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Candidato mais rico do país é acusado de estelionato por empresário nos EUA

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora (MG)

04/10/2024 05h30Atualizada em 04/10/2024 10h58

Um empresário do ramo açucareiro dos EUA acusa João Pinheiro (PRTB), candidato mais rico do país, de descumprir um contrato no valor de US$ 6,8 milhões (R$ 36,9 milhões) e não entregar uma carga. Pinheiro concorre a prefeito em Marília (a 440 km da capital paulista) e afirma que tenta solucionar o impasse.

O que aconteceu

O empresário Andrew Choi registrou BO por estelionato. Todas as informações do registro policial foram confirmadas pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).

Caso foi enviado para a delegacia de Marília. O processo levou alguns dias, já que o boletim foi registrado online, a partir de outro país, e inicialmente faltaram informações no documento, feito no dia 23 de setembro. Segundo a SSP, os dados foram complementados posteriormente.

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Candidato declarou R$ 2,8 bilhões em bens à Justiça Eleitoral. O valor é quase 80% maior do que o orçamento de 2024 da prefeitura do município no interior paulista. A cidade vai administrar cerca de R$ 1,6 bilhão.

Pagamento adiantado. Choi disse para a polícia ter feito um contrato com a empresa de João Pinheiro, a Sugar Brazil, e pago adiantado US$ 2,04 milhões (R$ 11,09 milhões na cotação atual), ou seja, 30% do valor total do contrato, por 20 mil toneladas de açúcar. No entanto, segundo o registro, a carga não foi entregue.

Candidato não devolve o dinheiro nem entrega o açúcar. Segundo o BO, ao qual o UOL teve acesso, João Pinheiro "se recusa a devolver o dinheiro e não conseguiu fornecer o produto que contratamos". "Já se passaram mais de quatro meses e ele deveria entregar os produtos há três meses." O destino final seria a China, segundo Choi.

Encontros em festa do peão e restaurante. Em conversa com a reportagem via mensagem, Choi afirmou que conheceu Pinheiro por recomendação de um colega do setor açucareiro. Disse que veio ao Brasil duas vezes para se reunir com o candidato, a fim de fechar o negócio, e enviou para a reportagem fotos dos dois juntos. Eles foram a um restaurante em São Paulo e a uma festa de peão, no interior do estado, que teve como uma das patrocinadoras a empresa do candidato.

A primeira visita foi em maio de 2024. Fiquei pouco menos de uma semana. A segunda visita foi três semanas depois para confirmar o produto. Ele [João Pinheiro] me levou para uma usina de açúcar e uma fábrica de frango. Nenhum dos locais tinha meus produtos, mas ele tinha desculpas na época.
Andrew Choi, empresário, sobre João Pinheiro

Atraso no câmbio. Segundo o empresário, Pinheiro disse ter havido atrasos na compensação de dólares para reais do adiantamento, e isso teria protelado o processo por 35 dias. Também contou que havia sido marcada uma nova data para o embarque da mercadoria.

Viagem adiada e nada de açúcar. Choi afirma ter comprado passagens para vir novamente ao Brasil para acompanhar o carregamento no porto de Paranaguá, mas Pinheiro teria dito para ele adiar a vinda. "Dois dias antes da minha partida, ele me disse para não vir porque o açúcar não estava no porto e não estava pronto para embarque. Desde então, ele não forneceu uma data de carregamento atualizada ou qualquer atualização em relação ao meu açúcar", contou.

De acordo com ele, o restante do pagamento seria efetuado após o recebimento da carga e de todos os documentos da transação. "Tenho comprovante de todos os meus pagamentos de transferências bancárias para a conta bancária da Sugar Brazil. João Pinheiro recusa-se a cooperar na devolução do meu dinheiro. Ele não forneceu nenhum dos produtos. Já pedi diversas vezes o dinheiro de volta e ele não colaborou", diz um trecho do registro na polícia.

O que diz João Pinheiro

Pinheiro confirma que não entregou mercadoria. O candidato à Prefeitura de Marília afirmou para o UOL, por mensagem e por ligação telefônica, que o empresário chegou a ver uma parte da carga no Brasil e que, como Choi não havia pago o restante do valor, não fez o embarque.

Justificativa vaga. Ao ser questionado sobre o motivo de não ter cobrado do empresário a suposta dívida, ele afirmou apenas que o mercado de exportação é "complexo". A reportagem insistiu que o comprador apresentou um documento de cancelamento do contrato, porque o acordo de pagar parte antecipadamente e outra após a entrega, não foi cumprido, mas Pinheiro manteve seu posicionamento.

Sem dados no porto. O UOL procurou o porto de Paranaguá, para onde deveria ir o carregamento, segundo o empresário. A assessoria disse que não é possível identificar a carga apenas com o nome dos envolvidos e que precisaria de mais informação, como a de qual navio levaria a carga para o exterior.

João Pinheiro alegou sigilo. Ao ser questionado pela reportagem, ele respondeu que não poderia passar essa informação. "É questão empresarial mesmo, é questão de logística, questão de preço, questão de sobrevivência de mercado, se é que você me entende. São informações que essas aí eu não posso passar, não, tá?"

Empresa de embarque fala em carga à espera de destino. O UOL, no entanto, teve acesso aos documentos depois. Neles, a Bravelog é apontada como a responsável pela movimentação da carga. O proprietário David Muller disse que uma comitiva de João Pinheiro visitou a empresa neste ano, mas sem a presença dele nem de Andrew Choi. Segundo Muller, a Bravelog faz negócios com Pinheiro há mais de cinco anos. Ele afirmou também que possui uma carga de 50 toneladas à espera para ser embarcada, em nome do empresário de Marília, mas que ainda não tem informação sobre o destino.

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