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Dólar sobe após dados fortes de emprego nos EUA apontarem cortes graduais no Fed

04/10/2024 09h11

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia frente ao real nesta sexta-feira, em linha com a força da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores digeriam dados sólidos de emprego dos Estados Unidos e avaliavam a escalada das tensões no Oriente Médio.

Às 9h51, o dólar à vista subia 0,76%, a 5,5152 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,63%, a 5,529 reais na venda.

Nesta sessão, com uma agenda macroeconômica esvaziada no Brasil, as atenções dos investidores nacionais se voltavam totalmente para o cenário externo, onde o foco central dos mercados globais estava no relatório de emprego dos EUA para setembro e nos temores de uma guerra ampla no Oriente Médio.

O Departamento de Trabalho dos EUA informou que os empregadores norte-americanos criaram 254.000 postos de trabalho em setembro, de 159.000 vagas revisadas para cima em agosto. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 140.000 empregos.

Também houve surpresa positiva na taxa de desemprego, que recuou para 4,1%, de 4,2% em agosto.

O resultado, assim como outros dados de emprego ao longo da semana, reforçaram o argumento de que o mercado de trabalho dos EUA não está se deteriorando, mas no máximo passando por um esfriamento moderado, o que indica que não será necessário um afrouxamento monetário agressivo pelo Federal Reserve.

O banco central dos EUA iniciou um ciclo de afrouxamento no mês passado com uma redução de 50 pontos-base na taxa de juros, o que, segundo as autoridades, mostrou o compromisso da instituição com o equilíbrio do mercado de trabalho e a sustentação da taxa de desemprego.

Dados recentes de emprego, no entanto, têm sido benignos. Na quarta-feira, o relatório da ADP sobre o setor privado já mostrado a criação de 143.000 vagas em setembro, acima da expectativa de 120.000.

Com isso, operadores colocavam 91% de chance de um corte de 25 pontos nos juros do Fed na próxima reunião em novembro, de 67% antes dos dados, o que é um fator positivo para o dólar, que havia acumulado perdas com a perspectiva de um afrouxamento mais agressivo no banco central dos EUA.

"O relatório de emprego dos EUA divulgado hoje surpreendeu a todos. Embora os dados divulgados até o momento nesta semana tenham mostrado um mercado de trabalho apertado, não havia garantia de que observaríamos um número tão forte hoje", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

"Como era de se esperar, o dólar reagiu positivamente à notícia. No entanto, vale lembrar as revisões substanciais que este relatório sofreu no passado e, de fato, esperamos que o mesmo aconteça novamente", completou.

Também ajudando a moeda norte-americana, as preocupações de um conflito amplo no Oriente Médio ainda provocava aversão a ativos de maior risco pelo mundo, à medida que os mercados aguardam a resposta de Israel e dos EUA a um ataque com mísseis realizado pelo Irã contra o território israelense.

A incerteza em relação à região, com dúvidas sobre os efeitos que a ampliação do conflito poderia ter para a economia global, principalmente em relação à oferta de petróleo, motivava a busca de ativos seguros, como o dólar.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,67%, a 102,590.

Entre emergentes, o dólar subia ante o peso chileno e o rand sul-africano.

No cenário doméstico, os dados norte-americanos tinham o efeito particular de reduzir as perspectivas do tamanho do aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA nos próximos meses, à medida que o Banco Central realiza um novo aperto monetário, o que vinha valorizando o real em sessões recentes.

Preocupações com o equilíbrio das contas públicas também têm esfriado a demanda pelos ativos brasileiros, enquanto o mercado mostra dúvidas sobre a capacidade do governo de alcançar a meta de déficit primário zero neste ano.

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