China pode reduzir CO2 em um terço até 2035 com novas metas da ONU, diz think tank
Por David Stanway
CINGAPURA (Reuters) - As emissões de dióxido de carbono da China poderão cair em um terço até 2035 e se alinhar às metas do Acordo de Paris sobre o clima se o país apresentar promessas mais ambiciosas às Nações Unidas no início do próximo ano, afirmou uma organização ambiental nesta quinta-feira.
Como parte de suas obrigações sob o Acordo de Paris, as nações devem entregar novas e mais fortes "contribuições nacionalmente determinadas" (NDCs, na sigla em inglês) à ONU até fevereiro para estabelecer metas para 2035. As promessas da China, o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, serão examinadas de perto.
Com a China em vias de cumprir suas metas climáticas para 2030 com relativa facilidade, o país poderia agora capitalizar suas vantagens em termos de energia renovável e estabelecer políticas que reduzirão as emissões em pelo menos 30% até 2035, disse o Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo (CREA), com sede em Helsinque.
Os níveis totais de CO2 já podem estar em "declínio estrutural", depois de terem caído este ano, e há sinais positivos de que o clima está de volta à agenda política, disse Belinda Schape, analista de políticas da China do CREA.
No entanto, "apesar dessas tendências positivas, existe o risco de que os formuladores de políticas chineses possam estar reduzindo as metas climáticas da China para 2035 em meio à inércia política atual", disse ela.
A China não divulgou nenhum detalhe relacionado aos seus planos de NDC. Em agosto, Li Chuangjun, o principal funcionário do setor de energia renovável, disse aos repórteres que estava "trabalhando duro" para estabelecer as metas para 2035.
As metas climáticas de longo prazo da China são fixas e seu caminho para as emissões líquidas zero será decidido somente pela China e "nunca será influenciado por outros", disse Li.
O Climate Action Tracker, uma iniciativa independente que avalia como os países estão se adequando à meta de Paris de manter o aumento da temperatura dentro de 1,5 grau Celsius, descreveu a última apresentação do NDC da China em 2021 como "altamente insuficiente".
A China é classificada pela ONU como um país em desenvolvimento e, portanto, não é obrigada a fazer cortes absolutos nas emissões. Em sua última apresentação de NDC, em 2022, o país afirmou que havia "feito todos os esforços" para avançar nas ações climáticas.
A China pode já ter alcançado a meta de reduzir as emissões a um pico "antes de 2030" e a meta de aumentar a capacidade eólica e solar para 1.200 gigawatts até 2030 também foi atingida seis anos antes, após níveis recordes de novas instalações.
O CREA disse que a China é capaz de estabelecer uma meta eólica e solar de 4.500 GW para 2035 e reduzir as emissões totais do setor de energia em pelo menos 30%.
Também poderia reduzir as emissões de aço e cimento em 45% e 20%, respectivamente. Metas rigorosas de redução de outros gases de efeito estufa, como o metano, também podem ser alcançadas, disse o CREA.
A China já ordenou que suas usinas siderúrgicas passem por uma "renovação de baixo carbono" que reduzirá as emissões em cerca de 53 milhões de toneladas métricas até o próximo ano.