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Médicos faltam a plantões, viajam ao exterior e ganham R$ 3 milhões no AP

Caso aconteceu em um hospital público; cada médico recebia, em média, R$ 24 mil por mês pelos "plantões" - Divulgação/PF
Caso aconteceu em um hospital público; cada médico recebia, em média, R$ 24 mil por mês pelos 'plantões' Imagem: Divulgação/PF
do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/10/2024 09h54Atualizada em 03/10/2024 14h54

A Operação Jaleco Fantasma, deflagrada nesta quinta-feira (3) pela Polícia Federal, tem como alvo um possível esquema criminoso em que médicos de um hospital público em Macapá, no Amapá, estariam fraudando a escala de plantões e embolsando milhares de reais por mês desde abril de 2022.

O que aconteceu

Médicos recebiam R$ 24 mil por mês por plantões não feitos. A investigação identificou que havia duas escalas de plantão no HCAL (Hospital de Clínicas Doutor Alberto Lima), sendo uma oficial e outra "paralela". Somando ambas, cada profissional deveria cumprir mensalmente 24 plantões de 12 horas, cada um pagando cerca de R$ 1.000, totalizando R$ 24 mil, em média.

Servidores viajaram ao exterior quando deveriam estar de plantão. Os médicos investigados, embora estivessem escalados para trabalhar, realizavam atividades diversas, incluindo viagens ao exterior, não comparecendo aos plantões. Na prática, o esquema ainda prejudicava o atendimento ao público do hospital, de acordo com a PF.

Ao todo, R$ 3 milhões foram pagos indevidamente aos médicos. A Justiça bloqueou esse mesmo valor em bens dos investigados e ainda determinou o afastamento cautelar de dois servidores do cargo. As identidades dos suspeitos e as especialidades em que atuavam não foram divulgadas pela PF.

Treze mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Segundo a PF, "vários veículos" foram apreendidos. Também foram encontrados R$ 75 mil em dinheiro nas casas dos investigados, além de 4 mil euros (pouco mais de R$ 24 mil, pela cotação atual) "em outro local". A operação foi feita em parceria com o MP-AP (Ministério Público do Amapá).

Investigados podem responder por ao menos três crimes. A PF cita peculato (quando um servidor se apropria ou desvia bens, valores ou recursos públicos), falsificação ideológica de documento público e organização criminosa. Se condenados, podem pegar penas que chegam a 25 anos de prisão, mais pagamento de multa, além da perda do cargo público.

UOL procurou o MP e ainda aguarda retorno. Também entrou em contato com a Sesa (Secretaria da Saúde do Amapá), responsável pelo HCAL, para pedir um posicionamento sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestação.

Durante a investigação, observou-se que os servidores públicos, apesar de receberem os valores, ao invés de cumprirem o horário de serviço regular para o qual estavam escalados, realizavam atividades diversas, incluindo viagens ao exterior (...). Verificou-se que mais de R$ 3 milhões foram pagos indevidamente desde abril de 2022 por plantões não realizados.
Polícia Federal, sobre a Operação Jaleco Fantasma

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