Dupla de cientistas leva Nobel de Física por avanços pioneiros na área de Inteligência Artificial
O americano John Hopfield e o britânico-canadense Geoffrey Hinton foram recompensados nesta terça-feira (8) com o prêmio Nobel de Física por seus trabalhos vanguardistas sobre a aprendizagem automática, uma ferramenta empregada no desenvolvimento da Inteligência Artificial. A dupla concentrava sua pesquisa sobre o tema desde os anos 1980.
"Os dois ganhadores do prêmio Nobel de Física desse ano empregaram ferramentas da física para desenvolver métodos que são a base dos potentes sistemas de aprendizagem automática de hoje em dia", indicou o júri em um comunicado.
Hopfield, 91 anos, professor na Universidade de Princeton, e Hinton, 76 anos, professor da Universidade de Toronto, foram premiados "por suas descobertas e invenções fundamentais (...) utilizando redes neuronais artificiais", reiterou o júri.
Segundo a presidente do Comitê do Prêmio Nobel de Física, Ellen Moons, a dupla de cientistas utilizou conceitos fundamentais da física estatística para desenhar redes neuronais artificiais, inspiradas em neurônios do cérebro humano. O mecanismo "funciona como memórias associativas e descobre padrões em grandes conjuntos de dados", explicou.
Essas redes neuronais artificiais foram utilizadas para avançar na investigação em campos tão diversos como a física de partículas, a ciência de materiais e a astrofísica. "Tornaram-se parte de nossa vida diária", acrescentou Moons.
Preocupação com o futuro da Inteligência Artificial
"Estou impressionado. Não imaginava que isso pudesse acontecer", reagiu Hinton sobre a recompensa.
O professor da Universidade de Toronto reconheceu que é um ávido usuário de ferramentas como o ChatGPT, mas também admitiu que se preocupa com as possíveis repercussões da tecnologia que ajudou a gerar. "Temo que a consequência geral de tudo isto sejam sistemas mais inteligentes do que nós, que acabem por assumir o controle", acrescentou o investigador.
Comitê do Prêmio Nobel de Física também evocou a preocupação, afirmando que o trabalho da dupla recompensada é um novo instrumento "que podemos escolher usar para bons propósitos". Segundo a organização, a forma como as descobertas de Hopfield e Hinton serão exploradas dependerá "de como nós, humanos, escolhemos utilizar estas ferramentas incrivelmente poderosas, já presentes em muitos aspectos das nossas vidas".
Esse é o segundo Nobel da temporada, depois de o Nobel de Medicina ter sido concedido na segunda-feira (7) aos cientistas americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun. A dupla foi premiada por sua descoberta do microRNA e seu papel na regulação dos genes.
No ano passado, o prêmio Nobel de Física foi concedido à franco-sueca Anne L'Huillier, ao francês Pierre Agostini e ao austro-húngaro Ferenc Kraus por sua pesquisa sobre as ferramentas para explorar os elétrons dentro de átomos e moléculas.
(Com informações da AFP)