Paes ofusca bolsonarismo e tem chance de ser reeleito no 1º turno no Rio
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), pode ser reeleito hoje (6) para seu quarto mandato.
Apoiado pelo presidente Lula (PT), Paes liderou as pesquisas de intenção de voto com larga vantagem durante toda a campanha.
Candidato de Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) cresceu nas últimas semanas de campanha e, colado ao ex-presidente na reta final, tenta empurrar a decisão para o segundo turno.
Na véspera da eleição, as pesquisas Datafolha, Atlas e Quaest apontaram vitória de Paes no primeiro turno — o prefeito marcou entre 53% e 61% dos votos válidos.
Já Ramagem registrou entre 24% e 35,1% dos votos válidos, segundo os mesmos institutos de pesquisa.
Em terceiro lugar, está o também deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), que, por sua vez, desidratou nos últimos dias.
Liderada pelo presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), uma campanha por "voto útil" visa transferir para Paes potenciais votos dos eleitores da esquerda, que iriam para Tarcísio Motta (ex-aliado de Freixo), em uma tentativa de barrar já no primeiro turno o bolsonarismo no Rio, berço político do ex-presidente.
Paes foi alvo nos debates
A disputa do Rio teve apenas um debate com os cinco principais candidatos, realizado pela TV Globo na última quinta (3). Na pré-campanha, os postulantes participaram de um confronto realizado pela Band.
Paes não participou do debate da revista Veja para ir à sabatina de O Globo/CBN/Valor.
O prefeito foi o principal alvo nos confrontos. Ele defendeu o legado de sua gestão e repetiu que pegou uma cidade quebrada, com serviços abandonados após o governo de Marcelo Crivella (Republicanos).
Jogar parado e evitar polarização
A estratégia de Paes tem sido a de "jogar parado": rebater críticas à sua gestão e defender seu legado como prefeito.
Ele evitou nacionalizar a disputa, estratégia adotada por Ramagem e pelo também concorrente bolsonarista Rodrigo Amorim, deputado estadual pelo União Brasil, que associavam Paes a Lula.
Por diversas vezes, o candidato do PSD repetiu que quem iria governar a cidade do Rio não seria nem Lula nem Bolsonaro, mas sim o prefeito escolhido pela população.
Paes comandou a Prefeitura do Rio entre 2009 e 2016, e assumiu o terceiro mandato em 2020.
Ao longo da campanha, Paes responsabilizou o governador Cláudio Castro (PL) pelo problema da segurança pública no Rio.
Disse que seria um "risco" para a cidade eleger um político com pouca experiência e colou a imagem de Ramagem a Crivella, Castro e ao ex-governador Wilson Witzel — todos eles são ou já foram aliados de Bolsonaro.
Ramagem se vinculou a Bolsonaro
A principal aposta de Ramagem foi se apresentar como o candidato de Bolsonaro com o objetivo de ir ao segundo turno por meio de transferência de votos.
O candidato foi diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante a gestão Bolsonaro. A Polícia Federal investiga o possível uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Bolsonaro.
Ele tem a segurança pública como sua principal bandeira de campanha e culpou o prefeito pelos problemas da violência no Rio. Citou diversas vezes falhas na iluminação pública da cidade e no trabalho da Guarda Municipal, que ficam sob a alçada do prefeito.
Ramagem também responsabilizou Paes por falhas no sistema de transporte do BRT e criticou sua política de habitação.