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Macron e Netanyahu 'assumem diferenças', e premiê israelense pede apoio 'sem restrições'

Presidente francês Emmanuel Macron (à dir.) e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - Stephane Mahe/AFP
Presidente francês Emmanuel Macron (à dir.) e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu Imagem: Stephane Mahe/AFP

RFI

06/10/2024 15h47

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversou por telefone neste domingo (6) com o presidente francês, Emmanuel Macron, após ele pedir a suspensão das entregas das armas usadas na guerra em Gaza. Os dois líderes "assumem suas diferenças de opinião", mas continuam abertos ao diálogo, de acordo com um comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

"Na véspera do primeiro aniversário da ofensiva terrorista do Hamas contra Israel, o presidente expressou a solidariedade do povo francês com o povo israelense", diz o texto divulgado pela assessoria de imprensa do Palácio do Eliseu.

No sábado (5), Macron pediu a suspensão do envio de armamento usado na ofensiva israelense na Faixa de Gaza, e defendeu uma "solução política". De acordo com o presidente francês, essa medida evitaria uma "escalada" no Oriente Médio e impediria que os libaneses fossem "sacrificados", como os habitantes do enclave palestino.

Segundo o gabinete do premiê israelense, que considerou essa declaração "uma vergonha", Netanyahu disse que a imposição de qualquer embargo de armas a Israel ajudaria o Irã e suas milícias aliadas.

"O Estado judeu espera que seus amigos o apoiem e não imponham "restrições que apenas fortalecerão o eixo iraniano do mal", diz o texto, em referência às milícias aliadas na região, como o Hamas e o Hezbollah. O primeiro-ministro israelense insistiu que contava com o apoio da França sem "restrições".

"O Líbano não pode se tornar uma nova Gaza", reagiu Macron, que insistiu que "a hora do cessar-fogo em Gaza e no Líbano chegou".

"O presidente da República reiterou ao primeiro-ministro israelense que o compromisso da França com a segurança de Israel é "inabalável" e lembrou a "mobilização dos recursos militares franceses para defender Israel durante os ataques realizados pelo Irã nos últimos meses", frisa o comunicado da presidência francesa.

Israel intensificou os bombardeios em todo o Líbano e na semana passada iniciou ataques terrestres apresentados inicialmente como "limitados", que integram as operações militares contra o Hezbollah.

Netanyahu "enfatizou que as ações israelenses contra o Hezbollah criam uma oportunidade para trazer mais estabilidade ao Líbano, segurança e paz em toda a região", segundo o comunicado do gabinete do líder israelense.

Depois de um ano de combates em Gaza, Israel voltou nas últimas semanas sua atenção para o norte e o Hezbollah, aliado do Hamas que é apoiado pelo Irã, gerando temores de uma guerra total na região.

O Hamas divulgou um vídeo neste domingo para lembrar o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, na véspera do aniversário ofensiva que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

O "glorioso ataque de 7 de outubro destruiu as ilusões que o inimigo havia criado para si mesmo, convencendo o mundo e a região de sua suposta superioridade e capacidades", disse Khalil al-Hayya, membro do movimento islâmico palestino.

O ataque de 7 de outubro de 2023 a Israel por militantes palestinos do Hamas resultou na morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses, que incluem reféns mortos em cativeiro.

A ofensiva militar de Israel no enclave, em reação ao ataque, matou pelo menos 41.825 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria delas civis, de acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.

Chanceler alemão alerta para alta do antissemitismo

O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu novamente neste domingo um cessar-fogo no Oriente Médio, na véspera do primeiro aniversário do ataque do Hamas a Israel e alertou para o aumento do antissemitismo.

"Infelizmente, neste primeiro aniversário do ataque terrorista do Hamas a Israel, a paz ou mesmo a reconciliação no Oriente Médio parecem mais distantes do que nunca", declarou Scholz em uma mensagem de vídeo.

O governo alemão "continua a defender um cessar-fogo, que agora deve se concretizar", acrescentou.

Segundo ele, isso é essencial "para que a população civil da Faixa de Gaza possa ser melhor protegida e, claro, mais bem cuidada. E para que os reféns israelenses possam finalmente ser libertados."

"Os cidadãos judeus aqui na Alemanha não deveriam ter que viver com medo e terror", disse Scholz. "Nunca aceitaremos o antissemitismo e o ódio cego a Israel. Os judeus aqui na Alemanha têm a garantia da solidariedade do nosso Estado", acrescentou.

Mais de 5.000 incidentes antissemitas foram registrados na Alemanha em 2023, metade deles após os eventos de 7 de outubro, de acordo com Felix Klein, comissário do governo para a luta contra o antissemitismo.

Manifestações na Europa

Protestos foram realizados em várias cidades da Europa no fim de semana, antes do primeiro aniversário da guerra em Gaza.

Mais de 1.000 pessoas marcharam em solidariedade aos palestinos em Berlim, de acordo com a polícia. Os manifestantes gritavam "Gaza, você não está sozinho" e carregavam cartazes com os dizeres "Nada justifica o genocídio" e "Gaza livre".

Uma outra manifestação pró-Israel perto do Portão de Brandemburgo, em Berlim, atraiu cerca de 500 pessoas, segundo a polícia.

Muitos agitavam a bandeira israelense e alguns carregavam fotos de reféns mantidos pelo Hamas. Outras manifestações são esperadas na segunda-feira, inclusive em Frankfurt.

Alguns milhares de pessoas também se reuniram em Paris na tarde de domingo em apoio a Israel e às vítimas do ataque de 7 de outubro.

Vários representantes da comunidade judaica estiveram presentes e vídeos do ataque de 7 de outubro foram exibidos nos telões.

Milhares de pessoas também se reuniram em Londres em uma passeata pró-Israel neste domingo para uma homenagem às vítimas de 7 de outubro.

Com informações da AFP

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