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Dois terços dos candidatos a vereador em SP são de direita e de centro

Sessão na Câmara Municipal de São Paulo - Afonso Braga/Câmara Municipal
Sessão na Câmara Municipal de São Paulo Imagem: Afonso Braga/Câmara Municipal
do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/10/2024 05h30

A maioria dos candidatos a vereador nas eleições municipais de São Paulo são de direita e de centro. Enquanto esses postulantes equivalem a 74,9% das candidaturas, a esquerda concentra apenas 25,1%.

O que aconteceu

A Justiça Eleitoral registrou a candidatura de 1.016 postulantes a um cargo na Câmara Municipal de São Paulo. 32 registros, no entanto, foram indeferidos, sobrando 984 candidatos. Destes, 51 tentam se reeleger para uma das 55 vagas em disputa.

O número de candidatos em partidos da direita é maior. Dos 984 postulantes, 380 — ou 38,6% — são desse espectro político. O Novo e o PL são as legendas com mais candidatos, 56 cada. Veja os números por partido:

  1. PL: 56
  2. Novo: 56
  3. PRD: 54
  4. PRTB: 51
  5. Republicanos: 47
  6. União: 44
  7. PP: 37
  8. DC: 35

Alguns desses partidos são da direita clássica, como PL e Novo. Já o PP, que flerta com a centro-direita nacionalmente, em São Paulo é direitista. "O PP foi construído em São Paulo sob a influência de Paulo Maluf. Para sua sobrevivência no Congresso, o PP sempre foi mais ao centro, mas em São Paulo é um partido tipicamente de direita", diz o cientista político Fábio Andrade, professor do Mackenzie.

Os partidos do centro clássico vêm na sequência. As nove siglas desse espectro político reúnem 357 candidaturas (36,2% do total), principalmente do Avante e do MDB:

  1. MDB: 56
  2. Avante: 56
  3. Podemos: 56
  4. Solidariedade: 55
  5. Federação PSDB/Cidadania: 54
  6. Mobiliza: 37
  7. PSD: 32
  8. PMB: 8
  9. Agir: 3

Alguns desses partidos, embora identificados como centro, ocupam hoje a centro-direita. É o caso do Agir, da Federação PSDB/Cidadania, do PMB e do Podemos. O PSDB, antes social democrata, começou a guinada ao se associar ao antigo PFL (hoje União) ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).

Com o tempo, os quadros históricos do partido foram envelhecendo ou saindo da vida pública. Esse espaço foi nacionalmente ocupado pelo [deputado] Aécio Neves [MG], de tradição centrista. Na eleição municipal de 2016, quando João Doria venceu as primárias em São Paulo, a guinada estava completa.
Fábio Andrade, cientista político

A esquerda tem a fatia com menos candidatos a vereador na capital. Com 247 postulantes, equivalem a 25,1% do total:

  1. PDT: 56
  2. PSB: 56
  3. Federação PT/PC do B/PV: 56
  4. Federação PSOL REDE: 55
  5. PCO: 10
  6. PSTU: 6
  7. UP: 6
  8. PCB: 2

Conservadorismo na moda

O voto na direita é mais orgulhoso agora, embora o eleitor de São Paulo costume eleger uma Câmara majoritariamente conservadora. "Depois da ditadura, ser de direita era associado ao modelo militar. Os candidatos conservadores eram mais discretos", diz Andrade. "Agora muitas figuras vão se eleger verbalizando valores da direita, alguns defendendo uma plataforma antissistema."

Vivemos um momento histórico em que é a direita quem consegue vender uma alternativa de vida: Eles trabalham bem o discurso utópico do esforço individual para romper as barreiras e ascender socialmente.
Fábio Andrade, cientista político

"Bolsonarismo consolida esse movimento", concorda o cientista político André César, da Hold Assessoria Parlamentar. "São Paulo é um microcosmo do Brasil, que a partir de 2018 fica mais conservador", afirma. "Nesse sentido, os candidatos a vereador se colocam nessa posição, onde podem ganhar espaço e vencer."

Se Guilherme Boulos (PSOL) virar prefeito, diz Cesar, "ele terá de enfrentar uma Câmara muito conservadora". "Ele não terá vida fácil. É o que aconteceu com Lula (PT), que venceu a campanha presidencial, mas precisa lidar o Congresso mais conservador da história."

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