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Apesar de críticas, EUA continuam apoiando Israel no conflito em Gaza

07/10/2024 10h13

Os EUA historicamente mantiveram fortes relações bilaterais com Israel, baseadas em interesses estratégicos compartilhados, colaboração militar e um compromisso com a segurança de Israel na volátil região do Oriente Médio.

Thiago de Aragão, analista político

No conflito atual, a política dos EUA continua a afirmar o direito de Israel à autodefesa, enquanto defende esforços para minimizar as baixas civis. Esse apoio está alinhado com as posições de longa data dos EUA, apesar da crescente pressão global e doméstica para lidar com as preocupações humanitárias.

A ajuda militar dos EUA a Israel, incluindo o sistema de defesa antimísseis Iron Dome, desempenhou um papel crucial na proteção dos civis israelenses contra os ataques de foguetes do Hamas. Os EUA também forneceram apoio de inteligência e diplomático a Israel, promovendo iniciativas para restaurar a estabilidade e evitar a escalada regional.

Ao mesmo tempo que apoia a segurança de Israel, os EUA têm tentado mitigar a crise humanitária em Gaza. Essa abordagem dupla busca respeitar o direito humanitário internacional, garantindo que a ajuda chegue aos civis palestinos sem beneficiar o Hamas.

A administração Biden tem enfrentado o desafio de equilibrar o firme apoio a Israel com a crescente crítica de organizações internacionais e de alguns setores internos em relação ao impacto humanitário das operações militares israelenses em Gaza.

Para EUA, ações militares não resolvem conflito entre israelenses e palestinos

Diplomaticamente, os EUA continuam a trabalhar com atores regionais, como Egito e Catar, para mediar cessar-fogos e manter canais para a entrega de ajuda humanitária.

Os EUA oficialmente designam o Hamas como uma organização terrorista. Como tal, a política dos EUA rejeita qualquer envolvimento direto com o Hamas, enquadrando-o como uma força desestabilizadora não apenas para Israel, mas para todo o Oriente Médio.

No entanto, os EUA reconhecem as complexidades da influência do Hamas nos territórios palestinos, particularmente sua posição entrincheirada em Gaza.

Embora apoiem os esforços militares de Israel para degradar as capacidades operacionais do Hamas, as autoridades dos EUA alertaram contra ações que possam levar a uma ocupação de longo prazo de Gaza, enfatizando que apenas soluções militares não resolverão o conflito mais amplo entre israelenses e palestinos.

Os EUA estão cientes do potencial de escalada do conflito para uma guerra regional mais ampla, especialmente envolvendo o Irã, o Hezbollah e outros atores não-estatais simpáticos ao Hamas. Assim, a política dos EUA inclui engajamentos diplomáticos para evitar o transbordamento do conflito para o Líbano e além.

Além disso, os EUA têm coordenado de perto com seus aliados europeus, buscando uma resposta internacional unificada para desescalar as tensões. O foco permanece em manter a vantagem militar de Israel enquanto se defende por uma estabilidade de longo prazo na região.

Internamente, a política dos EUA em relação a Israel e ao Hamas continua sendo uma questão divisiva, com facções dentro do espectro político expressando diferentes graus de apoio às ações militares de Israel ou aos direitos dos palestinos.

A administração Biden tem enfrentado críticas tanto de defensores pró-Israel, que pedem um apoio militar mais forte, quanto de vozes progressistas que defendem contenção e um foco nos direitos humanos.

O conflito entre Israel e o Hamas também pode ter implicações significativas nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A postura da administração Biden em relação ao conflito pode influenciar o eleitorado, especialmente entre os eleitores democratas mais progressistas, que criticam o forte apoio militar a Israel e pedem mais atenção às questões humanitárias.

Por outro lado, os eleitores republicanos, em sua maioria, têm apoiado a firme defesa de Israel, o que pode reforçar a divisão entre os eleitores dos dois partidos.

A maneira como o governo lida com a crise no Oriente Médio pode se tornar um ponto central de debate durante a campanha presidencial, com os candidatos sendo pressionados a apresentar suas visões sobre o papel dos EUA no conflito e na estabilidade da região.

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