Topo
Notícias

Frustração com pacote chinês faz Bolsa cair e dólar subir nesta terça-feira

do UOL

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

08/10/2024 10h12Atualizada em 08/10/2024 12h48

A Bolsa de Valores de São Paulo trabalha nesta terça-feira (08) em queda. Por volta do meio-dia, a baixa era de 0,53%, com o Ibovespa indo a 131.321 pontos. O que mais impacta o mercado hoje é a decepção com as novas medidas de estímulo econômico na China. Os investidores também estão de olho na sabatina de Gabriel Galípolo, na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).

O dólar tinha alta de 0,74%, indo a R$ 5,526. O dólar turismo ia a R$ 5,72.

O que está acontecendo?

O mercado esperava que mais medidas de estímulo à economia chinesa fossem anunciadas ontem à noite (horário daqui). Altos funcionários da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma falaram com repórteres, mas apenas comentaram detalhes do plano que já havia sido anunciado antes do feriado de uma semana que terminou nesta terça.

A única novidade decepcionou. O governo chinês adiantará 100 bilhões de yuans (cerca de US$ 14,1 bilhões) do orçamento de investimento de 2025. Outros 100 bilhões de yuans serão destinados a projetos de construção. Especialistas esperavam um anúncio na casa dos trilhões no curto prazo. Na primeira reação negativa, no início da madrugada brasileira, o minério de ferro caia mais de 4%.

No pregão de segunda-feira, muitos investidores se anteciparam e compraram ações da Vale (VALE3). A expectativa era ganhar com a alta do minério, que seria provocada por um pacote de medidas mais robusto. "A China é o principal consumidor global de produtos básicos, e quando ela enfrenta dificuldades, o impacto é sentido em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. Se a China vai mal, isso afeta todos os mercados. Por aqui, não poderia ser diferente", diz Ítalo Neiva, sócio da Choice Investimentos. A China é a maior compradora dos produtos de exportação brasileiros.

Na mesma hora, VALE3 tinha queda de 3,74%, chegando a R$ 60,67.

Além disso, outros fatores internacionais causam mais pessimismo. A alta do petróleo — que ontem passou de US$ 80 o barril — pode jogar um balde de água fria nos cortes de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). Impulsionada pelas chances de um ataque de Israel ao Irã e da proximidade do furacão Milton em relação à costa da Flórida, inflação nos EUA pode voltar a crescer.

Por isso, quase ninguém mais aposta em um corte de meio ponto percentual em dezembro. E já começam a pipocar chances de que o corte não seja feito — o que é ruim para o Brasil e outros mercados emergentes.

Enquanto os juros americanos continuam altos, os investidores mundiais não saem do Tesouro Americano para se arriscar em Bolsas como a brasileira. Por isso, o volume do Ibovespa tem se mantido baixo. Ontem foi de R$ 17,9 bilhões. A média anual diária é de R$ 23,3 bilhões.

Esse impacto inflacionário faz o dólar subir. Com a fuga para ativos mais defensivos desencadeada pela crise no Oriente Médio e as apostas bem mais conservadoras para o Fed, o real se deprecia.

Petróleo

Hoje, entretanto, as cotações do combustível estão em baixa. A queda era superior a 4% no momento. O reflexo negativo disso é a queda nas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). Por volta de 12h, PETR3 ia para R$ 40,92, caindo 2,71%, enquanto PETR4 desvalorizava 2,53%, para R$ 37,40

Em Brasília

A sabatina de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao BC acontece agora. Ao Senado, ele disse que o presidente garantiu que ele terá liberdade para tomar decisões à frente do cargo, privilegiando o interesse do povo brasileiro. Acompanhe ao vivo aqui.

Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões, e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro

Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central do Brasil

Notícias