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Marçal e Tabata são os que mais usam debates para promover redes sociais

Candidatos à Prefeitura de São Paulo - Montagem Arte / UOL
Candidatos à Prefeitura de São Paulo Imagem: Montagem Arte / UOL
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Do UOL, em São Paulo

03/10/2024 05h30

Candidatos à Prefeitura de São Paulo têm usado os debates para chamar eleitores para suas páginas nas redes sociais. Um levantamento realizado pelo UOL identificou 42 ocasiões em que isso aconteceu. Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) lideram o uso da estratégia.

O que aconteceu

Marçal e Tabata usaram a estratégia 11 vezes cada um, ao longo dos dez debates realizados até agora. No debate organizado pela TV Gazeta, a deputada federal disse que iria compartilhar em suas redes sociais a íntegra de uma ação enviada à Justiça Eleitoral contra Pablo Marçal (PRTB), por exemplo. Já Marçal disse, no debate da Veja, que responderia a uma pergunta sobre gestão de unidades de saúde em suas redes.

Marina Helena (Novo) ficou em terceiro lugar, com nove menções a suas redes em debates. Durante o debate da Veja, a candidata anunciou que publicaria em suas redes todas as propostas de aumento de impostos apoiadas por Tabata na Câmara dos Deputados.

Candidatos que mais lançaram mão da estratégia têm nenhuma ou pouca exposição na TV. Tabata tem só 30 segundo de propaganda eleitoral. Já Marçal e Marina, nem isso — já que só candidatos de partidos com representantes no Congresso têm direito a tempo de TV.

Nunes, dono do maior tempo de TV, foi o segundo que menos citou suas redes em debates. O prefeito tem 6 minutos e 30 segundos de exposição televisiva. Chamou o público para suas redes em apenas três ocasiões, quase sempre para atacar Boulos. Já o candidato do PSOL, que tem o segundo maior tempo de TV, 2 minutos e 22 segundos, mencionou suas redes sete vezes.

José Luiz Datena (PSDB) não se valeu da tática em nenhum momento. O apresentador tem 35 segundos de propaganda televisiva.

Marçal teve redes sociais retiradas do ar pela Justiça Eleitoral em agosto, mas criou contas novas. A decisão provisória derrubou as contas do candidato no Instagram, YouTube, TikTok e X. A medida foi motivada pela suspeita de que o empresário estivesse pagando usuários para produzir "cortes" e divulgá-los nas redes.

Número de menções a redes sociais em debates:

  • Pablo Marçal (PRTB): 11
  • Tabata Amaral (PSB): 11
  • Marina Helena (Novo): 9
  • Guilherme Boulos (PSOL): 7
  • Ricardo Nunes (MDB): 3
  • José Luiz Datena (PSDB): 0
Tempo de TV dos candidatos:
  • Ricardo Nunes (MDB): 6 minutos e 30 segundos
  • Guilherme Boulos (PSOL): 2 minutos e 22 segundos
  • José Luiz Datena (PSDB): 35 segundos
  • Tabata Amaral (PSB): 30 segundos
  • Pablo Marçal (PRTB): sem tempo de TV
  • Marina Helena (Novo): sem tempo de TV

Estratégia para ganhar exposição

As menções às redes sociais de Tabata fizeram com que mais gente a conhecesse no começo da disputa, segundo sua equipe. O uso da estratégia pela candidata nem sempre é planejado. Uma interlocutora afirma que a deputada federal já citou espontaneamente conteúdos publicados anteriormente em suas redes. Nesses casos, a campanha republicou na hora.

"Precisamos que quem se interesse pela Marina Helena engaje nas nossas publicações nas redes sociais", afirma chefe de comunicação de candidata do Novo. Quando uma pessoa interage com a página, o algoritmo tende a privilegiá-la na distribuição de conteúdo patrocinado produzido por aquele perfil. Segundo Leandro Narloch, isso ajuda a aumentar o número de potenciais eleitores da candidada.

Mas o uso exagerado da estratégia levanta preocupações entre as campanhas. Entre os articuladores políticos, já há quem planeje usar a tática com mais moderação nos próximos debates por entender que o excesso de pedidos por parte dos candidatos para que eleitores acessem suas redes sociais esteja banalizando o recurso.

"É uma forma dos candidatos chamarem os eleitores para o mundo deles", afirma cientista político. Professor da Fundação Getúlio Vargas, Marco Antônio Teixeira acredita que, ao divulgarem suas redes em debates, políticos levam eleitores para "um universo controlado em que tudo é produzido por eles".

Especialista defende que candidatos não possam usar redes sociais prévias e tenham de criar novos perfis apenas para as eleições. Segundo o cientista político Paulo Ramirez, isso poderia evitar casos como o de Marçal, que hoje se beneficia de ter construído uma comunidade de seguidores maior do que as dos rivais nos últimos anos.

Cientista político pede regras mais rígidas em relação aos posts patrocinados. Hoje, a única restrição prevista é que o impulsionamento do conteúdo seja claramente identificado para quem usa as redes. Mas não há valor máximo nem outras limitações em relação a essas propagandas — o que também gera distorções.

O que disseram os candidatos

Estou subindo na minha rede agora uma proposta do senhor Pablo Marçal e eu queria que o Guilherme Boulos comentasse. Que trata do busão da maconha, do busão do crack.
Ricardo Nunes (MDB), no debate da TV Cultura (15/09/2024)

Aliás, vou subir inclusive agora na minha rede social um caso que aconteceu com o Ricardo Nunes, já que ele quer falar sobre crime e tem um telhado de vidro gigantesco. Ele foi detido, levado para a delegacia por dar tiro na porta de boate.
Guilherme Boulos (PSOL), no debate da Cultura (15/09/2024)

Inclusive vou responder a pergunta dela [Laísa Dallagnol, repórter da Veja] no Instagram. E lá tem um vídeo de toda a formação do circo, que é o debate político, de pessoas que se encontraram ontem no restaurante para não virem aqui.
Pablo Marçal (PRTB), no debate da revista Veja (19/08/2024)

Eu queria anunciar, nesse momento, que eu estou entrando com uma ação na Justiça Eleitoral, fazendo uma nova representação com as ilegalidades que a gente reuniu, mostrando como foi que ele [Marçal], novamente, com financiamento ilegal, com uso abusivo de poder econômico, conseguiu tantos seguidores em tão pouco tempo, Quem quiser saber mais da ação, [veja] nas redes sociais.
Tabata, no debate da TV Gazeta (01/09/2024)

É muito importante você ver as ações. Por isso, eu chamo vocês pra irem lá nas minhas redes sociais. E lá eu vou mostrar todas as propostas de aumento de impostos que a deputada Tabata foi favorável.
Marina Helena, no debate da revista Veja (19/08/2024)

O que dizem campanhas e especialistas

Mais que um eleitor, queremos que as pessoas se engajem na campanha da Marina e se interessem pelas ideias do partido, algo que é importante para o Novo.
Leandro Narloch, chefe de comunicação da campanha de Marina Helena (Novo)

Em termos de redes sociais, o Pablo Marçal já é o grande vencedor da eleição. Apesar de apresentar propostas políticas fracas, ele foi o candidato que melhor explorou a visibilidade proporcionada pela campanha eleitoral -- inclusive em episódios como a cadeirada dada por Datena nele.
Paulo Ramirez, cientista político e professor da ESPM

As redes sociais ainda são um terreno em que o exercício do controle pela Justiça Eleitoral é mais difícil do que nos meios de comunicação tradicionais. Não há um responsável claro que possa ser acionado em caso de problemas, como acontece com o editor de um jornal.
Marco Antônio Teixeira, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo

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