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Difícil como ganhar na Mega: qual a chance real de eleição ficar empatada?

Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) estão empatados nas pesquisas, mas chance de empate real nas urnas é remota - Daniela Toviansky/UOL e Mariana Pekin/UOL
Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) estão empatados nas pesquisas, mas chance de empate real nas urnas é remota Imagem: Daniela Toviansky/UOL e Mariana Pekin/UOL
do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

04/10/2024 05h30

As últimas pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo mostram três candidatos em empate técnico: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB).

Mas há chance de um empate matemático nas urnas? Ou seja, de cada um dos três receber exatamente a mesma quantidade de votos?

Isso é altamente improvável, explica o professor Moacyr Alvim, da Escola de Matemática Aplicada da FGV.

O cálculo do empate

A probabilidade de um empate exato entre os três candidatos é extremamente baixa. Segundo o professor Alvim, da FGV, a chance de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal receberem exatamente a mesma quantidade de votos no primeiro turno é de aproximadamente uma em 7 milhões. Isso é equivalente a acertar na Mega Sena com um bilhete de 7 números.

Alvim partiu da premissa de que os três candidatos receberão 65% dos votos válidos, correspondendo a cerca de 6 milhões de votos divididos igualmente entre eles. Também parte da premissa "ousada" de que os candidatos foram igualmente convincentes entre o eleitorado —o que, na vida real, não acontece. Segundo o professor, o cenário é improvável.

Mesmo no segundo turno, um empate é altamente improvável. Se a disputa for para o segundo turno, a probabilidade de empate entre os dois candidatos finalistas aumenta, mas ainda é remota. "A chance de um empate no segundo turno é de uma em 3.000", calcula Moacyr Alvim. Isso, mais uma vez, imaginando um cenário hipotético de campanhas exatamente iguais. Qualquer pequeno viés a favor de um dos candidatos —como uma diferença de apenas 0,1% nas intenções de voto— "reduz drasticamente a possibilidade de empate para uma em 9 bilhões".

É mais fácil jogar uma moeda e obter 11 caras seguidas do que ver um empate no segundo turno.
Moacyr Alvim

O que fazer, se acontecer?

A legislação brasileira prevê uma solução para os casos de empate nas eleições. O advogado Wallyson dos Anjos, especialista em direito eleitoral, explica que, de acordo com o artigo 110 do Código Eleitoral, em caso de empate nas eleições majoritárias ou proporcionais, o candidato mais velho será declarado vencedor. Em alguns casos, uma diferença de apenas um ou dois meses de idade decidiu o pleito.

Nós temos casos, mas em municípios pequenos, onde o candidato mais velho foi considerado eleito após um empate técnico.
Wallyson dos Anjos

Esse critério também se aplica a eleições proporcionais, onde há a possibilidade de empate entre partidos. No caso de um empate na votação proporcional, a eleição será decidida pelo candidato mais votado dentro do partido.

Se persistir o empate, o candidato mais velho também será o escolhido. "A legislação prevê que, na ausência de um candidato mais votado no partido, a idade será o critério de desempate", explica dos Anjos.

Empates já ocorreram

Eleições já terminaram empatadas, mas em cidades bem pequenas —quanto menor o número de eleitores, maiores as chances de que isso ocorra. Ainda assim, foram poucos casos do tipo. Em Carnaúbas, na Paraíba, a eleição municipal de 2020 terminou empatada com 1.761 votos para cada candidato. O desempate foi decidido pela idade, e Silvano Dudu (DEM) foi reeleito, pois tinha mais idade que o adversário Nerivan (MDB).

Outro caso ocorreu em Kaloré, Paraná, no mesmo ano. Ritinha (PSD) e Edmilson (PL) também receberam a mesma quantidade de votos, 1.186 cada, com 37,14% das intenções. Edmilson foi eleito, pois tinha 17 anos a mais que Ritinha.

Casos semelhantes ocorreram na Bahia e em São Paulo. Em Conde, na Bahia, o vereador Rubem Almeida de Oliveira, o Rubem Madeirol, foi eleito após empatar em 172 votos com César da Vila, ambos do Democratas. A diferença de sete anos entre os candidatos decidiu o resultado. No município de Jardinópolis, São Paulo, o prefeito Mauro Risso (MDB) foi reeleito após empatar com Antoninho (PT) em 748 votos, vencendo pela diferença de dois meses de idade.

Eleições em Cariús (CE) e Bananal (SP) também terminaram empatadas. Em Cariús, Iran (PSDB) e Mizo (PMB) terminaram com 5.811 votos cada em 2016, e Iran foi eleito por ser mais velho. Já em Bananal, Peleco (PSDB) e Miriam Bruno (PV) também empataram, com Miriam sendo eleita por ter 12 anos a mais que o adversário.

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