No Vaticano, bispo libanês atribui guerra a 'interesse político'
VATICANO, 5 OUT (ANSA) - O bispo maronita do Líbano, Mounir Khairallah, atribuiu neste sábado (5) a guerra aos "interesses" das potências mundiais e afirmou que os povos de todas religiões "querem a paz".
A declaração foi dada pelo religioso durante briefing diário sobre o Sínodo dos Bispos no Vaticano, no qual relembrou do assassinato dos seus próprios pais.
"O que está acontecendo no Líbano é que infelizmente o mundo está em silêncio, dá luz verde a esta violência porque há demasiados interesses políticos e econômicos, que nada têm a ver com os valores do cristianismo e até humanos", afirmou.
O bispo libanês também reforçou que "a dignidade e a liberdade do homem já não contam quando os interesses estão acima de tudo, mas vivemos, apesar de tudo, com esperança" e "com a ajuda da diplomacia" e no poder do Papa.
"Os Papas, todos eles, sempre apoiaram o Líbano como país modelo e país mensagem", acrescentou Khairallah, enfatizando que conta com a diplomacia do Vaticano e do Papa também para a aplicação das resoluções das Nações Unidas que, "desde 1948", apelam à existência de dois Estados para os dois povos, Israel e Palestina, para que "os dois povos possam viver juntos, como nós no Líbano".
De acordo com ele, "esta resolução tem sido sempre rejeitada pelo Estado de Israel, pelos políticos israelenses".
"Não estou dizendo que todos os israelenses sejam a favor da violência. Na verdade, muitos são a favor da paz. Infelizmente, os americanos, mas também os países ocidentais, não nos apoiam, não apoiam os povos oprimidos para que possam ter o direito de decidir o seu destino e o seu futuro", lamentou o bispo maronita.
O bispo de Batrun também classificou a guerra no Líbano como "imposta", recordando que vem "de um país que está em chamas e sangue há 50 anos, desde que começou em 1975 sob o pretexto de uma guerra religiosa e confessional, especialmente entre cristãos e muçulmanos".
"Cinquenta anos depois não conseguiram fazer entender que não se trata de forma alguma de uma guerra de religião, mas de uma guerra imposta", afirmou Khairallah, que também contou aos jornalistas no Vaticano a sua experiência pessoal: a de ter visto os seus pais serem assassinados quando tinha 5 anos. "O perdão é tão difícil, mas não é impossível", concluiu. (ANSA).