem "todas as condições" de presidir o Banco Central.

Votou com Campos Neto para interromper ciclo de cortes da Selic. Apesar das recentres críticas de Lula à condução da política monetária, Galípolo seguiu o presidente do BC na decisão que manteve a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. "Quem está perdendo com isso é o Brasil", lamentou Lula.

Na reunião anterior, caminhou alinhado com os indicados por Lula. A divisão entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) resultou na queda de 0,5 ponto percentual da Selic, para 10,5% ao ano. Os nomes mais próximos do governo defenderam um recuou de 0,75 ponto percentual.

Manifestações mostram Galípolo alinhado com Roberto Campos Neto. Após a última reunião que decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano, ele passou a defender os termos da ata do Copom e afirmar que eventuais elevações não estão descartadas para manter o controle da inflação. Para Galipolo, a autoridade monetária está "dependente de dados" para as futuras definições sobre a Selic.

A indicação ainda será avaliada pelo Senado Federal. Cabe aos parlamentares definir as escolhas do Executivo para a presidência do Banco Central e o substituto de Galipolo no cargo de diretor de polícia monetária da instituição. Por isso, Lula defendeu que conversaria antecipadamente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para agilizar a tramitação.

Trajetória

Indicado para o BC Iniciou a carreira como professor. Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia pela PUC-SP (Política pela Pontifícia Universidade Católica), Galípolo deu aulas na instituição entre 2006 e 2012.

Atuação pública começou no governo de São Paulo. Em 2007, ele conciliou as salas de aula com o comando da assessoria econômica da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, sob a gestão do ex-governador José Serra.

Em 2008, chegou à Secretaria de Economia do Estado. Já no governo, trocou de posto para assumir a unidade de estruturação de projetos de concessão e PPP (Parceria Público-Privada).

Abriu a própria consultoria em 2009. O diretor do BC manteve a atuação com a criação de um escritório para desenvolver estudos de viabilidade para projetos de concessões. Foi também conselheiro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Presidiu o Banco Fator entre 2017 e 2021. À frente da instituição financeira, comandou estudos para privatizações de desestatizações. Um dos processos resultou na venda da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).

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