Um ano após ataque do Hamas, manifestação na Cisjordânia celebra 'resistência' a Israel
"Detenham o genocídio". Carregando cartazes com este lema e bandeiras libanesas e palestinas, cerca de 400 pessoas se concentraram nesta segunda-feira (7) em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, para o primeiro aniversário do letal ataque do Hamas contra o sul de Israel, massacre que desencadeou a guerra em Gaza.
"Viemos para levantar a voz e dizer que a luta palestina continua e que o 7 de outubro nos fez passar da humilhação à dignidade e ao orgulho", declarou à AFP um homem que preferiu não se identificar.
Outra manifestante, Afaf Ghatasha, membro do esquerdista Partido do Povo Palestino, considerou que o ataque do movimento islamista "mudou o curso da causa palestina, da região e do mundo".
"O mundo não terá estabilidade até que a ocupação tenha terminado e um Estado palestino tenha sido criado", acrescentou.
O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem os mortos em cativeiro na Faixa de Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 97 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 declaradas mortas pelo Exército israelense.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já matou mais de 41.900 palestinos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, os quais a ONU considera confiáveis.
- Funeral do "direito internacional" -
"Viemos para lembrar nossos mártires, desejar a cura dos nossos feridos e saudar a resistência [a Israel], seja palestina, libanesa, iraquiana ou iemenita, por sua luta no último ano", resumiu Jamila Johar, que afirmou esperar que seu povo se levante com "a vitória".
Entre a multidão, alguns manifestantes carregavam um falso caixão que tinha escrito "direito internacional" e "Liga Árabe".
Outros traziam fotos de Hassan Nasrallah, chefe do movimento islamista libanês Hezbollah que morreu em um bombardeio israelense contra um subúrbio do sul de Beirute no dia 27 de setembro.
Em torno da praça central da cidade, onde fica a sede da Autoridade Palestina, rival do Hamas, em meio à multidão e às bandeiras libanesas, iraquianas e iemenitas, surgiam bandeirinhas do Hezbollah e cartazes do Hamas, dois movimentos considerados "terroristas" por Israel e pelos Estados Unidos.
Em 8 de outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel na fronteira sul do Líbano em apoio ao Hamas. Desde o início da guerra em Gaza, grupos armados iraquianos e os rebeldes huthis do Iêmen realizaram ataques com mísseis e drones contra Israel. Assim como o Hamas e o Hezbollah, estes grupos também são apoiados pelo Irã.
Jornalistas da AFP também ouviram manifestantes entoando lemas em homenagem aos "soldados do Hezbollah" ou a Mohamed Deif, o chefe do braço armado do Hamas, que Israel afirma ter matado em julho em um bombardeio na Faixa de Gaza. O Hamas, no entanto, não confirmou sua morte até o momento.
Vários jovens, alguns encapuzados, pisotearam bandeiras americanas e queimaram uma bandeira israelense.
No último ano, a violência se intensificou na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967.
Pelo menos 703 palestinos morreram na Cisjordânia desde 7 de outubro de 2023 por tiros de soldados ou de colonos israelenses, segundo dados do Ministério da Saúde palestino, e pelo menos 24 israelenses, incluindo soldados, perderam a vida em ataques ou atentados palestinos ou em operações militares, de acordo com dados oficiais de Israel.
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