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Trinta anos depois, uma das mais antigas caças a tesouro do mundo é resolvida na França

04/10/2024 06h07

O enigma da Coruja de Ouro, uma das caças ao tesouro mais antigas do mundo, foi provavelmente resolvido na França, 31 anos depois de ter sido lançada. O tema inusitado ganhou destaque na imprensa francesa.

O jornal Le Parisien chega a dar a primeira página da edição desta sexta-feira (4) ao assunto. "Que caça ao tesouro inacreditável", diz a manchete, ao contar que a estatueta de ouro, prata e diamantes e "procurada por milhares de aficcionados", foi encontrada em algum lugar do território francês, mantido em segredo.

Uma réplica da Coruja de Ouro foi enterrada em abril de 1993 no local, que deveria ser identificado graças à solução de 11 enigmas apresentados no livro "Na trilha da Coruja de Ouro". A escultura original pesa cerca de dez quilos.

"Confirmamos que a réplica foi desenterrada ontem à noite", escreveu na manhã desta quinta-feira o detentor da solução, Michel Becker, no fórum de internet dedicado à caça. "Estamos verificando a validade da solução proposta."

O modelo original é estimado no valor de €150 mil pelos organizadores da saga. O jornal Libération constata que a resolução do enigma marca "um alívio e o fim de uma época para todos os 'corujeiros' que a procuravam havia tantos anos".

Os idealizadores da aventura achavam que ela duraria apenas alguns meses - mas se prolongou por mais de três décadas. O diário relata que as incógnitas "sobreviveram ao seu criador", que morreu em 2009.

Alguns 'corujeiros' ficaram obcecados pela caça

Nesse período, a busca pela resposta dos breves textos acompanhados de pinturas, únicas pistas à disposição no livro, levou alguns caçadores de tesouro à obsessão. "Alguns ficaram loucos, outros desempregados ou se divorciaram", diz o Libération.

Nos últimos anos, para apresentar uma solução, acompanhada das coordenadas geográficas do local, era preciso pagar na plataforma da Coruja de Ouro na internet.

"Essas palavras, 'caça ao tesouro', ecoam de uma forma tão particular em alguns de nós porque nos leva a uma viagem interior, aos nossos sonhos de juventude, nossas primeiras descobertas e a uma parte da nossa infância, que acabou", analisa o editorial do Parisien.

"Isso vai deixar um vazio porque são vários anos da minha vida", disse à AFP Lizzy Brynn, 31 anos. "O fato de a coruja ter sido enterrada no ano em que nasci gerava um pouco dessa coisa mística", justificou.

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Batalha judicial e tentativa de leilão 

O criador do enigma é Régis Hauser, autor de livros sobre marketing,  que adotou o pseudônimo de Max Valentin para não ser assediado. Ele fez raras aparições públicas, sempre escondendo o rosto.

O artista Michel Becker desenhou a escultura, feita por um ourives, e apresentou o enigma em programas de televisão para os quais foi convidado, sem saber a sua resolução.

Após a morte de Hauser, aos 62 anos, Michel Becker travou um longo conflito jurídico com os herdeiros para obter o envelope que continha a solução dos enigmas, confiada a um oficial de justiça em Paris. Prejudicado por dificuldades financeiras, tentou vender a escultura em um leilão em 2014, mas a transação acabou cancelada face à mobilização da comunidade caçadora de tesouros.

Em 2021, os herdeiros permitiram que Michel Becker finalmente visse a resposta, gravada em um disquete antigo. Ele verificou, com um oficial de justiça, se a réplica ainda estava onde Régis Hauser a enterrou. Um pássaro de ferro enferrujado foi encontrado no local e substituído por uma nova coruja de bronze.

A expectativa agora é conhecer o nome que desvendou os 11 mistérios, que foram tema de um documentário produzido pelo francês Canal+. Os "corujeiros" espalhados pela França e o mundo estão curiosos para saber como o ganhador ou ganhadora chegou às respostas corretas.

Com AFP

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