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Terceirizada em Goiânia deixa médicos sem salário, diz sindicato

Sede da Prefeitura de Goiânia - Reprodução/Secom Goiânia
Sede da Prefeitura de Goiânia Imagem: Reprodução/Secom Goiânia
do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/10/2024 05h30

Médicos contratados por uma empresa que prestava serviços para a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia estão sem receber salários desde junho.

O que aconteceu

O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás encaminhou ofício à Prefeitura de Goiânia após mais de 100 médicos relatarem atrasos salariais. Segundo o Simego, profissionais que atuam na linha de frente da Saúde Municipal continuam trabalhando, mesmo sem receber.

Médicos receberam, pela última vez, em maio. Ao UOL, uma médica que prefere não se identificar disse que representantes da empresa devedora "sumiram" após cobranças sobre os salários atrasados.

A empresa apontada pelos profissionais como responsável pelo calote é a Sólida Saúde Serviços Médicos LTDA. De acordo com a médica, a empresa dificultou a comunicação com os profissionais e atribuiu a falta de pagamentos ao atraso da Prefeitura de Goiânia em repassar verba.

A Prefeitura informou à reportagem que o contrato com a Sólida foi rescindido. A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia pontuou, ainda, que "todos os pagamentos serão efetuados pela prefeitura".

O UOL tenta contato com a Sólida. Caso haja manifestação, o texto será atualizado.

Prefeitura assumiu responsabilidade dos pagamentos, mas ainda não pagou. O UOL apurou que os salários deveriam ter sido pagos até a semana passada — o que não aconteceu.

Simego enviou ofício à gestão municipal cobrando medidas imediatas. Em nota, o órgão expressou "grande preocupação com o atraso nos pagamentos dos médicos credenciados pela Secretaria".

O Sindicato informou que a empresa foi oficiada. Contudo, não conseguiram reunião com os gestores — que desapareceram. Uma pessoa apontada como intermediadora entre a empresa e os funcionários foi contatada pela reportagem, mas disse ter saído da empresa após problemas com a Prefeitura de Goiânia, mas negou ter conhecimento das dívidas trabalhistas.

Ao teor do exposto, o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás- Simego - apresenta este ofício e requer, com a urgência que o caso exige, a apresentação de uma resposta no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, bem como proceder ao pagamento de todas as remunerações devidas aos médicos ante a grave situação vivenciada pelos médicos citados.
Simego, em ofício

A gente continua trabalhando. Agora não é mais pela Sólida, é pela prefeitura, que prometeu pagar a gente. Mas era para pagar na sexta-feira (passada), e até agora nada.
Médica de Goiânia

Empresa contratada sem licitação

A empresa envolvida no caso foi contratada em março deste ano. O contrato assinado pela Secretaria de Saúde de Goiânia dispensou licitação.

A Sólida, com sede em São Paulo, recebeu R$ 20.871.948,00 para a gestão de saúde no município e contratação de pessoal. À época, a admissão da empresa foi uma alternativa à falta de efetivo de médicos em Goiânia.

A Secretaria argumentou que foram expedidos processos seletivos, mas sem o preenchimento das vagas oferecidas para médicos. Com isso, a Sólida e outras seis empresas foram contratadas para realizar a gestão da saúde no município. Todas estavam autorizadas a credenciar médicos e fornecer serviços em Goiânia.

A contratação da empresa foi assinada por Wilson Modesto Pollara, que chefia a pasta. Em julho deste ano, ele chegou a ser afastado por 45 dias, por suspeita de irregularidades em tentativas de contratações. À época, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás entendeu que o secretário agiu de "má-fé" em chamamentos emergenciais para a Saúde, segundo informou a colunista do UOL Raquel Landim.

Contudo, após decreto publicado pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), Pollara reassumiu o cargo em 15 de agosto. O UOL tenta contato com o chefe da pasta.

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