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Carro de candidato bolsonarista arrasta militante petista por 2 km em SE

do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/10/2024 17h35Atualizada em 03/10/2024 17h35

Um candidato a vereador do Partido Liberal (PL) é investigado pelo atropelamento de um militante do Partido dos Trabalhadores (PT) que aconteceu na noite da última terça-feira (2) em Aracaju (SE). O candidato bolsonarista afirma que agiu em legítima defesa, pois petistas iriam linchar sua equipe, e que o militante subiu no capô do carro.

O que aconteceu

Flavio da Direita Sergipana, candidato a vereador pelo PL, estava no carro que atropelou Charles Belchior, militante do PT. Os dois partidos estavam realizando eventos de campanha no bairro Augusto Franco quando o desentendimento começou. Os envolvidos afirmam que o petista foi arrastado por cerca de dois quilômetros.

Imagens mostram a interação dos bolsonaristas com o homem pendurado no capô. No vídeo, o militante pendurado grita pedindo "para, pelo amor de Deus" e geme de dor, dizendo que o motorista quebrou sua perna. Já na gravação feita dentro do veículo, o motorista repete duas vezes que não consegue enxergar a via, enquanto os colegas passa as direções do caminho. Após sair do capô, o petista cai no chão, e continua pedindo por ajuda enquanto pessoas ao redor gritam.

O caso é investigado como tentativa de homicídio. Informações preliminares do inquérito apontam que Flavio de Oliveira Rodrigues é o possível autor do atropelamento. O candidato nega dizendo que um amigo dirigia o veículo. A polícia informou que testemunhas serão convocadas para prestar depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que também coletará laudos médicos, perícias e imagens de câmeras de segurança para esclarecer o ocorrido. A corporação acrescentou que a tentativa de linchamento também foi registrada e será apurada.

Militante passou por cirurgia e não tem previsão de alta, segundo o PT de Aracaju. "Charles sofreu várias lesões, foi socorrido pelo Samu, levado para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), onde passou por procedimento cirúrgico por conta de fratura do platô tibial da perna esquerda", diz a nota.

Partido dos Trabalhadores exige justiça e ação imediata das autoridades. "Isso não é sobre política, é sobre humanidade. Não podemos aceitar que a violência seja a resposta às nossas diferenças e às nossas propostas de transformação social", disse em nota. A sigla acrescentou que seguirá firme na construção de uma sociedade "pacífica, baseada no respeito, na tolerância e na paz".

Partido Liberal de Sergipe diz que repudia atos de violência e pede que os culpados sejam penalizados. "Esse fato, que envolve um candidato do PL e partidários de outra coligação, foi um episódio isolado, que chegou ao conhecimento do partido das redes sociais, e que já está sendo apurado pelas autoridades competentes. Ao final, confiamos e defendemos que os responsáveis, se culpados, sejam penalizados de acordo com a lei", dizia a nota da sigla.

Outro lado

Candidato diz que agiu em legítima defesa, pois seria linchado, já o PT afirma que o carro invadiu o ato de campanha. Flavio relatou ao UOL que a confusão teria começado após ele mostrar uma carteira de trabalho em direção à passeata do PT. Enquanto voltava para o carro com a sua equipe, os petistas teriam vindo atrás para impedir que ele saísse da rua onde estava. Momentos depois, os militantes teriam começado a bater no vidro do veículo com os braços e barras de ferro, segundo Flavio.

Charles teria se "jogado no capô" para impedir a passagem, de acordo com Flavio da Direita; Partido dos Trabalhadores nega. Apesar da suposta resistência, o carro seguiu adiante, e começou a ser perseguido por motociclistas, que davam "pancadas" nos vidros, segundo Flavio. "O indivíduo que subiu no capô do carro e não quis descer tem culpa concorrente", acrescentou o bolsonarista. Nas imagens, é possível ver o militante na frente do veículo parado, que acelera e arrasta o petista.

Militante foi arrastado por dois quilômetros. Charles foi arrastado de Augusto Franco até o bairro vizinho, Orlando Dantas, onde havia uma delegacia. O candidato alegou que buscou um "lugar seguro" para estacionar o veículo, garantindo a "integridade física" dele e da equipe.

Grupo chegou à delegacia para registrar boletim de ocorrência. Flavio afirmou ao UOL que foi a uma delegacia plantonista, onde um advogado do PT teria o intimidado ameaçando dar voz de prisão. Segundo a Polícia Civil, o boletim de ocorrência foi registrado por um bombeiro militar, e não houve acionamento do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) no momento do ocorrido.

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