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Imprensa francesa critica estratégia de Benjamin Netanyahu no Oriente Médio

07/10/2024 11h11

Um ano após o ataque do movimento islâmico Hamas contra Israel - o pior atentado da história do país -, o conflito segue intenso e sem perspectivas de paz no Oriente Médio. Em suas análises sobre esta data histórica, a imprensa francesa questiona nesta segunda-feira (7) os reais objetivos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na condução da guerra e destaca o elevado número de vítimas na Faixa de Gaza.

Em seu editorial, o jornal Le Monde afirma que o conflito se radicalizou. "A resposta de Israel ultrapassou rapidamente a legítima defesa para se transformar em uma vingança sem limite, destruindo Gaza e massacrando sua população. Esta violência mina as possibilidades de alcançar um compromisso duradouro", destaca o jornal.

Para o Le Monde, "o primeiro-ministro israelense adotou a punição coletiva contra uma população de 2 milhões de palestinos, com a destruição sistemática de suas cidades e infraestruturas, para esconder as falhas de segurança internas" que permitiram o ataque do movimento islamista. O jornal francês lembra que apesar de Israel proibir a entrada de jornalistas na Faixa de Gaza, a cobertura do conflito continuará a ocorrer do exterior. 

"O 7 de outubro se tornou a data das ilusões perdidas", observa o editorial do Libération. A publicação traz uma série de entrevistas com israelenses capazes de aceitar a paz com os vizinhos palestinos, mas constata a perda de influência da comunidade internacional sobre os acontecimentos no Oriente Médio. 

Na avaliação do Le Parisien, "o direito de viver de Israel e de se defender é sagrado e nenhuma confusão é permitida entre os agredidos e os agressores". No entanto, o diário questiona em seu editorial se Netanyahu tem alguma outra estratégia que não seja a da guerra permanente que, não por acaso, permite que ele permaneça no poder. "Um dia teremos que tentar trazer paz e esperança à região. Ou, na falta disso, um pouco de estabilidade", afirma o Le Parisien.

Fracasso da diplomacia

O diário econômico Les Echos sublinha que a diplomacia fracassou, principalmente no caso dos Estados Unidos. O presidente Joe Biden, em fim de mandato, é pressionado por uma ala do eleitorado que apoia Israel e a ala à esquerda do Partido Democrata, que denuncia o massacre de civis palestinos.

Em seu editorial, o Les Echos constata que a recente expansão das zonas de conflito resulta do trabalho aprofundado dos serviços de inteligência israelenses. Mas com o conflito se espalhando para além das fronteiras de Gaza, depois de Israel atacar o Líbano, o Irã e o Iêmen, decapitando a milícia xiita e alguns líderes do Hamas, Netanyahu elegeu a Cisjordânia como a sua "sétima frente" de batalha. "Uma corrida precipitada", diz o Les Echos, preocupado com a falta de limites do chefe de governo israelense. 

Em 24 horas, no dia 7 de outubro de 2023, 1.205 pessoas morreram em decorrência dos ataques do Hamas no sul de Israel, a maioria civis. No mesmo dia, 251 israelenses foram sequestrados pelos terroristas e levados para o cativeiro na Faixa de Gaza. A guerra desencadeada por Israel um dia depois dos massacres deixou 41.909 mortos no enclave palestino, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Desse número total, o governo israelense estima que cerca de 18 mil mortos são combatentes dos movimentos islâmicos atuantes no território, entre eles o Hamas e a Jihad Islâmica.

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