México: prefeito de cidade do sul do país é assassinado e decapitado 6 dias após eleição
Alejandro Arcos Catalan, prefeito de Chilpancingo, capital do estado de Guerrero, no sul do México, foi assassinado seis dias após assumir o cargo, anunciaram as autoridades locais no domingo (6). O homem de 43 anos foi decapitado e sua cabeça deixada no capô de um carro, de acordo com a mídia local. A foto macabra foi compartilhada nas redes sociais, mas depois foi apagada.
"Condeno veementemente o assassinato do presidente do Conselho Municipal de Chilpancingo, Alejandro Arcos Catalan, que foi confirmado pela Procuradoria-Geral do Estado", disse Evelyn Salgado, governadora do Estado mexicano de Guerrero e membro do Movimento para a Regeneração Nacional (o partido Morena, de esquerda), na rede X.
Já o Ministério Público de Guerrero anunciou a abertura de "uma investigação sobre o crime de homicídio cometido contra Alejandro pelos fatos ocorridos em Chilpancingo".
A Procuradoria-Geral reiterou seu compromisso com o "acesso à justiça e contra a impunidade", em um país onde a maioria dos crimes fica impune.
O prefeito foi assassinado "apenas três dias depois do secretário da mesma prefeitura, Francisco Tapia", lamentou o presidente do Partido Revolucionário Institucional (PRI), de oposição, Alejandro Moreno. "Eles estavam no cargo há menos de uma semana", confirmou.
A morte foi ainda mais chocante por causa das imagens terríveis da foto da cabeça decapitada do homem de 43 anos, deixada no capô de um carro e amplamente divulgada nas redes sociais.
As três fontes oficiais não mencionaram a decapitação, mas vários sites de notícias o fizeram, inclusive o La Jornada, que é próximo ao governo mexicano, e o Reforma, que é altamente crítico ao governo atual.
Cartéis buscam "impor" candidatos
Alejandro Arcos Catalán ganhou a disputa pela prefeitura de Chilpancingo (com população de 283.354 habitantes em 2020, de acordo com números oficiais) na eleição de 2 de junho, com a chapa da aliança de oposição PRI-PRD-PAN. Dezenas de candidatos foram assassinados durante o processo eleitoral que antecedeu as eleições de 2 de junho (34, de acordo com a ONG DataCivica).
Cartéis, gangues ou quadrilhas estão tentando "impor candidatos" e fazer com que os outros saibam que "não têm o direito" de se candidatar, explicou o promotor de crimes eleitorais, Victor Serrato, durante uma reportagem da AFP em maio em Michoacan, vizinho a Guerrero.
Na rodovia entre a Cidade do México e as praias de Acapulco, Chilpancingo, como o restante do Estado de Guerrero, é palco da rivalidade entre máfias locais que lutam pelo controle do tráfico de drogas.
"A fragmentação do crime organizado, a presença de várias economias criminosas, a governança criminosa e a corrupção" explicam a violência no Estado, resume o think tank Insight Crime.
Chilpancingo fica a 16 km da escola rural de Ayotzinapa, onde 43 estudantes desapareceram há dez anos após uma noite de violência. O que é um exemplo emblemático entre os cerca de 100 mil desaparecimentos registrados no México.
O assassinato de Catalan ocorre cinco dias após a posse da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, que deve apresentar seu plano de segurança nacional na terça-feira (8).
(RFI com AFP)