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Paes (PSD) é reeleito prefeito do Rio e conquista inédito 4º mandato

Luís Adorno, Ruben Berta e Marcela Lemos
do UOL

Do UOL e colaboração para o UOL, no Rio

06/10/2024 19h17Atualizada em 06/10/2024 20h57

Eduardo Paes (PSD) foi reeleito neste domingo (6) prefeito do Rio de Janeiro, o segundo maior colégio eleitoral do país, após derrotar o bolsonarismo no primeiro turno. Esta será a quarta vez que ele governará a cidade — feito inédito na história da capital fluminense.

O que aconteceu

Com 100% das urnas apuradas, Paes obteve 60,47% dos votos (1.861.856 votos).

Em segundo lugar, ficou Alexandre Ramagem (PL), candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com 30,81 (948.631 votos).

Tarcísio Motta (PSOL) registrou 4,2% (129.344 votos), terminando a disputa em terceiro lugar.

Recado ao Brasil e agradecimento a Lula. Após a vitória, Paes agradeceu o presidente Lula (PT), seu aliado, e afirmou que sua eleição manda um recado ao país: pôr fim à polarização.

Eu acho que essa eleição é sobre aquilo que a gente deseja pro Brasil. Eu acho que chegou a hora de a gente parar com com essa polarização, com essa dualidade, sempre uma briga de um contra o outro, como se nós fôssemos inimigos. Nós não somos. Aqui tem um grupo de pessoas que pensa diferente, mas que mostrou que dá pra se juntar, dá pra se unir independente das nossas visões de mundo.
Eduardo Paes, em discurso após a vitória

Ao contrário de Paes, Ramagem, seu principal oponente, procurou nacionalizar a disputa e colar sua imagem a Bolsonaro. Apesar da derrota, o deputado federal disse estar "muito satisfeito" com o desempenho. "Saímos de 2% e chegamos a mais de 30%. Lutamos contra uma máquina pública que atuou na eleição."

No palanque de Paes após a vitória, aliados da direita à esquerda. Entre eles, estavam seu braço direito, o deputado federal Pedro Paulo (PSD) -- o primeiro a receber os agradecimentos de Paes --; o deputado federal Otoni de Paula (MDB) -- ex-bolsonarista, definido pelo prefeito como um "conservador de direita" --, as deputadas federais Benedita da Silva (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), o ex-deputado Alessandro Molon (PSB), além do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT).

Em seu agradecimento a Lula, o prefeito reeleito disse contar com o presidente nos próximos quatro anos, apesar de o terceiro mandato de Lula terminar em 2026.

[Quero] Agradecer muito a Lula, super companheiro, ajuda a gente há muito tempo. Nós os cariocas reconhecemos o seu carinho pela nossa cidade. [Lula] tem compreensão exata do papel do Rio de Janeiro ao nosso país, do estádio do Flamengo ao Galeão. A gente conta com você nos próximos quatro anos.
Eduardo Paes, em discurso após a vitória

"É tetra". De uma área separada pela campanha para a imprensa, próxima do local onde Paes acompanhou a contagem de votos, na residência oficial da prefeitura, na Gávea Pequena, era possível ouvir brindes, gritos de comemoração e o jingle que diz que "o Rio vai virar baile".

Paes, 54, será prefeito do Rio pela quarta vez. Ele já administrou o município de 2009 a 2012; 2013 a 2016, e depois, de 2021 a 2024. Na nova gestão, terá como vice o então deputado estadual e ex-secretário da Casa Civil do município Eduardo Cavaliere (PSD).

Nove candidatos disputaram o cargo. Paes derrotou o bolsonarismo deixando para trás Alexandre Ramagem. Também concorreram Tarcísio Motta (PSOL); Carol Sponza (Novo); Cyro Garcia (PSTU); Marcelo Queiroz (PP); Rodrigo Amorim (União); Juliete Pantoja (UP) e Henrique Simonard (PCO).

Líder nas pesquisas. Paes liderou todas as pesquisas de intenção de voto realizadas durante o período eleitoral no Rio. As sondagens mostraram o candidato do PSD sempre à frente de Ramagem e com larga vantagem sobre os demais candidatos.

Quem é Eduardo Paes

Nascido e criado na zona sul do Rio, é formado em Direito pela PUC-Rio. Paes possui ainda especialização em Políticas Públicas e Governo pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Começou na política aos 23 anos, como subprefeito da zona oeste. Iniciou a vida pública na gestão de César Maia (1993-1996). No ano seguinte, elegeu-se vereador (1997-1999) e, posteriormente, deputado federal (1999-2007) pelo RJ. No segundo mandato de Maia (2001-2004), Paes foi nomeado secretário de Meio Ambiente. Já no governo Sérgio Cabral (2007-2014), ele assumiu a secretaria estadual de Turismo, Esporte e Lazer, cargo que abandonou após se eleger, pelo PMDB, prefeito da cidade.

Prefeito mais jovem a vencer no Rio. No primeiro pleito, em 2008, Paes foi o prefeito mais jovem da história do Rio a vencer uma eleição na capital fluminense. Ele também se tornará o mais longevo na gestão do município — posto ocupado, atualmente, por César Maia, que ficou 12 anos no poder durante três mandatos.

Perdeu duas eleições para o governo do estado. Em 2006, concorreu ao governo do estado pelo PSDB, conquistando pouco mais de 5% dos votos. Em 2018, ele foi derrotado no segundo turno por Wilson Witzel (PSC), que contou com o apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente.

Os desafios do Rio de Janeiro

A capital fluminense tem 6,2 milhões de habitantes. Embora seja conhecida como Cidade Maravilhosa, enfrenta uma série de desafios.

Na saúde, por exemplo, precisa reduzir as filas de atendimento na rede pública, pois o tempo médio de espera por consultas, exames e procedimentos simples é superior a dois meses.

Na educação, a prefeitura precisa ampliar o número de vagas em creches. Neste ano, a Justiça aplicou uma multa de R$ 2 bilhões à administração municipal por não zerar essa fila.

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