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Nunes e Boulos derrotam Marçal e vão disputar segundo turno em SP

do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/10/2024 21h08Atualizada em 06/10/2024 21h24

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) vão disputar o segundo turno das eleições paulistanas no próximo dia 27. Com 99,52% das urnas apuradas, o prefeito tem 29,49% dos votos válidos e o deputado federal, 29,06%.

O resultado das urnas neste domingo (6) põe direita e esquerda em lados opostos em São Paulo e colocará os padrinhos políticos dos dois candidatos em disputa: o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente Lula (PT). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve um papel tímido na campanha de Nunes e deve aumentar sua presença neste segundo turno.

Pablo Marçal (PRTB), que disputou a liderança com os adversários nas pesquisas ficou em terceiro lugar, com 28,14%. O ex-coach embaralhou a corrida eleitoral e o cenário político da direita com ataques e factoides contra os demais candidatos — o último deles a publicação de um prontuário médico falso contra Boulos.

Tabata Amaral (PSB) ficou em quarto lugar, com 9,93%, e já anunciou neste domingo que votará em Boulos no segundo turno. José Luiz Datena (PSDB) amargou o quinto lugar, com 1,84%. O apresentador foi a aposta dos tucanos para fortalecer o partido, que viu sua bancada na Câmara desaparecer após a debandada dos oito vereadores. A campanha tímida nas ruas de Datena, que já havia desistido outras cinco vezes de se candidatar, enfraqueceu de vez a legenda.

Já a candidata do PSB, que se lançou à prefeitura pela primeira vez, não conseguiu avançar, apesar de ter crescido nas pesquisas após confrontar os adversários, especialmente Marçal.

Em discurso na noite deste domingo, Boulos criticou Nunes e disse esperar que a cidade "vote pela mudança"

Nunes é o candidato que acredita que Bolsonaro fez tudo certo na pandemia, que no primeiro turno se colocou contra a vacina, que acredita que o 8 de Janeiro foi um encontro de senhoras, e não uma tentativa de golpe.
Guileherme Boulos (PSOL)

Vice de Nunes, o coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo (PL), disse neste domingo que "passou a fase mais difícil" da campanha. "Estamos preocupados com os eleitores dele, não com a pessoa dele", disse sobre Marçal. Sua avaliação é que a live de Bolsonaro "ajudou muito" . "O presidente Bolsonaro sempre apostou e colocou para representar a direita o Ricardo Nunes", disse.

O resultado das urnas foi comemorado por aliados de Boulos, que admitem que esperavam seguir para o segundo turno na liderança. A primeira parte da apuração foi de tensão na sala em que o candidato acompanhava a eleição — o psolista aparecia em 3º lugar até 30% das urnas serem apuradas.

Próximo passos de Nunes e Boulos

Com a derrota de Marçal, Nunes e Boulos voltam ao quadro que trabalhavam na pré-campanha. A expectativa das equipes é que os padrinhos políticos — Tarcísio e Bolsonaro para o emedebista e Lula para o psolista — entrem com mais energia nas campanhas a partir de agora. O trio deve abraçar a missão de pedir votos e costurar alianças nas próximas semanas.

Entre os aliados de Nunes, há o consenso de que ele se saiu bem, mas terá que melhorar o desempenho em debates e sabatinas futuros. Nos embates do primeiro turno, apesar de conseguir divulgar sua gestão, acabou sendo o principal alvo de críticas dos adversários.

A expectativa de Nunes no segundo turno é angariar a maior parte dos votos de Marçal e Marina Helena (Novo), que obteve 1,38% dos votos, em razão da afinidade ideológica entre eles.

A periferia continuará sendo o foco dos candidatos para o segundo turno. Os bairros dos extremos leste e sul da capital são responsáveis pelo maior número de eleitores na cidade. Historicamente, partidos de esquerda eram favoritos nessas regiões, mas desde a campanha de João Doria (hoje sem partido), em 2016, tem visto a ascensão da direita nessas áreas.

TV, padrinhos políticos e rua

O leque de apoiadores liderado por Tarcísio é trunfo da campanha de Nunes. Tarcísio teve participação constante nas agendas de rua e em ida a cultos com Nunes, também esteve na propaganda na TV e deu conselhos ao emedebista. A coligação do atual prefeito garantiu força política pela cidade — ele reúne 12 partidos, 6 mais que Boulos.

A ascensão de Marçal assustou a equipe de Nunes ao longo da campanha em razão da divisão de votos na direita. Até agosto, o atual prefeito disputava o primeiro lugar nas pesquisas com Boulos. O crescimento do ex-coach nas sondagens exigiu que o candidato à reeleição revisse a estratégia e só foi freado pela propaganda eleitoral na TV — 65% do horário era do emedebista. Nunes apresentou obras, programas e aproveitou também para atacar adversários.

Na campanha de Boulos, os apoios de Lula e da ex-prefeita e candidata a vice Marta Suplicy (PT) foram centrais. O presidente participou de agendas de rua, gravou para o horário eleitoral na TV e articulou apoios. Marta atuou nos bastidores para também atrair votos da periferia. O psolista foi um dos candidatos com mais campanha na rua.

A campanha por voto útil de apoiadores nos últimos dias foi reforçada. Boulos foi apresentado como o único candidato possível do campo progressista e foi beneficiado pela desidratação das candidaturas de Tabata e Datena. Interlocutores do psolista já previam que uma parcela dos eleitores de ambos poderiam optar pelo voto útil em Boulos para evitar um segundo turno entre Nunes e Marçal.

Quem é Ricardo Nunes

s - Saulo Pereira Guimarães/UOL - 05/10/2024 - Saulo Pereira Guimarães/UOL - 05/10/2024
Ricardo Nunes em campanha eleitoral - véspera de eleições
Imagem: Saulo Pereira Guimarães/UOL - 05/10/2024

É a primeira vez que Nunes, 56, disputa o cargo principal numa eleição municipal. Antes disso, o empresário anos foi eleito vereador em 2012 e 2016 e vice-prefeito na chapa de Bruno Covas (PSDB) em 2020.

Ele assumiu a prefeitura com a morte de Covas, em 2021, e não se elegeu deputado federal em 2014 e em 2018.

Quem é Guilherme Boulos

s - Flow Podcast no YouTube - Flow Podcast no YouTube
Boulos (PSOL) no debate do Flow News
Imagem: Flow Podcast no YouTube

É a segunda vez que Boulos, 42, disputa a Prefeitura de São Paulo. Em 2020, ele chegou ao segundo turno com Covas, conseguiu 30%, mas foi derrotado pelo tucano.

Em 2022 foi eleito deputado federal em São Paulo com mais de 1 milhão de votos. Em 2018, perdeu a disputa para a Presidência da República. Antes disso, foi coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), professor e psicanalista.

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