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Ataque israelense contra mesquita mata 21 pessoas na Faixa de Gaza

Ataque israelense contra mesquita na Faixa de Gaza - Bashar Taleb/AFP
Ataque israelense contra mesquita na Faixa de Gaza Imagem: Bashar Taleb/AFP

06/10/2024 05h05

Israel colocou suas forças em alerta neste domingo (6), antes do aniversário do ataque do Hamas em 7 de outubro, e prepara uma resposta à salva de mísseis lançados pelo Irã, que apoia o movimento islâmico palestino e o Hezbollah libanês. O sul de Beirute amanheceu hoje sob novos bombardeios. Em Gaza, um ataque israelense contra uma mesquita que abrigava deslocados matou 21 pessoas. 

Israel colocou suas forças em alerta neste domingo (6), antes do aniversário do ataque do Hamas em 7 de outubro, e prepara uma resposta à salva de mísseis lançados pelo Irã, que apoia o movimento islâmico palestino e o Hezbollah libanês.

O sul de Beirute amanheceu sob novos bombardeios. Em Gaza, um ataque israelense contra uma mesquita que abrigava deslocados matou 21 pessoas.

"Esta semana lembramos o aniversário da guerra e o 7 de outubro. Estamos preparados com mais forças antecipadamente para este dia", afirmou o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari.

O presidente israelense, Isaac Herzog, lembrou que ainda não se fecharam "completamente" as feridas do sangrento ataque surpresa do movimento islamista palestino no sul de Israel.

Ele também denunciou a "ameaça permanente do Irã e de seus agentes terroristas para o Estado judeu", que descreveu como "cegos pelo ódio e empenhados na destruição" de Israel.

O chefe do estado-maior israelense, Herzi Halevi, afirmou sua determinação em atacar "sem descanso" o Hezbollah, contra o qual ele recentemente intensificou sua ofensiva.

A agência oficial de notícias do Líbano informou "mais de 30 ataques" israelenses durante a noite de sábado para domingo na periferia sul de Beirute e seus arredores, logo após Israel ter solicitado a evacuação de vários bairros desse reduto do Hezbollah.

Ataque a mesquita em Gaza

A Defesa Civil de Gaza relatou 21 mortos neste domingo em um ataque israelense a uma mesquita transformada em abrigo para deslocados em Deir al-Balah (centro), com o exército israelense explicando que visou combatentes do movimento palestino Hamas.

"O número de mortos chegou a 21 e há um grande número de feridos após o bombardeio pelo exército (israelense) de uma mesquita que abrigava deslocados em frente ao hospital dos mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza", declarou o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal.

Em Paris, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo no sábado (5) para a suspensão de armas entregues a Israel. "Se pedimos um cessar-fogo, a coerência é não fornecer as armas da guerra", disse.

"Vergonha", respondeu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao presidente francês e aos outros ocidentais que pedem embargos de armas contra seu país.

O Palácio do Eliseu publicou à noite uma explicação assegurando que a França "é uma amiga incondicional de Israel" e lamentando as palavras "excessivas" de Benjamin Netanyahu.

Milhares de pessoas no mundo todo participaram no sábado de protestos contra a escalada de violência no Oriente Médio.

Escalada

O Irã lançou na terça-feira cerca de 200 mísseis contra Israel, em resposta às mortes do chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, em Beirute, e do líder do Hamas, Ismail Haniyeh.

O primeiro morreu em um bombardeio israelense em 27 de setembro em Beirute, a capital libanesa. O segundo foi morto em um bombardeio atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã, a capital iraniana.

"O exército israelense prepara uma resposta" ao ataque, declarou à AFP uma autoridade militar israelense sob a condição do anonimato. "Israel tem o dever e o direito de se defender e responderá estes ataques e é o que faremos", insistiu, por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O chanceler iraniano, Abas Araghchi, prometeu que Teerã responderia com ainda "mais força" se Israel lançar um ataque de retaliação.

Sem notícias sobre Safieddine

A agressão iraniana reacendeu o temor de uma conflagração no Oriente Médio, onde Israel está em guerra com o Hamas há quase um ano em Gaza e lançou, este mês, uma campanha de bombardeios mortais contra os redutos do movimento islamista Hezbollah no Líbano.

Cinco bombardeios israelenses atingiram, neste sábado, o sul de Beirute e seus arredores, reportou a Agência Nacional de Notícias do Líbano, ANI.

Correspondentes da AFP na capital libanesa ouviram várias explosões e viram colunas de fumaça subindo no sul da cidade. Escombros em chamas de alguns prédios se dispersaram, provocando outros incêndios.

Um jornalista da AFP perto da periferia sul de Beirute viu dezenas de pessoas em fuga pelas ruas, algumas a pé, carregando sacolas e outras em motocicletas, enquanto às suas costas, as explosões ressoavam.

Após ter fragilizado o Hamas durante sua ofensiva devastadora em Gaza, Israel anunciou em meados de setembro que estava deslocando "o centro de gravidade" de suas operações para o norte, na fronteira libanesa, onde suas tropas iniciaram na segunda-feira uma operação terrestre contra o Hezbollah.

O movimento libanês, apoiado pelo Irã, abriu em 8 de outubro uma frente contra Israel em apoio ao Hamas, o que provocou o deslocamento de dezenas de milhares de habitantes dos dois lados da fronteira.

O exército israelense bombardeou na sexta-feira os subúrbios do sul da capital libanesa, tendo como alvo, segundo o site de notícias israelense Ynet, Hashem Safieddine, possível sucessor de Nasrallah.

O grupo armado não confirmou esta informação, mas uma fonte do Hezbollah afirmou, neste sábado, que desde os bombardeios da sexta-feira o contato com Safieddine "se perdeu".

Um comunicado publicado na madrugada deste domingo (noite de sábado no Brasil), o grupo assegurou ter repelido uma "tentativa" de infiltração israelense em Blida, no sul do Líbano.

'Nossos lares não existem mais'

O exército israelense disse, neste sábado, ter matado 440 combatentes do Hezbollah desde o início da ofensiva terrestre no Líbano, "incluídos 30 comandantes de diferentes níveis".

"Devemos seguir pressionando o Hezbollah e infligir mais danos ao inimigo, sem concessões e sem respiro para a organização", declarou Halevi em um comunicado.

Netanyahu afirmou, neste sábado, que Israel destruiu "grande parte do arsenal de mísseis e de foguetes" que o Hezbollah acumulou ao longo dos anos.

"Mudamos o curso da guerra", acrescentou em uma declaração televisionada.

Em Beirute, Ibrahim Nazal, que está entre as centenas de milhares de deslocados pela violência, disse que quer o fim da guerra. "Nossos lares não existem mais", lamentou.

Saldo sangrento

Segundo o serviço libanês de gestão de catástrofes, mais de 2.000 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, das quais mais de mil desde 23 de setembro.

O governo libanês contabiliza em cerca de 1,2 milhão o número de deslocados, entre eles aproximadamente 374.000 pessoas que fugiram nos últimos dias para a Síria, segundo as autoridades.

Na Faixa de Gaza, devastada após 12 meses de guerra, a maioria de seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados.

O exército israelense emitiu uma ordem de evacuação para os moradores de uma parte central do território sitiado, informando que se prepara para agir "com força" contra combatentes do Hamas.

Desde o início da guerra, 41.825 pessoas morreram em Gaza, segundo os últimos números do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.

O ataque do Hamas em território israelense, em 7 de outubro, deixou 1.205 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço baseado em cifras oficiais israelenses.

Os milicianos islamistas também capturaram nesse dia 251 pessoas, das quais 97 seguem reféns em Gaza e 33 delas teriam morrido, segundo o exército.

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