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Morta em roubo dias antes de casamento será enterrada com vestido de noiva

Francisca Marcela da Silva Ribeiro, 33, foi morta após ser baleada com um tiro nas costas durante um assalto em SP - Reprodução/Instagram
Francisca Marcela da Silva Ribeiro, 33, foi morta após ser baleada com um tiro nas costas durante um assalto em SP Imagem: Reprodução/Instagram

Francisca Marcela da Silva Ribeiro, 33, que morreu após ser baleada com um tiro nas costas durante um assalto, será enterrada com o vestido de noiva que usaria no seu casamento, marcado para o dia 26 de outubro. O crime ocorreu no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, no domingo (6).

O que aconteceu

O companheiro da vítima e condutor da motocicleta, Wilker Michael, compartilhou uma publicação com a informação no Instagram. "Esse seria o vestido do seu grande dia que agora será o vestido do seu enterro. Nós iremos lutar para que a justiça seja feita. Isso não ficará impune", diz a postagem. Um dia antes da morte, a mulher provou o vestido e disse para o noivo que teria que fazer a barra porque era "muito baixinha", disse Wilker ao SP1 (TV Globo).

Companheiro da vítima diz que o tiro que atingiu Marcela foi disparado por um policial militar de folga que estava no posto de gasolina e observou a ação criminosa. O homem alega que o agente apontou a arma em direção ao casal após a fuga dos criminosos.

Segundo o noivo, ele sentiu a companheira tocando no ombro ele e pedindo para entregar a moto porque era um assalto. "Aí eu olho para trás, já levanto a mão, vejo o cara com arma na minha cara e ele começa a gritar 'entrega tudo'", relatou. Wilker ainda contou que viu o policial indo na direção dos criminosos e se recordou de pedir para que o agente deixasse os ladrões levarem a motocicleta.

O policial dá alguns passos, pega a visão do bandido correndo e abre fogo. Só que eu olhando isso, ele olha para a gente, faz o movimento de virar, corre um pouquinho, se posiciona, mira em mim e dá um disparo que passa por cima da minha cabeça e dois em direção dela. Aí eu só lembro de gritar e falar: 'para, para, para. É a minha esposa, calma'. Aí eu só lembro de ter ouvido no meu capacete, através do intercomunicador: 'Amor, tomei um tiro'.
Wilker Michael à emissora

Francisca Marcela da Silva Ribeiro, 33, e o noivo Wilker Michael, de 32 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Francisca Marcela da Silva Ribeiro, 33, e o noivo Wilker Michael, de 32
Imagem: Reprodução/Instagram

Wilker disse à emissora que questionou o PM sobre a atitude. "Ele olha para mim sem nenhuma expressão de dor, de arrependimento. Expressão fria, só desviou o olhar. Em nenhum momento ele veio olhar para o rosto dela, pedir desculpa, perdão", disse.

No boletim de ocorrência, o PM disse que estava abastecendo o carro quando ouviu alguém anunciar que era um assalto. Ele afirmou que foi cercado por dez bandidos e que só sacou a arma depois que viu que os criminosos estavam armados. O agente ainda relatou que trocou tiros, mas não sabia informar quantos disparos realizou, acrescentando que achou que o assalto era ao posto e não a algum motociclista. Ainda contou que estava rodeado de motociclistas, com roupas escuras e capacete, "não sendo possível ter identificado alguma vítima de pronto".

A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo não comentou a acusação do noivo. Em nota, a pasta informou que foi aberto um inquérito policial para apurar o caso, bem como um IPM (Inquérito Policial Militar). Conforme a SSP, dois homens foram presos em flagrante após roubarem a motocicleta. Eles também afirmaram que a polícia analisa as imagens das câmeras de segurança e realiza diligências para esclarecer o fato. O caso é investigado pelo 26º DP (Sacomã).

Wilker e Marcela tinham um relacionamento há quase oito anos. "Dói. Uma dor que não quer ir embora, uma dor que se recusa a aceitar que não vou mais te abraçar. Hoje eu me apego em um pedaço da manga da sua camiseta, a lembrança do seu jeito de me fazer feliz, pois foram as coisas que me restaram para me apegar. Você sempre me disse que eu era grande e forte, mas me sinto minúsculo, fraco e frágil", escreveu o noivo nas redes sociais. Além do noivo, a vítima deixa dois filhos.

Entenda o caso

Suspeitos cercaram um casal que estava calibrando o pneu de uma moto e anunciaram o assalto. O caso aconteceu em um posto da rua Malvina Ferrara Samarone por volta das 6h, segundo ocorrência da Polícia Militar.

Um policial militar de folga que estava no local presenciou o crime e reagiu. Houve troca de tiros, informaram testemunhas à Polícia Civil.

Francisca Marcela da Silva Ribeiro, que era passageira da moto, foi baleada nas costas. Ela chegou a ser socorrida para o Hospital Heliópolis, mas morreu. Não há confirmação oficial sobre se o tiro que a atingiu foi disparado pelo policial ou por algum dos assaltantes.

O marido dela, um homem de 32 anos, também foi baleado e socorrido.

À polícia, o marido de Francisca afirmou que não reagiu ao assalto. Ele disse que o criminoso estava deixando o local na motocicleta roubada quando o PM começou a atirar. À polícia, ele disse acreditar que a esposa foi atingida pelo tiro do PM e acreditou que houve despreparo do policial para lidar com a situação.

Suspeitos conseguiram fugir, mas foram presos após dar entrada em hospital. Os homens foram identificados como Pedro Henrique de Oliveira da Silva, 20, e Gustavo Pereira Bortolotti, 22. O UOL não encontrou até o momento as defesas deles. À Polícia Civil, Gustavo afirmou que não participou do assalto e disse que foi baleado após se envolver em uma briga em um baile.

O PM que atirou afirmou à Polícia Civil que fez os disparos porque temeu pela própria vida. Ele disse que acreditou que os suspeitos tinham anunciado o assalto ao posto, e não a outros motociclistas, e afirmou que sacou a arma após ver um dos suspeitos com uma arma de fogo.

A ocorrência da PM foi registrada como "roubo tentado de veículo". A SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo informou que "a autoridade policial do 26º DP (Sacomã) requisitou exames periciais e registrou o caso como roubo de veículo, apreensão e entrega de objeto, morte suspeita e legítima defesa. A Polícia Militar acompanha as investigações."

Rede responsável pelo posto diz que se solidariza com a família e amigos da vítima. "As autoridades e o Samu foram imediatamente acionados, mas, infelizmente, a vítima não resistiu. Em respeito à família da vítima e aos funcionários, o posto permanecerá fechado nesta data", declarou a empresa.

A defesa do PM não foi encontrada para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

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