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Justiça autoriza polícia a utilizar avião que pertenceu a Gusttavo Lima

Avião apreendido estava no nome de empresa de Gusttavo Lima, segundo sistema da ANAC; defesa do cantor alega que aeronave tinha sido vendida - Divulgação/SSP
Avião apreendido estava no nome de empresa de Gusttavo Lima, segundo sistema da ANAC; defesa do cantor alega que aeronave tinha sido vendida Imagem: Divulgação/SSP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

04/10/2024 09h28Atualizada em 04/10/2024 09h28

A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, autorizou que o avião Cessna Citation XLS, aprendido na Operação Integration, possa ser utilizado pela Polícia Civil de Pernambuco. Segundo investigações, a aeronave já pertenceu ao cantor Gusttavo Lima.

O que aconteceu

Justiça atendeu pedido do delegado Paulo Gondim, responsável pelas investigações da Integration. Além do Cessna Citation XLS, foram autorizadas as utilizações também de dois helicópteros EC 130 T2 e um avião Falcon 2000EX, estes pertencentes a casa de apostas Esportes da Sorte, também envolvida nas investigações por suposta lavagem de dinheiro.

Juíza entende que o uso das aeronaves pela polícia atende ao interesse público. "Objetivo da medida é garantir o funcionamento eficaz das atividades da Polícia Civil", escreveu a magistrada na decisão.

O avião é de um modelo muito utilizado por empresários e celebridades. Ela foi construída pela Cessna Aircraft em 2008.

Investigações mostram que a aeronave foi vendida duas vezes. Primeiro para a Esportes da Sorte, por U$ 6 milhões (cerca de R$ 32,8 milhões) e depois para J.M.J Participações Ltda., que também a dona da casa de apostas VaideBet, por R$ 33 milhões. Segundo a polícia, as vendas configuram suspeita de lavagem de dinheiro. A aeronave foi retida pela Polícia Civil durante uma operação no aeroporto de Jundiaí, no interior de São Paulo, no dia 4 de setembro.

Operação Integration levou a indiciamento de Gusttavo Lima

Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação apura a atuação em jogos ilegais, mas a defesa do artista reafirma a sua inocência.

Indiciamento do sertanejo ocorreu no dia 15 de setembro. O inquérito diz que sertanejo virou sócio da VaideBet em julho de 2024. A empresa é uma das citadas na investigação, resultado da Operação Integration. Gusttavo Lima teria 25% de participação na companhia, mas a polícia suspeita que ele era sócio bem antes disso, o que é negado pelo cantor.

Empresa fechou contrato de patrocínio com o Corinthians no fim de 2023. Segundo o inquérito, um conselheiro contou que o presidente do clube conversou com o artista por telefone e que o mandatário afirmou — naquela época — que o sertanejo "era um dos donos da VaideBet". A empresa hoje é alvo de outra investigação da polícia e rescindiu o patrocínio com o Corinthians.

Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Cabe agora ao MP (Ministério Público) decidir se irá denunciar ou não Gusttavo Lima à Justiça.

A Justiça de Pernambuco chegou a pedir a prisão do cantor sertanejo, que havia viajado horas antes para a Flórida (EUA). Os advogados do artista, no entanto, conseguiram derrubar o pedido na segunda instância menos de 24 horas de depois.

A linha do tempo da operação

Operação Integration apura um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro de cassinos online e casas de jogo do bicho. A ação policial ganhou popularidade após a influenciadora Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra, serem presas por suspeita de envolvimento.

Ação não mira diretamente os sites de apostas esportivas (bets), mas o uso dessas plataformas para lavar dinheiro de atividades ilegais, como o jogo do bicho. Um dos relatórios da investigação, por exemplo, diz que o site Esportes da Sorte era usado para ocultar receitas oriundas do jogo do bicho. A empresa nega irregularidades.

Os investigados ocultaram bens de origem ilícita, segundo a Polícia Civil. Carros, aeronaves, imóveis e contratos milionários de publicidade foram firmados para lavar o dinheiro oriundo de casas de aposta e de jogo do bicho. A investigação apurou que o esquema girava em torno de Darwin Henrique da Silva Filho. O empresário de 33 anos é CEO da Esportes da Sorte. Ele foi preso na operação, mas a Justiça mandou soltá-lo. A família de Darwin também está envolvida no esquema, com cada membro desempenhando um papel específico na lavagem de dinheiro, segundo a polícia.

Empresas envolvidas no inquérito tiveram bens bloqueados na casa dos R$ 2 bilhões. Aeronaves e veículos de luxo foram apreendidos durante a operação. Pessoas físicas também tiveram contas bloqueadas.

Deolane e sua mãe foram presas em 4 de setembro. O estopim da operação aconteceu quando a advogada e influenciadora recebeu voz de prisão por suspeita de integrar o grupo que opera as bets no Brasil e que teria utilizado contas bancárias suas e de terceiros para lavar o dinheiro das atividades ilegais. Sua mãe, Solange, é suspeita de repassar valores em dinheiro incompatíveis com sua renda, e também teve bens bloqueados. A Justiça revogou o pedido de prisão das duas na última semana. Ambas alegam inocência.

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