Líbano: civis ficam bloqueados após bombardeio israelense na fronteira com a Síria
Os bombardeios aéreos israelenses estão cada mais intensos em várias cidades libanesas. Na manhã desta quinta-feira (3) a passagem de Masnaa, que fica na fronteira entre o Líbano e a Síria, foi atingida três vezes. Os ataques levaram ao fechamento da estrada da região, que é essencial para os refugiados.
Aabla Jounaïdi et Jad El Khoury, enviados especiais da RFI ao Líbano
Mais de 200.000 pessoas deixaram o Líbano nos últimos dias pela passagem de Masnaa. Os civis que ainda estão no local estão bloqueados e temem novos ataques.
"Estamos presos na alfândega. Vou esperar um pouco para ver se ela reabre. Caso contrário, eu teria que ir para o Norte, para a Jordânia. Isso representa 500 quilômetros a mais"", lamenta um caminhoneiro. "A alfândega fechou por conta do ataque", acrescenta.
A poucas centenas de metros de distância, entre o território libanês e o sírio, uma cratera na estrada a torna intransitável. Refugiados libaneses e sírios são obrigados a fugir dos bombardeios a pé. Muitos carregam suas bagagens com os filhos no colo.
Perto dali, em cima de um muro, crianças brincam e conversam sem ter a dimensão exata da gravidade da situação. "Acham que podemos atravessar ilegalmente?", questiona uma delas. "Não! Eu não quero passar pelas montanhas!", exclama outra.
A mãe das crianças está exausta e sem forças para intervir na conversa ou tomar uma decisão. A família deixou Beirute após os ataques israelenses no fim de setembro."Estamos fugindo para a Síria", conta um dos seus flhos. "O ataque foi muito forte", diz outro.
Ponto de passagem de armas
O taxista Mohamed trouxe toda sua família para Masnaa, mas não pôde continuar a viagem."A estrada está cortada, não podemos mais ir para a Síria", diz o motorista. "Veja toda essa gente que está fugindo! Por que não podem atravessar a fronteira? Estão carregando armas? A vida desse povo já é difícil o bastante! ", lamenta.
Segundo o Exército israelense, Masnaa é um ponto de passagem de armas que serão entregues ao Heezbollah. Mais de 200.000 refugiados cruzarem a fronteira entre o Líbano e a Síria nos últimos dias, após a ofensiva israelense.