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Calor e 13° devem impulsionar vendas de ar-condicionado no fim do ano

A alta das vendas foi puxada pelo aumento das temperaturas, disparando a venda de ar-condicionado e ventilador - iStock
A alta das vendas foi puxada pelo aumento das temperaturas, disparando a venda de ar-condicionado e ventilador Imagem: iStock
do UOL

Bárbara Muniz Vieira

Colaboração para o UOL, em Ottawa (Canadá)

04/10/2024 05h30

Depois de um período de vendas fracas para o setor de eletrônicos e eletrodomésticos, o setor aposta que as vendas devem se recuperar no final do ano, em especial na Black Friday e no Natal. O movimento de retomada das vendas já foi sentido no primeiro semestre, e aparelhos de ar-condicionado devem ser o destaque das vendas.

O que impulsiona o setor

Além do calor, o aumento da concessão de crédito ao consumidor, a queda na inadimplência e o aquecimento do mercado de trabalho renovaram o otimismo da indústria e do comércio para as vendas de final de ano. A Eletros, Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, projeta crescimento de vendas de 10% a 15% para a indústria.

Produtos devem ficar mais caros. A variação de preços na indústria de transformação acusou inflação anual inferior a 4% ao final da primeira metade do ano. Entretanto, a desvalorização do real reacelerou esses preços nos meses seguintes, de acordo com a CNC.

Como a economia brasileira ainda é relativamente fechada, os preços praticados pela indústria nacional ainda têm um peso bastante significativo no mark-up de preços do varejo. Ou seja, é possível que o varejo tenha que repassar pelo menos parte desses preços até o final do ano. Mas por conta do mercado de trabalho aquecido e dos juros na ponta ao consumidor ainda em queda, as perspectivas para essas datas comemorativas ainda são positivas.
Fabio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Recuperação do setor

A alta reflete, na verdade, uma recuperação de perdas. 2022 foi o pior dos últimos dez anos para o setor, de acordo com dados da associação.

A expectativa otimista vem após meses de vendas históricas entre janeiro e agosto deste ano, quando foram comercializadas 71 milhões de eletrodomésticos e aparelhos eletroportáteis, uma alta de 31,5% em relação ao mesmo período de 2023. A alta das vendas foi puxada pelo aumento das temperaturas, que fez disparar as vendas de ar-condicionados e ventiladores. Com a proximidade do verão, a tendência é que isso se mantenha, de acordo com a Eletros.

Agora a gente, enfim, começa a recuperar todas as perdas que aconteceram em 2022 e no início de 2023. Se os fatores econômico e climático se mantiverem, podemos alcançar um resultado ainda melhor, ou pelo menos igual ao que aconteceu no primeiro semestre. Como esses fatores não estão na decisão ou nas mãos da indústria, a gente tem a expectativa otimista, mas cautelosa, de um crescimento relevante na ordem de 10% a 15%.
Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros

Qual o cenário

No primeiro semestre, a redução da taxa Selic trouxe mais dinheiro para circular na economia, e é apontada como fatores para aquecimentos das vendas, de acordo com Nascimento, da Eletros. Controle da inflação, políticas de distribuição de renda e programas como o Desenrola, que limpou o nome de famílias endividadas, também contribuíram para o aumento expressivo de vendas no primeiro semestre.

O aumento de concessão de crédito também é responsável pelo aquecimento das vendas. A alta foi de 15,6% na taxa nos sete primeiros meses do ano, ante o mesmo período de 2023, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Esse comportamento do crédito livre ao consumidor deriva do recuo das taxas de juros na ponta e da queda da inadimplência por conta do bom momento pelo qual passa o mercado de trabalho. Para o comércio, condições de crédito favoráveis são muito importantes, especialmente para aqueles segmentos especializados na comercialização de bens duráveis.
Fabio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Ar-condicionados devem ser mais procurados

O segundo semestre do ano sempre é o período mais forte de vendas do setor eletrônico e eletrodoméstico. Isso por causa do pagamento do 13º salário e da proximidade da Black Friday e do Natal. De olho nisso, as indústrias habitualmente aumentam suas produções para atender a demanda. Este ano, porém, as indústrias já adaptaram suas linhas de produção antes, por causa da alta de vendas do primeiro semestre.

Como as ondas de calor e os recordes de temperatura devem continuar nos próximos meses com a chegada do verão, produtos como ar-condicionado, de climatização e de ventilação devem ser os mais procurados. As Olimpíadas já impulsionaram as vendas de televisores no começo do ano, o que deve continuar nesse período, por exemplo. As vendas de air fryers devem seguir em alta, além de todos os produtos conhecidos como linha branca, em especial de refrigeração, bebedouros, geladeiras, filtros e purificadores, de acordo com a Eletros.

Tivemos um crescimento de 20% na produção de televisores no primeiro semestre, o que não é nada habitual, exceto quando temos eventos esportivos como Copa do Mundo e Olimpíadas. Para o segundo semestre, as apostas continuam sendo televisores, fritadeiras elétricas e toda a parte de climatização e ventilação, muito provocado pelo aumento das temperaturas no verão.
Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros

Comércio

Natal. Setores relevantes para o varejo, como hiper e supermercados, vestuário, móveis, eletrodomésticos e utilidades domésticas apresentaram um ritmo médio de crescimento de 5% nos sete primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). A tendência é que no Natal, data mais importante do varejo, a alta não seja muito diferente desse ritmo.

Já na Black Friday, os setores mais impactados pela data têm crescido em ritmo ligeiramente menos intenso. A alta é de 4% no acumulado do ano, de acordo com a CNC. Diante da proximidade da data, a aposta é em uma alta nas vendas semelhante.

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