Candidata a vice-prefeita de Porto Velho relata que foi estuprada e faz B.O
A candidata a vice-prefeita de Porto Velho na federação Rede-PSOL, Liliane Rodrigues, denunciou nas redes sociais que foi estuprada por um homem na sexta-feira (4) na capital de Rondônia.
O que aconteceu
Vítima disse que o estupro ocorreu após uma reunião política na casa da companheira dela. Ao UOL, a assessoria da candidata disse que ela está muito abalada e não conseguiria conceder entrevista, mas explicou que o crime ocorreu quando a vítima dormia em um quarto da residência. Antes do crime havia ocorrido uma reunião com um candidato a vereador, amigo da companheira da candidata, e outros convidados, incluindo o suspeito. Lili Rodrigues (nome de urna) não participou do encontro.
A vítima registrou um boletim de ocorrência. Lili também precisou passar por exames médicos, incluindo exame de corpo de delito, e iniciou tratamento de profilaxia após a violência sexual.
Em um vídeo, Lili disse que gostaria de falar da eleição, mas que o registro é um "pedido de socorro para as mulheres". "Eu sofri a maior violência que uma mulher pode viver na vida. Estou aqui para falar da violência que eu senti só por ser mulher. [Senti] por conta de um monstro que acha que tem o poder de fazer o que quer só porque nós somos mulheres. Só porque perante a eles, nós somos indefesas", disse aos prantos.
Candidata pediu a prisão do agressor, que não teve a identidade divulgada. "Que país é este? Que cidade é esta? Que política é esta?", escreveu.
A reportagem tenta contato com a Polícia Civil de Rondônia para saber se o caso é apurado pelas autoridades. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Candidato de chapa e PSOL prestam solidariedade
O candidato a prefeito que forma a chapa com Lili classificou o crime como "lamentável". Samuel Costa (Rede) exigiu que as autoridades atuem para prender o criminoso "perverso" e "bárbaro". "Lili, sinta-se acolhida pela Rede Sustentabilidade. Externo aqui minha deferência à sua pessoa. Espero que você possa recuperar e superar esse trauma e que a Justiça de Rondônia possa responsabilizar esse indivíduo criminoso."
Liliane, uma mãe solo, mulher periférica e lésbica, foi vítima de um crime bárbaro, que não apenas atenta contra sua integridade, mas também contra os valores de justiça e igualdade que todos devemos proteger. (...) A violência sofrida por ela não pode ser ignorada, e exigimos que as autoridades competentes tomem todas as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis com o rigor da lei.
Samuel Costa, candidato a prefeito de Porto Velho
Presidente nacional do PSOL também manifestou apoio a candidata. Em nota, Paula Coradi disse que o partido espera que as autoridades de Rondônia trabalhem rapidamente com firmeza e rigor no caso. Ela também reforçou o repúdio dela contra toda violência, de qualquer natureza, sofrida por uma mulher: "Isso é inaceitável", finalizou.
Rede Sustentabilidade também lamentou o episódio e destacou que Porto Velho é a capital brasileira mais violenta para as mulheres. "Esse episódio absurdo, a dois dias das eleições, atinge não só a vítima, mas representa um ataque a todas as mulheres da nossa cidade, estado e país, assim como às instituições que lutam pela eliminação da violência de gênero e para que a justiça nesses casos seja feita."
Neste momento de dor e consternação afigura-se também ocasião propícia para a união de esforços que visem estirpar a cultura do estupro da sociedade e, além da resposta penal, o momento reclama transformação, capacitação de profissionais e sensibilização da sociedade para que nos crimes de estupro somente o crime seja julgado, não a vítima.
Rede Sustentabilidade, em nota
A violência sexual contra a mulher no Brasil
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.
Como denunciar violência sexual
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.